Sorocaba
Elevação da Dom Aguirre reduz cheias, mas não soluciona todos os problemas
Chuvas cada vez mais volumosas exigem novas intervenções na ligação expressa entre as regiões norte e sul
Com as mudanças climáticas cada vez mais evidentes, a necessidade de um novo planejamento urbano torna-se premente. Especialistas afirmam que Sorocaba precisa de um planejamento ambiental para que a cidade se adapte a essas transformações e mitigue seus impactos, criando um ambiente mais seguro para a população.
Em 2010, o governo do prefeito Vitor Lippi (PSDB) elevou trechos das pistas da avenida Dom Aguirre, a marginal esquerda do rio Sorocaba, em mais de 1 metro. As obras, com investimento de aproximadamente R$ 5 milhões, duraram 28 dias. A adequação foi executada com o objetivo de minimizar os transtornos causados pelas enchentes, mas, hoje em dia, as cenas na avenida voltaram a se repetir quando ocorrem fortes chuvas. Também retornaram os transtornos ao trânsito e também aos moradores que têm suas casas invadidas pela água.
Lippi -- agora deputado federal (PSDB) -- defende a elevação das pistas como uma solução inteligente para minimizar os impactos das cheias do rio Sorocaba, que, na época das chuvas, ocupa seu espaço natural. Segundo ele, a medida foi uma boa solução em termos de custo, tempo de execução e manutenção da paisagem local. Além disso, o ex-prefeito ressalta que a intervenção não interferiu no meio ambiente, porque as árvores foram retiradas com a raiz e posteriormente replantadas.
“Há 11 anos iniciamos estudos para ver o que poderia ser feito para reduzir as enchentes na praça Lions, que é o maior corredor de trânsito da cidade. Uma intervenção inteligente foi a construção do Parque das Águas, demos uma função social para o parque, que embelezou e melhorou a região. Mantivermos o local com a mesma característica para que recebesse as águas do rio e funcionasse como uma várzea, que era sua característica original, o que minimiza as enchentes nas ruas e bairros da zona norte”, disse o ex-prefeito.
Cumpriu seu papel
A arquiteta e urbanista Sandra Lanças, diretora da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), também defende a elevação das pistas, tendo em vista outras alternativas oferecidas na época. Para ela, a medida preservou a paisagem do rio Sorocaba e teve aspectos ecológicos positivos, favorecendo a flora e fauna local, além de proporcionar benefícios para a saúde mental, como a possibilidade de utilizar a ciclovia para caminhadas e passeios de bicicleta.
“Uma característica importante a ser lembrada da função da avenida é dar velocidade ao cruzar a cidade de norte a sul, sem passar pelos bairros e área central da cidade. Ela é uma importante via do nosso sistema viário e a elevação da pista no trecho central foi fundamental para não terem ocorridos mais alagamentos que prejudicassem o trânsito de veículos ao longo da maioria dos meses de chuva. Se não tivesse sido feita, teríamos tido muito mais episódios de alagamentos, talvez acidentes e problemas com carros”, explicou a arquiteta.
Novas providências
No entanto, para prevenir problemas futuros em projetos semelhantes, a arquiteta destaca a importância de fazer um estudo de cheias de 20, 30, 50 e 100 anos para identificar chuvas mais concentradas em menores intervalos de tempo. O ideal, conforme Sandra, seria mapear as áreas de possíveis alagamentos e ter um sistema de avisos antecipados e em tempo real para se evitar estas áreas alagadas.
Ela também destaca a importância de aumentar a utilização dos equipamentos públicos, projetados para serem elevados, e não sofrerem com estes alagamentos súbitos. “Temos várias tecnologias para aumentar a percolação das águas de chuvas em áreas urbanas, como a Infra-Estrutura Verde, que São Paulo (capital) já adotou e tem dado muito resultado na diminuição de cheias, planejamento ambiental e piscinões”, conclui. (Wilma Antunes)
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