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Sorocaba

Prefeitura finaliza projeto para reembolsar prejuízo da chuva

13 de Março de 2023 às 23:01
Vanessa Ferranti [email protected]
Proposta prevê ressarcimento de até 10 salários mínimos para quem teve perdas por conta da chuva
Proposta prevê ressarcimento de até 10 salários mínimos para quem teve perdas por conta da chuva (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (13/3/2023))

A Prefeitura de Sorocaba está finalizando a minuta do projeto de lei que deverá reembolsar, em até dez salários mínimos, as famílias que tiveram prejuízos financeiros com danos causados pelas fortes chuvas dos últimos meses. De acordo com a administração municipal, a proposta será protocolada, o quanto antes, na Câmara Municipal, porém, a data não foi informada. O anúncio sobre a iniciativa foi feito no sábado (11), pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) nas redes sociais, após o temporal que atingiu a cidade no fim da tarde de sexta-feira (10).

O chefe do Executivo se diz confiante de que a Casa Legislativa aprovará a medida de forma rápida e sem intercorrências. “Nossos vereadores estão comprometidos em priorizar o bem-estar dos nossos munícipes. Não se trata somente de um gesto humanitário, mas, sim, de uma garantia cidadã de mitigar e resolver parte dos problemas causados por uma quantidade fora do comum de chuva, que há décadas não se via na cidade”, salientou o prefeito.

Já nesta segunda-feira (13), a Prefeitura informou que as equipes continuaram trabalhando na limpeza de vias e auxiliando os moradores, cujos imóveis foram atingidos pelas chuvas intensas. Entre os bairros mais prejudicados estão o Mineirão e o Jardim Maria do Carmo, na zona norte. Atualmente, cinco famílias dessas duas regiões estão desalojadas e encontram-se temporariamente em casas de parentes. Entre as pessoas que tiveram problemas com o temporal está Kelli Cristina Ferreira de Souza. A operadora de máquinas de corte mora na rua Maria do Carmo Mendes, no Jardim Maria do Carmo, ao lado do Parque das Águas. Ela contou que a água subiu rapidamente e atingiu cerca de dois metros de altura, deixando marcas na parede. Um grande prejuízo para a moradora que perdeu, praticamente, todos os móveis. “Meu irmão me ajudou a erguer, mas teve coisa que não deu para salvar. Perdi três guarda-roupas nas enchentes passadas, perdi três colchões, perdi a minha cama king, roupas, raque, sofá, bastante coisa”, relatou.

Ainda segundo a moradora, ela precisou se alojar na casa da mãe, na avenida Doutor Arthur Bernardes, pois a água começou a baixar somente no domingo (12). Outra preocupação é com o estado de saúde da filha. “Minha menina tem asma e o cheiro é muito forte. Eu trago ela para cá e ataca a asma”, contou.

Ao lado da residência da Kelli mora Cristiane Silva, de 54 anos. No local, a situação também é tensa. A professora tem uma irmã acamada, de 82 anos. Durante o temporal de sexta-feira, a água atingiu a residência e a família ficou ilhada. Para retirar a idosa da casa, foi necessário utilizar um bote emprestado por um vizinho. “Ele levou ela de barco até a ponta da rua. Ai chamaram o Corpo de Bombeiros e todos nós saímos. Precisamos esperar a água baixar no dia seguinte para limpar tudo e não saímos daqui porque a casa é financiada, precisamos aguentar esse prejuízo”. A irmã de Cristiane foi para a Casa André Luiz, porém, não passou bem e foi para o Pronto Atendimento realizar exames. Além disso, a família também perdeu os eletrodomésticos. A geladeira, por exemplo, já passou por manutenção quatro vezes. Em cada ocasião, Cristiane precisou pagar cerca de R$ 1.300,00.

As duas moradoras do Jardim Maria do Carmo já não sabem mais o que fazer e esperam que a situação seja resolvida o quanto antes. “Seria uma maravilha para cobrir o prejuízo que tivemos, vamos aguardar para ver o que vai acontecer nos próximos dias”, disse Kelli sobre o projeto de lei de reembolso da Prefeitura. “E quando vai ser esse projeto? Até quando vamos esperar? Estão fazendo o ‘piscinão’ também, mas eu acredito que não dê jeito. O certo seria desapropriar aqui, não tem o que fazer”, ressaltou Cristiane.

Detenção de Cheias

O “piscinão”, citado pela professora Cristiane Silva é o Reservatório de Detenção de Cheias (RDC) que está sendo construído no Jardim Maria do Carmo. Segundo a Prefeitura, o projeto inclui um sistema composto por dique de contenção e rede de bombeamento, a fim de proteger esse ponto contra alagamentos decorrentes do transbordamento da calha (nível) do rio Sorocaba.

O RDC é instalado em uma área pública de 12 mil metros quadrados, localizada junto às ruas João Gabriel Mendes e Ingracia Angrisani Gomes. O reservatório terá cerca de um metro e meio de profundidade e capacidade para armazenar 9,6 mil metros cúbicos. (Vanessa Ferranti)