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Política

Câmara de Sorocaba aprova aumento de cadeiras no Legislativo

Projeto de resolução que sobe o número de cadeiras para 25; já a matéria que aumenta o salário dos vereadores foi retirada de pauta

03 de Novembro de 2022 às 10:28
Wilma Antunes [email protected]
Discussão chegou a ser interrompida diversas vezes pelas pessoas que estão indignadas com as mudanças
Discussão chegou a ser interrompida diversas vezes pelas pessoas que estão indignadas com as mudanças (Crédito: Fábio Rogério )

*Atualizada às 15h24

O projeto de emenda à lei orgânica que aumenta o número de cadeiras na Câmara de Sorocaba foi aprovado nesta quinta-feira (3), em segunda discussão, com 15 votos favoráveis e cinco contra. A alteração representa um impacto de R$ 900 mil por ano. Também estava previsto para ser votado o projeto de resolução que sobe em mais de 50% o salário dos vereadores, entretanto, a matéria recebeu emenda, de autoria da Mesa Diretorna, e foi retirada de pauta. Dezenas de pessoas compareceram ao Prédio Legislativo para protestar contra as mudanças, que passam a valer a partir da próxima legislatura, se aprovadas. Os manifestantes jogaram moedas no plenário e foram chamados de “baderneiros” pelo presidente Cláudio Sorocaba (PL).

A sessão ordinária terminou mais cedo, às 11h, por conta da presença dos manifestantes. Em diversas vezes, os parlamentares se perderam na linha de raciocínio devido ao barulho no plenário. Vereadores chegaram a sugerir para Cláudio suspender a sessão por dez minutos. O presidente, já exaltado, chamou o grupo de “baderneiros” e disse que não era “meia dúzia de gato pingado” que ia impedi-lo de trabalhar. Além disso, também afirmou que alguns participantes queriam fazer parte da Casa de Leis, mas não receberam votos suficientes para serem eleitos. A fala foi repetida nos corredores por Fernando Dini (MDB). “Tem uns cinco que são tudo candidato a vereador, você sabe disso. É tudo balela”, desdenhou.

Com nariz de palhaço, o advogado Marcos Latino, de 42 anos, foi um dos principais agitadores da manifestação. Entre os botões da camisa, ele ostentava uma nota falsa de R$ 100 para, segundo ele, representar a indignação do povo sorocabano com o aumento salarial proposto pela Mesa Diretora. O que fez a revolta de Latino aumentar ainda mais foi a primeira discussão dos projetos na sessão de terça-feira (1º), que ocorreu em meio a paralisação dos caminhoneiros. “Todo mundo preocupado com os protestos e eles votaram, praticamente, sem a população saber. Eu mesmo fui pego de surpresa. Larguei meus compromissos de hoje para estar aqui. Mais de 33 milhões de pessoas na miséria e eles votando em 52% de aumento? Não dá, gente”, indignou-se.

Outro ponto que irritou o grupo de manifestantes foi a presença de Guardas Civis Municipais (GCMs) e Policiais Militares (PMs) na Câmara. Cerca de 20 agentes foram convocados para fazer a segurança do local e prevenir possíveis transtornos. “Tem algum bandido aqui? Chamaram a polícia para os trabalhadores. Esses são os vereadores de Sorocaba. Parabéns! A polícia tem que estar nos bairros cuidando das residências. Ah, que isso! Tem que justificar o porquê. Tá errado, pô”, contestaram.

Votação

Apenas projeto que acrescenta mais cinco cadeiras no Legislativo -- fazendo com que o total de parlamentares passe de 20 para 25 -- foi aprovado. Nenhum vereador mudou o voto, então o painel continuou o mesmo de terça. Cinco parlamentares votaram contra: Fernanda Garcia (Psol), Hélio Brasileiro (PSDB), Ítalo Moreira (PSC), Luis Santos (Republicanos) e Vitão do Cachorrão (Republicanos).

A favor, votaram 15: Silvano Júnior (Republicanos), Cícero João (PSD), Cristiano Passos (Republicanos), Dylan Dantas (PSC), Fábio Simoa (Republicanos), Fausto Peres (Podemos), Fernando Dini (MDB), Francisco França (PT), Iara Bernardi (PT), João Donizeti (PSDB), Aith (PRTB), Rodrigo do Treviso (União), Péricles Régis (Podemos), Salatiel Hergesel (PDT) e Cláudio Sorocaba (PL).

A proposta que solicita aumento de 52% nos salários dos vereadores recebeu emenda, também de autoria da Mesa Diretora, e foi retirada de pauta. No projeto original, o salário dos parlamentares passariam de R$ 11.838 para R$ 18 mil mensais. O valor pago ao presidente, atualmente de R$ 13.705, subiria 37,9%, para R$ 18.900 mensais. Na mesma solicitação, também é pleiteado o benefício do décimo terceiro salário. O substitutivo apresentado agora pede os seguintes valores de subsídio: R$ 15.790,89 para vereadores e R$ 18.336,05 para o presidente.

Apesar de não ter sido discutido na sessão desta quinta-feira, na terça, votaram contra o aumento salarial oito parlamentares Dylan Dantas, Ítalo Moreira, Vitão do Cachorrão, Silvano Jr, Aith, Cícero João, Fernanda Garcia, e Hélio Brasileiro. Já favorável à propositura votaram 12: Cristiano Passos, Fábio Simoa, Fausto Peres, Fernando Dini, Francisco França, Iara Bernardi, João Donizeti, Luis Santos, Rodrigo do Treviso, Péricles Régis, Salatiel Hergesel e Cláudio Sorocaba.

Por causa do tumulto, a sessão foi encerrada mais cedo, mas isso não desestimulou os manifestantes. Dini, Cícero, Treviso e Passos foram cercados nos corredores para dar explicação sobre os seus votos. Eles até tentaram argumentar, mas acabaram deixando os grupo para trás e seguiram para os seus respectivos gabinetes. Iara ficou dentro do plenário até todo mundo ir embora, porque ficou com medo de ser atacada pelos manifestantes.

O projeto que aumenta o salário dos parlamentares ainda não tem previsão para ser incluído na ordem do dia. O comerciante Rubens Machado de Oliveira, 44 anos, considera as matérias “uma falta de vergonha” e afirmou que estará na Câmara novamente quando a iniciativa for incluída na pauta. “Tem um um monte de gente com salário mínimo passando fome. Eu sei que a população está crescendo e tem que aumentar. Então aumenta uma, duas. Não, eles querem logo cinco. Eu não vejo os vereadores em lugar nenhum, sou líder comunitário, estou em todo lugar, não tem ninguém na rua. Eu vejo aqui, mas e na hora de colocar a mão na massa? Eles entram na salinha e querem ajustar o salário? Não está certo”, opinou. (Wilma Antunes)

 

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