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Educação

Escolas cívico-militares estaduais não serão implementadas em SP, diz secretário

O titular da pasta da Educação do Estado, Renato Feder, fez a afirmação durante visita a duas instituições de Sorocaba, nesta terça-feira (14)

14 de Fevereiro de 2023 às 17:43
Secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda
Secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda (Crédito: Cezar Ribeiro/Arquivo JCS)

O modelo de escola cívico-militar não será implementado no Estado de São Paulo, ao menos na rede estadual de ensino. A afirmação foi feita pelo secretário da Educação do Estado, Renato Feder, durante visita a duas unidades de ensino de Sorocaba, nesta terça-feira (14). O titular da pasta ainda descartou a hipótese de “privatização das instituições".Também disse que, por enquanto, não haverá ampliação das escolas de tempo integral. Além disso, apontou como os dois principais foco da sua sugestão a valorização dos professores e o combate à evasão escolar. Ele continuará na cidade até quinta-feira (16), para conhecer mais instituições.

Feder visitou as Escolas Estaduais Professor Aggeo Pereira do Amaral, no Jardim Cruzeiro do Sul, e Antônia Lucchesi, no Jardim Leocadia. Em ambas, conversou com professores e alunos sobre as demandas do ensino integral, bem como conheceu as estruturas. Ele informou ter identificado, sobretudo, dúvidas sobre o funcionamento desse modelo, por ele ser novo. “A maioria das escolas virou integral há somente um ou dois anos. Então, elas precisam de alguns ajustes”, disse.“Por exemplo, temos Projeto de Vida, Protagonismo, Estudos Orientados, disciplinas novas, com as quais as escolas ainda estão se acostumando”.

Ainda sobre esse tema, Feder destacou não haver, neste ano, planos de aumentar o número de unidades de tempo integral. Segundo ele, isso já foi feito em gestões anteriores e, agora, a intenção é aprimorar o formato nas atuais.“Foram de 400 escolas para 2.311. É um aumento muito grande”, comentou. “Queremos focar em deixá-las com excelência, para, depois, voltarmos a aumentar. Essa é a prioridade”.


Escolas cívico-militares e privatização

Antes de assumir o posto vigente, Feder foi secretário da Educação do Paraná de 2019 a 2022. Nesse período, implementou 207 escolas cívico-militares no Estado, o que lhe rendeu críticas e protestos. Já em São Paulo, a adoção do modelo sequer é uma hipótese.“Não está no plano. Devemos seguir com as escolas integrais e regulares”, pontuou.

Outro programa instaurado por ele no mesmo Estado, a “privatização” das unidades estaduais também não ocorrerá no território paulista. No projeto, o governo concede a administração das instituições à iniciativa privada. “Não está em nenhum plano, de maneira alguma. Foi algo muito experimental no Paraná”, assinalou.

Valorização dos professores

De acordo com Feder, um dos seus focos será a valorização dos professores. Nesse sentido, o governo anunciou reajuste salarial de quase 15% para os educadores, em consonância com o novo piso nacional. O valor passou de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55, alta de aproximadamente R$ 575. Ele começa a ser pago a partir de março.

Primeiramente, o aumento contempla 109,5 mil profissionais que recebem abaixo do piso pela jornada de 40 horas semanais. Depois, deve chegar aos demais. “A ideia é, principalmente, no segundo semestre, prever esses aumentos para toda a categoria”, comentou o secretário.

Além da parte financeira, elencou ele, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) viabilizará outras frentes de apoio aos docentes. Uma delas é o investimento na capacitação. “A formação dos professores precisa ser muito assertiva na sala de aula, não pode ser teórica. Então, vamos trabalhar nisso”, garantiu. Já a outra ação prevê o fornecimento de materiais diferenciados, para o desenvolvimento de um trabalho mais adequado. “O material que a secretaria disponibiliza precisa ser mais prático e que ajude o professor a dar uma aula melhor”, falou.

Evasão escolar

Ainda conforme o titular da Seduc, a redução da evasão escolar é mais uma meta central. Feder informa que, atualmente, a escola demora para perceber os altos índices de ausência dos alunos. Consequentemente, a evasão cresce. Por isso, adiantou ele, a pasta já desenvolveu uma estratégia para mitigar esse problema. “Vamos tentar, ainda em fevereiro, entregar (esses dados) para a escola facilmente, para a unidade ver se os alunos estão faltando ou não, porque, quando verifica isso, ela pode atuar”.

De acordo com o integrante do governo, assim como o panorama geral, essas informações permitirão o acompanhamento da situação de cada classe. Dessa forma, explicou, os gestores escolares poderão averiguar a causa das faltas em turmas com muitas, como a possível incidência de bullying.

Digitalização e novas disciplinas

Além disso, Feder citou que a digitalização da educação será outra prioridade. Conforme ele, hoje, as escolas possuem os equipamentos necessários para esse processo, a exemplo de computadores. Porém, precisam de auxílio para aplicá-los cada vez mais em atividades de aprendizagem diversas e interessantes.

Nesse aspecto de melhorar o repertório oferecido pelas instituições, o governo promete, igualmente, inserir novas disciplinas na matriz curricular estadual. Feder antecipa que, a partir deste ano, todas elas passarão a contar com Educação Financeira, Programação de Computador, assim como Liderança e Oratória. Nesse sentido, a matéria de Educação Profissional deve ser ampliada, pois é uma das mais importantes para os estudantes, conforme ele. “O aluno do ensino médio quer estudar Educação Profissional para melhorar a sua empregabilidade”, finalizou. (Vinicius Camargo)