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Mobilidade

Faixa viva junto a semáforo gera confusão entre pedestres e motoristas

Pedestres atravessam mesmo com sinal verde para os carros e motoristas não sabem se devem parar sempre

14 de Janeiro de 2023 às 00:31
Vinicius Camargo [email protected]
Problemas acontecem, principalmente, no início da rua Sete de Setembro, no Centro
Problemas acontecem, principalmente, no início da rua Sete de Setembro, no Centro (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (13/1/2023))

A existência de faixas vivas e semáforos nos mesmos pontos em duas vias de Sorocaba tem gerado confusão entre pedestres e motoristas. Os locais alvos de reclamação são a avenida General Carneiro, em frente à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Oeste, no Cerrado, e o início da rua Sete de Setembro, na altura do número 205, no Centro. Condutores dizem que os pedestres se orientam pela faixa viva e, assim, tentam atravessar mesmo com o sinal aberto. Já os pedestres dizem não saber, por conta das faixas, se os veículos devem parar para eles atravessarem, ainda que o semáforo esteja verde.

Sueli Rocha Bonfim, de 61 anos, vendedora, passa diariamente pelo trecho da General Carneiro em questão. Ela pega o ônibus em um ponto do outro lado da via para ir ao trabalho. Justamente por não saber sobre a regra, Sueli só atravessa quando o semáforo está vermelho. Porém, o problema, segundo ela, é a demora para o equipamento fechar. Mesmo assim, para garantir a sua segurança, sempre aguarda. “(A travessia) é perigosíssima”, disse.

Apesar do cuidado, a mulher afirma já ter passado por um susto, pois uma motocicleta avançou o sinal vermelho quando ela atravessava. Além disso, conta ter presenciado, inclusive, acidente no trecho, devido ao impasse.

Por outro lado, condutores também se sentem inseguros ao circular pelo local. O motociclista Operson da Silva, 34 anos, pintor, é um deles. Conforme ele, muitas vezes, embora o dispositivo esteja aberto, pedestres se orientam pela faixa e passam. Para Silva, isso é perigoso tanto para o próprio transeunte, quanto para motoristas, devido aos riscos de atropelamento e outros acidentes.

Silva considera que, para resolver a situação, uma medida seria substituir a faixa viva por uma comum. “Por ser faixa viva, as pessoas acham que podem atravessar a hora que quiserem. Mas, se tirar a faixa, elas ficariam mais cientes de que têm que se orientar pelo semáforo”, apontou.

Na rua Sete de Setembro, a situação é igual. De acordo com Betuel Henrique de Oliveira, 58 anos, aposentado, quando o equipamento está verde, alguns veículos param para os pedestres atravessarem, enquanto outros não. Por isso, ele fica em dúvida se deve se guiar pela faixa ou pelo conjunto semafórico. Ainda segundo Oliveira, o trânsito no local é intenso e, por vezes, há casos de infrações. “Tem alguns que não respeitam e passam até no sinal vermelho”, falou. A reportagem do Cruzeiro do Sul também constatou outro problema. No dia em que esteve no local, o semáforo de veículos ficou sem funcionar por cerca de dez minutos e, em seguida, voltou.

Para Betuel, a confusão poderia ser resolvida com desinstalação do dispositivo e colocação de um agente para organizar o trânsito no trecho.

Intuito das faixas


Segundo a Prefeitura, as faixas vivas e semáforos têm funções distintas nos cruzamentos, mas se complementam. O conjunto semafórico atua no controle do tráfego de veículos e pedestres. O Executivo aponta que os dois locais contêm sinalização semafórica com botoeira para acionamento, conforme a necessidade de travessia dos pedestres. De acordo com a municipalidade, o recurso traz “segurança e comodidade a eles e aos condutores”.

Já a faixa indica e alerta que o local é destinado à travessia de pedestres. A faixa viva, como a da General Carneiro, facilita a visualização, segundo o governo municipal. Além disso, completa o Município, possibilita melhor condição de mobilidade, acessibilidade e segurança em pontos onde pessoas circulam com mais frequência.

Quanto ao caso da rua Sete de Setembro, de acordo o poder público, trata-se de uma lombotravessia. A Prefeitura informa que o objetivo desse artifício é trazer melhor deslocamento de pessoas com necessidades especiais. Isso porque o local é conhecido por ter um dos maiores fluxos de pedestre da cidade.


Quando parar


Nas duas vias, como há semáforos de pedestres e de veículos juntamente com as faixas, eles devem ser respeitados, segundo o Município. Já quando a faixa estiver um pouco antes do sinal, o motorista tem de parar para o pedestre passar e, também, logo à frente, no conjunto semafórico.


Providências

Conforme o Executivo, engenheiros de tráfego da Secretaria de Mobilidade (Semob) estiveram, novamente, nos dois pontos, para verificá-los. “Os sistemas de faixa viva operam normalmente, com semáforo e sinalização viária em conformidade”, alegou. Mesmo assim, segundo a municipalidade, as equipes avaliam novas medidas complementares. O foco é atender a todas as necessidades dos agentes integrantes da mobilidade urbana nos trechos. (Vinícius Camargo)

 

 

Especialista diz que semáforo deve ser respeitado sempre

 

O advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária Renato Campestrini, de 47 anos, lembra que as faixas vivas têm função específica. Segundo ele, o objetivo desse recurso é conscientizar os motoristas sobre respeito e prioridade para a travessia de pedestres em locais não semaforizados. Porém, em locais com conjuntos semafóricos, eles devem ser respeitados. “A sinalização vertical de regulamentação do semáforo se sobrepõe à horizontal”, informou Campestrini. Assim, se o dispostivo estiver verde, o condutor não pode parar para o pedestre passar, apesar da faixa. “O risco envolvido nesse procedimento é enorme para ele e para os demais usuários das vias”, alertou.

Pedestre tem de aguardar o semáforo abrir para ele e, só depois, atravessar - Cruzeiro FM 92,3
Pedestre tem de aguardar o semáforo abrir para ele e, só depois, atravessar (crédito: Cruzeiro FM 92,3)

Da mesma forma, conforme o especialista, o transeunte não deve iniciar a travessia com o equipamento aberto e se houver veículos na via. “Caso o semáforo para veículos esteja no ciclo verde e não venham veículos, se o pedestre sentir-se seguro em realizar a travessia, pode fazê-lo, mas assume o risco”, destacou.

Diante disso, Campestrini ressaltou que o pedestre deve respeitar o semáforo. Ele ainda aconselha o motorista a se ater ao sinal vermelho e reduzir a velocidade ao se aproximar do dispositivo. (Vinicius Camargo)

 

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