Volta às aulas
Compra do material escolar exige pesquisa e bom senso
De acordo levantamento da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares, o encarecimento gira entre 15% a 30%
Com o início do ano letivo e o retorno, em breve, das aulas nas instituições de ensino, os pais já correm atrás do material escolar dos filhos. Alguns pesquisam e fazem cotações em várias lojas; outros têm confiança em um determinado estabelecimento e já fazem a compra direto; e tem aqueles que optam pelo pedido online e receber os itens em casa. Mas, independentemente do método escolhido, os pais precisam lidar com o aumento no preço dos produtos.
De acordo levantamento da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares, o encarecimento gira entre 15% a 30%. Entre os itens que mais apresentaram aumento estão os que tem papel como matéria prima, ou seja, os cadernos. Sidnei Bergamaschi, presidente executivo da entidade, explicou que o dólar elevado, a redução da capacidade de produção e a menor oferta, assim como o aumento da demanda internacional e a guerra na Ucrânia, foram os principais fatores. Para os importados, o dólar elevado, a inflação na China e os preços dos fretes internacionais provocaram as elevações de custos.
Porém, os pais sempre arrumam um jeitinho de driblar a alta dos preços e atender os pedidos dos filhos. Bruna Pires Rodrigues é mãe do Miguel e Lara, de 10 e 8 anos, respectivamente, e aproveita o momento das compras para ensinar aos pequenos um pouco de educação financeira e não vê como problema a companhia deles nas papelarias e livrarias. “Eles chegam, sim, com a ideia de pegar cadernos e outros itens mais caros por causa dos personagens ou temas famosos, porém eu negocio bastante e explico que se levar o x, pode não dar para comprar o y. Em alguns momentos, eles dão uma leve dramatizada, mas no final entendem e dá tudo certo”, contou a professora e empresária de 37 anos.
A família da Bruna teve que disputar espaço com outros clientes de uma loja que vende, também, itens de papelaria, no centro de Sorocaba. A procura está grande desde o começo da semana e tende aumentar entre 12 e 15% até o final do mês, em relação ao ano passado, de acordo com o gerente Alexandre Salvador Segura. “O estoque está cheio, nossos funcionários estão tendo que repor a todo momento as prateleiras e o público não para de crescer.” O comerciante explicou também que a loja não tem recebido pedidos de cotações ou pesquisas por parte dos pais. “A maioria já vem direto para comprar e trazem muitas crianças”, disse.
Entretanto a orientação do Procon Sorocaba é fazer pesquisas, principalmente, para gastar menos. Paula Roberta Delgado Paris Marcolan segue direitinho essa dica e antes de comprar o material deu uma olhada em várias papelarias da cidade. A representante comercial fez ontem (6) as compras para dois filhos, de 13 e 6 anos. “Gosto de pesquisar e esse ano já acho que estou atrasada porque, geralmente, faço as pesquisas e compra antes do ano virar, mas com os compromissos, acabou não dando tempo”, explicou.
O movimento das pesquisas atrai um outro tipo de comprador que foi impulsionado pela pandemia. Estamos falando da compra totalmente online ou delivery. Uma papelaria localizada na rua Coronel Nogueira Padilha, zona leste de Sorocaba, faz cerca de 70% das vendas através deste método. “É uma facilidade muito grande e muitos pais relatam que é melhor, pois já têm confiança na loja e conhecem os produtos, além de ser muito mais tranquilo receber em casa, sem aquela loucura de alguns dias”, analisou a gerente Talita Bonvino Canovele.
Outros dicas
Se algum pai ainda não foi às compras, é bom observar outras dicas que a superintendente do Procon Sorocaba, Cristiane Bonito Rodrigues, dá em relação ao tema. Se o objetivo é economizar, o órgão de defesa do consumidor recomenda, se possível, não levar as crianças às compras, pois elas são mais suscetíveis aos apelos de consumo, especialmente os “turbinados” por franquias famosas, como, por exemplo, estojos e capas de cadernos decorados.
A artesã Cristiane Vieira Campos segue à risca essa orientação. Com duas crianças, de 12 e 4 anos, em período escolar, sempre compra os itens sozinha para ter tranquilidade. “As lojas ficam super lotadas, eles acabam pedindo coisas mais cara, então para evitar, e pelo bem de todos, opto por ver o que eles querem antes e levo o que entra na minha possibilidade”, explicou.
A escola só pode pedir os materiais utilizados nas atividades pedagógicas diárias dos alunos (folha de sulfite, papel dobradura, tinta guache, lápis, caneta, borracha etc.), em quantidade coerente às praticadas pela mesma, sem restrição de marca. Não devem ser incluídos na lista os materiais de uso comum, produtos de higiene, limpeza e de atividade em laboratório, bem como os utilizados na área administrativa. A prática, além de abusiva, nos termos do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, é proibida, como dispõe o parágrafo 7º, do artigo 1º da Lei 9.870/99.
Os consumidores que necessitarem de atendimento do Procon Sorocaba para esclarecimento de dúvidas, solicitação de orientação ou fazer denúncias, podem entrar em contato pelo WhatsApp (15) 99198-2958. (Thaís Marcolino)
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