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Sorocaba

Condutor do Porsche estava com a CNH vencida há mais de 3 anos

Ele provocou acidente na Castelinho, que matou a motorista do Ford Ka

22 de Setembro de 2022 às 00:01
Vinicius Camargo [email protected]
Carro de Adriane Maria José Gallão ficou destruído com o impacto do Porsche
Carro de Adriane Maria José Gallão ficou destruído com o impacto do Porsche (Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

 

O motorista do Porsche que atingiu o automóvel da policial penal Adriane Maria José Gallão, de 50 anos, estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida há mais de três anos. A informação consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar, obtido pelo Cruzeiro do Sul, e confirmada pela Polícia Civil. Segundo o documento, a CNH do homem -- um empresário, de 39 anos -- expirou no dia 4 de abril de 2019 e não foi renovada. O acidente ocorreu em 4 de setembro, na rodovia Senador José Ermírio de Moraes (S-075), conhecida como Castelinho, em Sorocaba. O condutor do carro de luxo estava embriagado. Adriane ficou gravemente ferida e morreu no dia 15, após 12 dias internada.

O registro da PM cita que o motorista cometeu duas infrações, sendo dirigir veículo com validade da CNH ou PPD vencida há mais de 30 dias e dirigir sob a influência de álcool. Ainda de acordo com o BO, o carro, registrado em nome da empresa do empreendedor, não apresentava irregularidades. Estava em bom estado, com os pneus e todas as luzes adequados. O veículo de Adriane, um Ford Ka, também estava totalmente regular. Os dois automóveis ficaram bastante danificados. Além disso, o BO cita que, no dia do fato, a pista encontrava-se em boas condições e seca.

A Polícia Civil, por meio do 6º Distrito Policial (DP), instaurou inquérito para investigar o acidente. Segundo a polícia, com a morte de Adriane, a linha de apuração mudou para homicídio. Contudo, a qualificação -- doloso (intencional) ou culposo (sem intenção) -- ainda não foi definida. Antes da morte da mulher, o caso era tratado como lesão corporal na direção de veículo automotor.

Atualmente, as testemunhas estão sendo convocadas para prestar depoimento. O condutor também será chamado. Os investigadores, igualmente, já pediram à CCR Viaoeste, concessionária que administra o trecho da ocorrência, as imagens da única câmera do local. Conforme a polícia, a equipe chegou a ver os registros do equipamento de uma empresa próxima à rodovia. Contudo, ele não captou o acidente, nem os carros.

Agora, a Polícia Civil aguarda os resultados dos laudos periciais, tanto do local, quanto dos veículos, para levantar novas informações, como a causa do acidente. Os documentos demoram até 30 dias para ficar prontos. Um dos objetivos é descobrir, por exemplo, se o condutor trafegava acima da velocidade permitida. O resultado do exame de sangue para detecção de dosagem alcóolica no organismo dele, realizado na data da ocorrência, também não saiu ainda. Ele responde ao processo em liberdade.

Família cobra

A família de Adriane cobra que o condutor do Porsche seja responsabilizado pelo acidente. Para o marido dela, o também policial penal Ozerio Tadeu Pereira, de 49 anos, o condutor deveria responder por homicídio doloso. Pereira considera que, ao cometer irregularidades, o homem assumiu o risco de matar. “Com esses elementos, que são a questão de ter ingerido bebida alcoólica, a alta velocidade e a CNH suspensa, não dá para achar que ele agiu só com culpa. Ela tinha que saber, no mínimo, que não poderia dirigir nessas condições e que, se dirigiu, assumiu o risco”, disse. “Isso não foi uma fatalidade. Fatalidade é algo que ninguém espera. No caso, foi uma irresponsabilidade”, completou.

Relembre o caso

O Ford Ka da policial penal foi atingido na traseira pelo Porsche no quilômetro 4+500 da Castelinho, no sentido São Paulo. A batida ocorreu na noite de 4 de agosto, um domingo. Com o impacto, o veículo da mulher capotou. Conforme o boletim de ocorrência da Polícia Civil, o motorista do automóvel de luxo contou ter decidido “dar uma acelerada”, mas não percebeu haver um engarrafamento à frente. Ele ainda disse ter visto o carro de Adriane, porém, não conseguiu frear a tempo.

De acordo com Pereira, no momento da colisão, a esposa voltava para casa, em Aparecidinha, após ter ido a uma igreja no Jardim Santa Rosália. Ela ficou gravemente ferida. Segundo o marido, ela fraturou a coluna, duas clavículas e várias costelas, bem como sofreu perfuração dos dois pulmões, dentre outros ferimentos. Chegou a ficar 12 dias internada no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), mas não resistiu ao ferimentos e morreu no dia 15. “É um milagre ela ter saído com vida (do acidente) e ter permanecido (viva) esses 12 dias”, disse Pereira, referindo-se à gravidade do quadro dela.

O condutor do automóvel de luxo confessou ter ingerido bebida alcoólica e aceitou fazer o teste do bafômetro. O resultado apontou embriaguez, com concentração de 0,49 miligrama de álcool por litro de ar alveolar. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) considera crime a presença de nível igual ou superior a 0,3 miligrama.

O homem é natural de Sorocaba, mas mora em Campinas. No momento da batida, retornava para casa. No dia da ocorrência, ele chegou a ser conduzido ao Plantão Norte. Contudo, foi ouvido e liberado. Conforme o registro policial, não foi autuado em flagrante porque prestou socorro à mulher e agiu “adequadamente” durante a ocorrência. Além disso, concordou em fazer o exame de sangue. Ele não tinha antecedentes criminais. (Vinicius Camargo)