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Temporal

‘Chovia sem parar, sem dar uma trégua’

Moradora de Bertioga, natural de Itu, e turistas sorocabanos relatam dificuldades durante temporal

20 de Fevereiro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Municípios mais prejudicados pelo temporal foram Bertioga e São Sebastião
Municípios mais prejudicados pelo temporal foram Bertioga e São Sebastião (Crédito: ROVENA ROSA / AGÊNCIA BRASIL (20/2/2023))

O temor de mais chuvas permanece nas cidades do litoral norte de São Paulo, após os estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram a região no último sábado (18). É o que relatam uma moradora de Bertioga e turistas sorocabanos que estão no Guarujá e Ubatuba. Durante o temporal, eles viveram momentos de tensão, como alagamentos, pessoas desabrigadas e veículos sendo arrastados pela enxurrada. Ontem (20), as consequências dos danos ainda eram visíveis nas ruas. Alguns bairros continuavam cheios de lama e muitas famílias se abrigaram em escolas.

Jaíne Aparecida Leite Dias, de 30 anos, é natural de Itu e se mudou para Bertioga há um mês e meio, depois de passar em um concurso público na prefeitura da cidade. De acordo com a professora, nesse período, ela já presenciou muita chuva e pontos de alagamentos, mas dessa vez foi bem pior. Segundo Jaíne, o temporal chegou com muita força e demorou horas para passar. “Chovia sem parar, sem dar uma trégua. Foi muito mais forte do que eu já tinha visto”, conta. O bairro Maitinga, onde ela mora, é um dos locais atingidos.

Rua em que Jaíne mora, em Bertioga, ficou debaixo da água - CORTESIA / JAÍNE APARECIDA LEITE DIAS
Rua em que Jaíne mora, em Bertioga, ficou debaixo da água (crédito: CORTESIA / JAÍNE APARECIDA LEITE DIAS)

A funcionária pública conta que a rua de sua casa ficou alagada e a água chegou na altura do joelho. Na segunda-feira (20), a inundação havia baixado, porém os moradores ainda estavam com dificuldades para deixar suas casas. “Aqui na minha rua, estamos conseguindo sair, só que a rua está bem ruim. Dá para caminhar, mas ainda têm muitas poças. Está bem complicado de se locomover na cidade, eu não tenho carro, ando bastante com carro de aplicativo e está difícil para pedir, porque, em muitos bairros, eles não querem entrar”, relata.

Jaíne mencionou, que até ontem, havia ruas interditadas, bairros cheios de água e pessoas ilhadas nas casas em Bertioga. Além disso, pelo menos 17 famílias continuavam desalojadas, a maioria de Boraceia, bairro na divisa com São Sebastião. Atualmente, os moradores desalojados estão abrigados em uma escola, recebendo alimentos, roupas e outras doações. “Tenho conhecimento de vários bairros com alagamento, na Riviera de São Lourenço (bairro de Bertioga) teve prédio com estacionamento subterrâneo em que a água chegou a dois metros de altura. Tenho colegas que não estão conseguindo sair de casa. A cidade está em estado de calamidade pública, decretado pelo Governo do Estado. O município já está arrecadando cestas, mantimentos e colchões para essas famílias”.

O empresário João Vitor Braguin Alves, de 23 anos, está na praia da Enseada, em Guarujá, há quatro dias. Segundo ele, o temporal alagou vários pontos e estabelecimentos comerciais. Por causa disso, na noite de sábado (18) ele ficou ilhado no apartamento onde está hospedado. “Ia pedir comida, mas todos os restaurantes estavam fechados.

Vias do Guarujá foram interditadas e tiveram que ser liberadas por tratores - DIVULGAÇÃO / PREF. DO GUARUJÁ (20/2/2023)
Vias do Guarujá foram interditadas e tiveram que ser liberadas por tratores (crédito: DIVULGAÇÃO / PREF. DO GUARUJÁ (20/2/2023))

De acordo com o turista, a enxurrada também arrastou veículos para córregos. Ele disse que, quando as enchentes começaram, motoristas se desesperaram. “Pessoas estavam voltando na contramão, para não passar em lugares alagados”. Conforme o empresário, ainda por conta da tempestade, a maré subiu, levando lixo e sujeira para a praia.

Segundo o sorocabano, no domingo (19) a água já havia baixado, mas alguns locais continuavam inundados. Por isso, quiosques e restaurantes permaneceram fechados. Já ontem (20), informou que a situação havia melhorado e era possível até circular de carro. Mesmo assim, de acordo com ele, ao contrário do habitual para a época, a cidade estava mais vazia. “Não está com clima de Carnaval, nem um pouco”. Alves pretende retornar para Sorocaba hoje (21), mas está receoso por causa da condição das rodovias.

Ubatuba

A preocupação é compartilhada pelo estudante de medicina veterinária João Paulo Bassichetti Ribeiro, de 22 anos. Com um grupo de amigos, ele foi de ônibus à praia Grande, em Ubatuba, no sábado (18) e planeja voltar da mesma maneira hoje (21). Porém, a depender do estado das vias, a linha de transporte pode estar indisponível. Com isso, o regresso é incerto, e Ribeiro busca outra alternativa. “Estamos analisando aplicativos para voltarmos embora, talvez, de carro. Também estamos pensando em questões de segurança. Estamos cercados por serras e se houver mais deslizamentos talvez não tenhamos como voltar de ônibus. Estamos um pouco aflitos com isso.”

A hospedagem do universitário fica na região central do município. Conforme ele, a área não sofreu danos, mas houve alagamentos em várias outras. O sorocabano comentou que há temor de novos temporais e estragos tanto entre moradores quanto visitantes. (Vanessa Ferranti e Vinicius Camargo)

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