Clima
Cresce incidência de raios em Sorocaba
No ano passado, caíram 4.359 sobre a cidade; maioria acontece no verão e na primavera

A incidência de raios em Sorocaba cresceu 17% em 2022, no comparativo com 2021. No ano passado, caíram 4.359 na cidade, ante 3.718, em 2021. Os dados são do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o órgão, ainda não há informações referentes a este ano.
Um estudo desenvolvido pelo Elat, com base em registros dos anos de 2000 a 2019, aponta o Brasil como líder em incidência de raios no mundo, com cerca de 77,8 milhões por ano. Além disso, o País ocupa a sétima posição mundial em número de mortes. De cada 50 óbitos por raios no mundo, um ocorre no Brasil. Neste século, houve 2.194, média de 110 por ano no período. Em 2022, 44 brasileiros perderam a vida por raios, três a mais do que em 2021 (41), conforme informações preliminares do órgão. Neste ano, até o momento, houve apenas uma morte. A vítima é um homem, atingido por um raio em uma praça de Indaiatuba, no dia 19 de janeiro.
Conforme a pesquisa, a região Sudeste concentra a maior parte das fatalidades (26%). São Paulo é o estado com mais casos, com 327 no período. A maioria acontece no verão e na primavera (67%). Tratam-se das “estações mais quentes do ano e, por isso, com maior número de tempestades e raios”, informa o Elat. Os homens são as principais vítimas (82%). Mulheres respondem por 18% dos óbitos. Por faixa etária, a mais afetada é a de 20 a 29 anos (24%).
Quanto às circunstâncias das fatalidades, a maior parte está associada ao agronegócio (26%). Em segundo lugar, vem estar dentro de casa próximo à rede elétrica ou hidráulica (21%). Depois, aparecem atividades na água ou próximo de praias, rios ou piscinas (9%) e estar embaixo de árvores (9%).
A lista continua com estar em áreas cobertas que protegem da chuva mas não dos raios (8%); e áreas descampadas (7%). Na sequência, estar próximo a veículos (6%); estar em rodovias ou ruas, sem estar dentro veículos (4%); e próximo a cercas, varal ou similares (4%). Outros casos totalizam 6%. “Não há nenhum registro de fatalidade dentro de veículos fechados; esta é a circunstância mais segura para se abrigar durante uma tempestade”, afirma o Elat.
Risco
A probabilidade de um brasileiro morrer atingido por raio durante a vida é de uma em 25 mil, de acordo com o órgão. O risco aumenta em até 2,5 vezes se a pessoa estiver desprotegida em área descampada durante uma tempestade típica. O Elat informa que esse fenômeno produz cerca de três raios por minuto. “Nesse caso, em apenas 30 minutos, a probabilidade de morrer atingido por um raio é em torno de uma em 10 mil, similar a de sofrer um acidente aéreo”, alertou. Quanto mais forte a tempestade, mais raios e maior a chance de vir a óbito atingido por uma descarga elétrica.
Cuidados
Devido ao perigo, uma série de cuidados devem ser tomados segundo o comandante da Defesa Civil de Sorocaba, Rodrigo Balbinot. Ao aviso de tempestade ou barulho de trovões, é primordial abrigar-se em local coberto ou dentro de um veículo imediatamente. “Os riscos dos raios são maiores e diretos para a população que não está sob abrigo e em local descampado”, reforça.
Com isso, se estiver em área aberta, como praia, piscina, estacionamento e campo de futebol, a pessoa tem de sair prontamente. Outras recomendações são afastar-se de janelas, tomadas, materiais metálicos, árvores, postes, antenas e caixas ’d’água. O mesmo vale para tratores, escadas, cercas de arames, dentre outros. “Eles são condutores de descarga elétrica”, explicou Balbinot. Também é importante ficar longe de coberturas metálicas frágeis.
Mais uma orientação é desconcertar aparelhos eletrônicos das tomadas. Além disso, não se deve usar aparelhos conectados às fiações telefônica e elétrica. Soltar pipa, carregar objetos como canos e vagas, dirigir, andar de bicicleta, motocicleta ou a cavalo, é, igualmente, contraindicado. Se precisar dirigir sob chuva, o motorista deve evitar passar e estacionar perto de cabos elétricos, torres de transmissão, outdoors, andaimes, escadas e outras estruturas aparentemente inseguras. (Vinicius Carmargo)