Dia da Árvore
Cobertura natural da vegetação no Estado aumenta 17% em 40 anos
Inúmeras ações de controle e recuperação, além de novas técnicas e tecnologia, auxiliam na recuperação da flora

Basta pensar, entre uma respiração e outra, para lembrar a importância de uma árvore. Fundamental na natureza, entre alguns dos benefícios que proporciona estão o aumento na umidade relativa do ar, a redução da temperatura e a produção de oxigênio. Contudo, não podíamos imaginar que, com a degradação do meio ambiente, um dia seriam necessárias políticas de preservação para manter o equilíbrio do planeta, nem que o ar que respiramos estaria em risco.
Por isso, é cada vez mais importante fomentar o plantio de mudas. Essa é justamente uma das atividades do Núcleo de Estudos Ambientais (NEAS) da Universidade de Sorocaba (Uniso), coordenado pelo professor Nobel Freitas. Além de divulgar conhecimento e incentivar o plantio de árvores, o NEAS possui um horto de plantas medicinais e também um banco de sementes que garante a reposição e preservação das principais espécies de vegetação típicas do interior do Estado.
De acordo com o coordenador do trabalho, nos anos 80, estimava-se que havia sobrado cerca de 7% da cobertura natural original do Estado, porém, com inúmeras ações de controle e recuperação, além de novas técnicas de levantamento de registro de vegetação, o percentual aumentou para cerca de 17%. “Para esse processo de recuperação da vegetação natural, são fundamentais várias ações, entre elas o fornecimento de sementes e mudas de qualidade genética. Neste ponto entra o Núcleo, com coletas de sementes na região, e produção e distribuição de mudas, auxiliando em projetos de restauração florestal e fornecendo mudas”, explica.
O trabalho é desenvolvido por professores e alunos, alguns deles estagiários ou participantes dos programas de pesquisa e extensão universitária da Uniso. No início, o curso com maior participação foi o de Geografia, seguido por Gestão Ambiental, Engenharia Ambiental e, atualmente, Ciências Biológicas.
Além do ambiente acadêmico
A boa notícia é que sempre é possível encontrar algumas pessoas que já despertaram para a consciência de preservação, reconstruindo o cenário natural de áreas urbanas. Martha Beraldi é dona de uma escola de inglês no Jardim Emília, em Sorocaba. Durante a pandemia, com as aulas online e longe dos alunos, desenvolveu um novo projeto, que deu o nome de “For a Better Place”, que em português significa “Por um Lugar Melhor”. Inicialmente a proposta era plantar uma árvore para cada aluno, mas a experiência foi tão satisfatória que as árvores plantadas foram além do número de alunos e ela continuou produzindo mudas através de um banco de sementes.
Junto com seu companheiro comprou um sítio e lá, iniciou um trabalho de extrema importância em prol do meio ambiente. “Nele plantamos mais de 50 árvores frutíferas e não frutíferas. Fiz um banco de sementes e estou germinando, estamos com mais de 150 mudas entre ipês de todas as cores, pau fava, guapuruvu, que é uma das maiores árvores do Brasil, e assim está sendo com todas as sementinhas que estamos germinando. Todos os dias eu estudo um pouco sobre árvores, estou muito feliz com esse projeto e se tiver mais pessoas querendo participar, melhor”, comemora.
O elo entre o trabalho do professor Nobel, no NEAS, e o da professora Martha, no seu sítio, é a genuína preocupação com as causas ambientais, que também se reflete nas atitudes de outras pessoas que contribuem, como é o caso do jovem Guilherme Cury, de 16 anos. Ele é aluno da professora Martha e sempre foi incentivado por sua família ao convívio com a natureza, inclusive já plantou uma árvore no Paço Municipal, em 2015. O tempo passou e hoje a árvore está saudável e grande, crescendo mais a cada ano que passa.
Guilherme tinha nove anos na época e hoje, quando olha para a árvore que plantou, entende a nobreza que carrega esse gesto e reconhece que pode ser uma experiência única. “É legal passear com os amigos e de repente olhar para o lado e ver a árvore que plantei, dá um pouco de orgulho. Quando plantei, não imaginei que ela chegaria até aqui, quer dizer, nós sempre pensamos que alguém pode danificá-la, mas ela está lá, firme e forte. Foi uma experiência muito legal”, afirma ele.
E assim, cria-se um ciclo: o trabalho no NEAS perpetua as espécies nativas do interior do Estado, resultado das pesquisas e estudos. A professora Martha incentiva as pessoas do seu convívio mostrando na prática que todos podem ser os agentes dessa mudança no planeta. O resultado são ações práticas como as do jovem Guilherme. Juntos, cada um a seu jeito, propagam o poder que há no ato de plantar uma árvore. (Cezar Ribeiro - programa de estágio)
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