Chuvas e o meio ambiente
Árvores são uma preocupação a mais na chuva
Moradores temem quem elas caiam e provoquem acidentes, mas Prefeitura demora para tomar providências
O maior volume de chuvas e os ventos fortes que vêm atingindo Sorocaba nos últimos dias têm deixado a população preocupada com as árvores de grande porte e raízes expostas. O medo das pessoas é que elas caiam, causando, além de transtornos, vítimas no município. Uma delas está em frente ao edifício Sinhá Moça, condomínio localizado na esquina da rua Aclimação com a avenida Presidente Kennedy, no Jardim Paulistano. A árvore alcança o 4º andar do prédio e, segundo relatos, já atingiu a fiação da via. Além disso, as suas raízes quebraram a calçada e um cano de água.
Luis Felipe Fogaça Vieira é morador e síndico do prédio que atualmente abriga 21 famílias. Ele se diz aflito com a situação, principalmente porque, se a árvore cair, poderá atingir o interior do condomínio, onde fica um depósito de gás encanado. O tronco também está inclinado na direção da garagem, horta e playground do edifício -- locais com grande fluxo de pessoas. “Sempre que tem chuva forte e vento eu peço para o porteiro ficar de olho na câmera que mostra a garagem e a árvore. Assim, ele fica em alerta. Rezamos para que a árvore não caia, pois se cair, vai ser em cima dos carros. Então, existem diversos fatores. Vai me dar muito prejuízo e o risco de machucar alguém é muito alto”, declarou.
Vieira contou ainda que já entrou em contato com a Prefeitura mas nada foi resolvido. Na primeira vez foi orientado a procurar a Secretaria do Meio Ambiente. Após mostrar a situação da árvore, o corte teria sido autorizado pela pasta, porém, foi informado que não haveria um prazo para o serviço ser realizado. Como a árvore estava atingindo os fios, o morador entrou em contato com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Piratininga), tendo sido feito o corte de alguns galhos apenas do lado de fora do prédio. Em dezembro, a Prefeitura foi até o local para fazer o corte, porém, não deu andamento, devido ao tamanho da árvore. Dessa vez, o síndico foi orientado a procurar novamente a CPFL para a empresa podar ainda mais os galhos. A Defesa Civil também chegou a ser acionada, assim como o Corpo de Bombeiros. Porém, a corporação informou ao síndico que só pode fazer a retirada de árvores após a queda.
Vieira ressaltou ainda que a sua preocupação não é exagero, já que em 2019, uma árvore próxima a essa caiu e atingiu o condomínio. “Quebrou um muro grade, foi um caos. Tivemos que ir atrás de mais segurança, pagar pela grade, pela mureta. Passaram-se alguns anos e agora temos uma árvore que é ainda maior”. A última comunicação à Prefeitura sobre o caso foi realizada em janeiro através de um ofício feito por um advogado contratado pelo síndico.
Leitores relatam também preocupação com outros pontos da cidade, como a avenida São Paulo, onde há diversas árvores de grande porte com raízes expostas. Elas assustam quem passa pelo local em momentos de forte chuva e ventania. (Vanessa Ferranti)
Poda depende de ajustes entre Prefeitura e CPFL
Sobre o caso da árvore em frente ao edifício Sinhá Moça, em nota, a Prefeitura de Sorocaba informou que o problema é o contato da copa da árvore com a fiação elétrica. Sendo assim, é necessário que a CPFL Piratininga realize, primeiramente, a poda para que, no momento da supressão da árvore, o exemplar não atinja a fiação e possa causar danos aos trabalhadores e também à própria rede elétrica. A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) escreveu ainda que já notificou a CPFL Piratininga e reforçou, mais uma vez, na quinta-feira (2), para que a empresa, o mais rapidamente possível, realize o procedimento necessário para a supressão da árvore, em conjunto com a Serpo.
Já a CPFL declarou que a retirada da árvore compete à Prefeitura e que a companhia apenas realiza podas de livramento da rede elétrica, nas situações em que os galhos estão em contato com os cabos. A empresa disse que os profissionais já realizaram esse trabalho na árvore em questão e que a equipe esteve no local e reforçou a poda de galhos que estavam próximos à rede elétrica. A CPFL também declarou que os galhos não estavam em contato direto com os cabos.
“A empresa está à disposição da Prefeitura para enviar técnicos ao local a fim de acompanhar eventual ação de supressão. A CPFL Piratininga também salienta que, em caso de remoção/supressão da árvore, em função do seu porte e das características do local, a Prefeitura deve, previamente, combinar com a distribuidora de energia para que técnicos da empresa acompanhem a ação”.
Por conta das declarações da concessionária de energia, a Prefeitura foi questionada novamente pelo Cruzeiro do Sul e relatou que a CPFL Piratininga atendeu à notificação e aos pedidos da Prefeitura de Sorocaba, mais o reforço da equipe de reportagem, e a supressão da referida árvore pode ser realizada. A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informou ainda que já providenciou a finalização da recolha, na manhã de sexta-feira (3).
Sobre outros pontos da cidade, a Prefeitura disse que a saúde das árvores é acompanhada pela Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema). Durante as vistorias realizadas pelos técnicos, quando observado algum dano à árvore ou ao entorno, ela permanece em monitoramento, para que todas as devidas providências sejam tomadas, se preciso. Já as árvores mencionadas pela reportagem, localizadas no final da avenida São Paulo, tratam-se de figueiras, espécies que possuem naturalmente raízes visíveis e fortes. A Sema irá, mais uma vez, vistoriá-las, a partir da solicitação dos moradores locais.
Para solicitar uma avaliação da Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal quanto às árvores ou, quando notarem risco iminente de queda de algum exemplar, o contato pode ser realizado diretamente à Defesa Civil pelo telefone 199. (Vanessa Ferranti)
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