Clientes denunciam aumento de preço
Reclamantes também dizem que a empresa não comunica as altas previamente
Consumidores afirmam que a Naturgy, distribuidora de gás natural canalizado, tem praticado reajustes abusivos nas tarifas. Em um caso, a alta no valor do metro cúbico ultrapassa 80%, segundo uma cliente. Reclamantes também dizem que a empresa não comunica os aumentos previamente, nem informa em quais índices econômicos se baseia para elevar os preços.
O aposentado Richileu Tarcísio Hingst Costa, de 66 anos, compra o serviço há 15 anos. De acordo com ele, a tendência de alta vem desde 2021, embora o seu consumo se mantenha na média de 30 metros cúbicos mensais. Em janeiro daquele ano, o metro cúbico custava R$ 3,33, sem impostos. No mesmo mês de 2022, estava em R$ 5,43 -- elevação de 63,06%. Depois, em janeiro deste ano, foi a R$ 7,63 -- acréscimo de 40,51% em relação ao ano passado.
Em números absolutos, Costa pagou em torno de R$ 100 em janeiro de 2021, cerca de R$ 109 em 2022 e quase R$ 164 em 2023. Em fevereiro, a conta já subiu novamente, para aproximadamente R$ 197 -- elevação de mais 20%. “Eu acho esses índices abusivos e fora de mercado”, opinou. Inclusive, conforme ele, o valor do metro cúbico varia mensalmente, sem motivo aparente.
Costa ainda reclama que a Naturgy não avisa aos consumidores sobre os reajustes, nem detalha quais indicadores econômicos utiliza para adotá-los. “Tem que deixar claro para os consumidores que é em função de algum índice, e não está claro na conta”, disse.
Na casa da assistente administrativa Gabriela Luiz de Camargo, de 27 anos, o gás natural canalizado é usado há 16 anos. Ela também notou aumentos acima do normal a partir de 2021. Atualmente, o valor médio do metro cúbico é de pouco mais de R$ 7. De acordo com a consumidora, sua família decidiu instalar o sistema por ser econômico. Porém, agora, como perdeu essa vantagem, já considera retirá-lo.
Conforme Gabriela, entre janeiro de 2021 e 2022, a conta subiu 81%, de R$ 132 para R$ 239. Da mesma forma, aumentou 36%, do ano passado para este, chegando a mais de R$ 326. Ela informa sempre haver estabilidade no consumo de 38 metros cúbicos mensais em sua residência. Por isso, não compreende a causa das elevações expressivas. "É preciso baixar o valor do metro, pois o consumo permanece o mesmo”, pontuou. Além disso, Gabriela confirma o problema da falta de divulgação quanto às mudanças. “Simplesmente vem na costa”, comentou.
Em resposta aos questionamentos do Cruzeiro do Sul, a empresa concessionária de distribuição de gás canalizado Naturgy informou que “quaisquer alterações -- aumento ou redução -- de preço do produto ao consumidor são determinadas pelo órgão que regulamenta o setor em todo o Estado de São Paulo, a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo)”.
Em nota enviada ao jornal, a Naturgy assegurou que “essas alterações, quando ocorrem, são publicadas na conta de gás e nos canais de comunicação da empresa e do órgão regulador, assim como noticiado pela imprensa, conforme estabelecido pela legislação”.
A empresa destacou que dúvidas sobre o consumo e o respectivo cálculo da conta de gás podem sanados pelo telefone gratuito 0800 772 2348. (Vinicius Camargo)