Estragos
Moradores da região da Vila Rica ainda vivem consequências da chuva
Casas foram atingidas pela enxurrada nesta segunda-feira (6); população pede solução do problema para a Prefeitura
Pessoas carregando colchões, materiais de limpeza e lavando a calçada. Essa foi a cena vista pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul na manhã desta terça-feira (7), no jardim Mathilde, região da Vila Rica, um dos bairros prejudicados pelo temporal que atingiu Sorocaba nesta segunda-feira (6). Hoje, os moradores do local ainda sofriam com as consequências da chuva. A avenida Carlos Spanghero, localizada ao lado de um córrego, por exemplo, continua coberta de lama e com poças d'água, dificultando a passagem e saída da população das residências. Há, também, pessoas que perderam tudo. Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que o nível da água subiu rapidamente. Assim, não houve tempo de erguer os móveis, que foram danificados.
Márcio Alexandre Berto é morador do bairro há mais de 40 anos e conta que há muito tempo não via um estrago tão grande. Ele ressalta que na segunda (6), durante a chuva, muita sujeira foi levada para as casas pela enxurrada, inclusive, animais peçonhentos, como escorpiões e cobras, e até um portão de um terreno foi arrastado. O cheiro forte também incomodou os moradores, que ficaram assustados com o risco de contaminação. “A água subiu em cerca de um minuto. Na hora, eu tinha ido buscar minha filha na escola e parei o carro no posto de gasolina para esperar baixar. Minha mulher chorou, eu fiquei muito nervoso, foi horrível”, ressaltou.
O soldador disse, ainda, que a água com lama entrou até os fundos do quintal, porém, não invadiu o interior da residência, graças a uma escada. “Faltou uns três dedos para invadir a casa”, relatou. Já a família de Carlos Lourenço mora na rua Professora Elza S. Bonilha e também teve a água invadida pela sujeira. Para limpar o quintal, foram necessárias mais de quatro horas e o serviço só foi finalizado à noite. No caso de Lourenço, uma pequena quantidade de água entrou nos cômodos do imóvel e ele perdeu um colchão. O problema só não foi maior porque, há cerca de dois anos, após a casa ser atingida por uma enchente, o aposentado criou uma barreira nas portas da sala e da cozinha do local. “Nessa época, perdemos tudo, fogão, geladeira etc. Agora, eu já estava preparado. Usei chapa de aço, fechadura, gonzo e emborrachamento. Foi uma sugestão minha e, no final, deu certo”, contou.
Para os moradores, o problema se agravou com o fechamento da fábrica Campari, na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, desativada em 2018. Segundo eles, a força da água empurra a vegetação morta e não há escoamento que dê conta. No fim da tarde de segunda (6), o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) esteve no local atingido pela chuva, para conversar com a população do bairro. Ele disse à imprensa que o Executivo multará novamente a Campari pela situação e, se isso não resolver, entrará com medidas mais rígidas por meio da Secretaria Jurídica. “Esse estrago é maior por causa dessa vegetação. E não é só isso, a fábrica abandonada acaba servindo de abrigo para usuários de drogas, oferecendo risco para as pessoas”, afirmou.
Já a empresa Campari Brazil, por meio de nota enviada na tarde de hoje (7) informou que "desde a desativação da fábrica, em 2018, adota todas as medidas necessárias para a boa manutenção de sua propriedade. Apesar de todos os esforços neste sentido, é importante destacar que há uma Ação Civil Pública em andamento, movida pelo Ministério Público contra a Construtura FOC, em razão dos danos ocasionados no lago existente dentro da propriedade da Campari, durante a construção de seu empreendimento. Sobre a ACP, neste momento há uma determinação, para que a Construtora apresente um Plano de Recuperação na área, que uma vez apresentado, aprovado e implementado certamente trará impactos positivos para o local. No mais, o Grupo Campari informa que mesmo antes da referida Medida Judicial sempre manteve um diálogo aberto com a Municipalidade sobre o tema em questão".
Para que essa situação não se repita no bairro, os moradores pedem providências da Prefeitura. Na segunda-feira (6), equipes da Defesa Civil e de secretarias municipais, como a de Obras, estiveram presentes para auxiliar as famílias e trabalhar na limpeza das ruas e casas. Um caminhão e uma retroescavadeira foram usadas para a retirada da vegetação do caminho. Márcio Alexandre Berto, residente da avenida Carlos Spanghero, informou que uma máquina foi passada na via, porém, seria necessário ainda jogar pedra e nivelar a rua.
O jornal Cruzeiro do Sul entrou em contato com a Prefeitura. Por meio de nota, a administração pública informou que equipes do Saae e da Secretaria de Serviços Públicos e obras (Serpo) dão continuidade aos serviços de limpeza de vias, áreas, galerias de esgoto e córregos, além da manutenção de estradas rurais. Pela manhã, os trabalhos estiveram concentrados, sobretudo, na limpeza das imediações da Avenida 15 de Agosto, inclusive das ciclovias. Ações semelhantes, nas ruas da Vila Rica, foram concluídas durante a madrugada de hoje (7), utilizando caminhão-pipa.
Quanto à Avenida Carlos Spanghero mencionada, a Secretaria de Serviços Públicos e Obras informa que o serviço de patrolamento será devidamente realizado no local, tão logo a via esteja mais seca, em razão das condições necessárias para tanto e sua durabilidade.
Fundo Social de Solidariedade arrecada alimentos para ajudar famílias
As famílias que tiveram as casas afetadas pela chuva, nos bairros Jardim Piratininga, Santa Rosália e Jardim Mathilde estão sendo atendidas e amparadas pelo Município, por meio da Secretaria da Cidadania (Secid), junto à Assistência Social e ao Fundo Social de Solidariedade (FSS), informa a Prefeitura.
Desde segunda-feira (7), o FSS arrecadou, principalmente, materiais de limpeza e móveis, tais como: cama, geladeira e armários. Também foram doadas 40 caixas de água sanitária e desinfetante. Porém, ainda há necessidade de arrecadar mais alimentos, especialmente arroz e leite, além de cestas básicas. A população pode colaborar com essas doações, pelo telefone (15) 3238-2503 ou pelo WhatsApp (15) 99108-4462 ou, ainda, presencialmente no Espaço Solidário, localizado na Avenida Rudolf Dafferner, 65, no Alto da Boa Vista, das 8h30 às 16h30.
Urbes
Devido às chuvas, a Urbes - Trânsito e Transportes, opera temporariamente com rotas alternativas de ônibus em sete linhas que circulam em estradas de terras, cujas vias tiveram trechos afetados. Equipes de fiscalização monitoram os itinerários com desvio, os quais podem ter novas alterações.
São eles: A30/1 – Genebra/Inhaíba (desvio pela Estrada São Roquinho e com atendimento na Escola do Genebra), 33 – Mato Dentro (desvio parcial pela Estrada da Rancharia, Estrada do Mato Dentro, Estrada Santa Rita e Estrada do Cristal, com ponto final provisório no campo do bairro), 304 – Interbairros IV/Éden/Brigadeiro (desvio da Estrada Leônidas do Amaral, seguindo pela Rua Francisco Roldão Sanches, Estrada Dom José Melhado Campos e ruas do Cemitério e Quinzinho de Moraes) e L 30/2 – Tupã/Caputera (desvio da Estrada Maria Dolores Piaia Lorato, segue pela Av. Bandeirantes, Rodovia Raposo Tavares, Av. Nogueira Padilha, Rodovia Raposo Tavares - sentido Capital e Estrada Maria Dolores Piaia Lorato, realizando ponto final provisório no Condomínio Bela Vista). Já, as linhas 51, 80 e 82, que atendem ao Condomínio Ana Maria, desviam pela Rua Pássaro Preto e seguem pelas ruas Cardeal e Curió, retornando pela Rua Quero-Quero.