Recenseamento
Economia impulsiona aumento da população
Prévia do Censo mostra crescimento superior a 25% em Sorocaba e Votorantim; Piedade e Tapiraí, ao contrário, diminuíram
Considerado um dos grandes polos industriais do interior de São Paulo, Sorocaba está entre os municípios da região metropolitana que tiveram índice de crescimento populacional mais elevado nos últimos anos, segundo a prévia do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A forte atividade industrial, associada à oferta de serviços, é um dos motivos para o número de habitantes da Manchester Paulista ter aumentado quase 25,2% desde a pesquisa de 2010. Além disso, outro fator que pode ter contribuído para esse crescimento é a rodovia Castello Branco (SP-280), que dá acesso aos municípios de Itu, São Roque, Mairinque, Jandira, Araçariguama, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Barueri, Osasco e São Paulo, entre outros.
De acordo com o Censo de 2010, o último registrado pelo IBGE, Sorocaba contava com 586.625 habitantes. Na prévia de 2022, divulgada no dia 28 de dezembro do ano passado, a população aumentou para 738.128. Os dados mais recentes mostram que mais de 151 mil pessoas passaram a viver no município em pouco mais de uma década. Para entender o porquê dessa migração para a principal cidade da metrópole, o Cruzeiro do Sul consultou a Agência Metropolitana de Sorocaba (Agem), que integra a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum na região.
Conforme a arquiteta e urbanista Sandra Lanças, responsável pelo planejamento técnico da Agem, tanto o acréscimo quanto o decréscimo das cidades é causado por diversas razões. Exemplo disso é Piedade, município da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) onde a maior parte da economia gira em torno da produção agrícola. A quantidade de habitantes da antiga “capital da cebola”, como já foi conhecido, diminuiu em aproximadamente 1%. No Censo de 2010, o número populacional era de 52.143; já no ano passado, caiu para 51.542. Cabe destacar que mais da metade dos habitantes de Piedade reside na área rural. Tapiraí também viu uma pequena queda na população entre 2010 e 2022, de 8.012 para 7.987 habitantes.
Na tabela elaborada por Sandra, um dos motivos para esse decréscimo populacional é a falta de conectividade nessas áreas rurais. Você já deve ter reparado que, em locais mais afastados dos centros urbanos, como sítios e chácaras, o sinal do telefone fica baixo e, consequentemente, a internet não funciona ou é externamente lenta. Em uma sociedade em que a internet é praticamente vital tanto para as relações privadas, como também para as públicas, esse tipo de problema se torna o obstáculo quando o assunto é fixação habitacional.
Jovens são o “ouro”
Os jovens, segundo Sandra, constituem a parcela da sociedade que mais movimenta a economia. Isso porque eles estão focados em estudos, emprego, aquisições e entretenimento. “Em termos de análise, observa-se que as cidades que registraram decréscimo são regiões de campo. Os jovens originários desses locais migram de áreas rurais para urbanas. Isso é uma tendência. Eles vão para onde há crescimento, oferta e procura de emprego, universidades”, explicou.
A pandemia de Covid-19 também influenciou na imigração para a região, conforme a urbanista. A necessidade do isolamento social durante o período mais crítico da crise sanitária fez com que diversas famílias buscassem por imóveis em cidades menos movimentadas, geralmente interioranas. A população de Votorantim, por exemplo, cresceu aproximadamente 26% nos últimos 12 anos. Em 2010, o município contava com 108.809 habitantes; na prévia de 2022, o total subiu para 137.319.
O acréscimo registrado também pode estar relacionado ao fenômeno de pendularidade, que nada mais é que o movimento diário de ida e volta realizado por indivíduos em direção a outros municípios, com o propósito de trabalhar ou estudar. Esse tipo deslocamento é comum nas regiões metropolitanas, como resultado da segregação urbana e da concentração de serviços nas grandes cidades. Apesar disso, ele acontece em diversos outros espaços e contextos, como no caso dos trabalhadores rurais que vivem na cidade, mas trabalham no campo.
“O aumento populacional, via de regra, denota que o centro urbano tem atividade econômica e isso é positivo, porque as pessoas estão vivendo mais e o município está atraindo gente. Também aumenta a demanda de abastecimento de água, tem mais carregamento no sistema de saúde público. Por isso, o planejamento urbano é importante. Sorocaba tem condições melhores que outras cidades do mesmo porte, mas, é lógico que o planejamento deve sempre estar atualizado”, concluiu Sandra. (Wilma Antunes)
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