Preocupação
PEC da Transição vai impactar dívida pública, estimam consultores
País poderá sofrer "instabilidade fiscal", diz deputado Jefferson Campos
Uma nota técnica elaborada pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados sobre a PEC da Transição afirma que a dívida pública poderia passar de 79% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 para 89,8% em quatro anos, caso todo o aumento de gastos permitido pela proposta seja suportado pela emissão de títulos públicos. Os técnicos sugerem a aprovação conjunta de alguma regra que sinalize para uma trajetória decrescente da dívida.
“Quanto mais se posterga o ajuste para conter o aumento da dívida, maior o esforço requerido para reconduzi-la à trajetória anteriormente desejada”, afirma a nota. A PEC retira do teto de gastos despesas de quase R$ 200 bilhões, principalmente com o Auxílio Brasil. O total da despesa prevista no Orçamento de 2023 é de R$ 1,8 trilhão.
De acordo com os técnicos, uma percepção de risco maior aumenta o custo da rolagem da dívida com juros mais elevados. Em setembro de 2022, a dívida era de R$ 5,7 trilhões com custo médio de 10,8% ao ano. Para 2023, o projeto do Orçamento de 2023 (PLN 32/22) estima que cada 1% de aumento na taxa de juros básica custará R$ 29,8 bilhões.
Teto de gastos
Os técnicos afirmam ainda que é interessante retirar do teto de gastos, como propõe a PEC, as despesas pagas com doações para o meio ambiente e mudanças climáticas e para as universidades públicas. Eles sugerem, inclusive, que toda a despesa paga com doações seja flexibilizada. Ela teria sido de apenas R$ 2,6 bilhões nos últimos 12 anos.
Já as despesas pagas com receitas próprias das universidades, também excepcionalizadas pela PEC, foram de R$ 10,5 bilhões desde 2010. No caso dos convênios, o valor foi de R$ 477,6 milhões, segundo a nota.
Jefferson Campos
O deputado federal Jefferson Campos (PL), de Sorocaba, discorda da retirada do teto de gastos. Segundo ele, a falta de limite aos gastos públicos previsto na PEC colocará o País em uma “instabilidade fiscal”. “Quem de fato pagará a conta, são aqueles que mais necessitam. Iremos sempre buscar os meios que possam, com muita responsabilidade, garantir um Brasil melhor para todos”, destacou.
O Cruzeiro do Sul também questionou a posição dos parlamentares Vitor Lippi (PSDB) e Herculano Passos (Republicanos). Os deputados, porém, não haviam enviado respostas à reportagem até o fechamento desta edição. (Da Redação)