Estelionato
Mulher aplica golpe em dezenas de pessoas em Sorocaba
Criminosa vendia produtos importados pela internet e não entregava as mercadorias

Dezenas de pessoas foram vítimas de uma mulher que aplicava golpes em Sorocaba. Emanuele Florindo de Sobral Alkimim vendia os produtos pela internet com a promessa de que as mercadorias viriam dos Estados Unidos, porém, após depositar o dinheiro da compra, as vítimas não recebiam os objetos. As propagandas eram feitas nas redes sociais através da loja Ambra Shipping Corporate, com sede na zona norte de Sorocaba.
Na página, diversos produtos eram vendidos, os mais populares eram os smartphones. De acordo com a polícia, em um primeiro momento, mais de 40 pessoas relataram que foram enganadas pela mulher, mas o grupo criado pelas vítimas no WhatsApp já conta com mais de 100 participantes. Todos dizem que caíram no golpe. Segundo as vítimas, quando elas questionavam sobre o atraso em relação a entrega dos produtos, recebiam diversas desculpas. Em algumas ocasiões a mulher dizia que estava doente. Já em outras, contava que precisava levar o filho ao médico.
Um morador da cidade, que por segurança preferiu não se identificar, é uma das pessoas enganadas. Ele conta que estava precisando de um celular e um amigo indicou a loja. Antes de realizar a compra, o homem fez uma pesquisa na internet e verificou que não havia restrições no CNPJ da empresa. Além disso, na página do Instagram haviam fotos e vídeos de pessoas recebendo os produtos. Assim, o rapaz comprou oito celulares para aproveitar o preço, que estava abaixo do mercado. O valor total pago foi de R$ 12 mil.
A princípio o prazo de entrega seria de 20 dias úteis, porém, o tempo foi passando e ele não recebeu a mercadoria. “Eu entrei em contato e ela me deu um novo prazo para a retirada de todos os produtos. Esse prazo ficou para o final de agosto, mas chegando nesse dia, ela disse que a transportadora não tinha conseguido entregar os produtos e precisaria trocar a data. Ali eu comecei a desconfiar”, relata.
Andrea Rodrigues, de 45 anos, também foi vítima do golpe. A terapeuta comprou dois celulares da loja digital, pois conhecia pessoas que trabalhavam no escritório da mulher. A princípio ela recebeu os aparelhos e decidiu adquirir novos celulares para revender as mercadorias. O valor investido foi de R$ 20 mil. Percebendo que se tratava de um golpe, na terça-feira (13), a terapeuta foi até o escritório. “Eu fui lá e disse que só sairia com o dinheiro ou o produto. Fiquei lá das 14h às 2h. Assim, ela começou a ligar para as pessoas dizendo que os produtos estavam em promoção. Como eu estava pressionando, ela pensou em pegar o dinheiro de outras pessoas para me dar e eu ficar quieta”, relata.
Enquanto a vítima estava na empresa, outros clientes começaram a chegar no local. Rodrigues contou que se tratava de um golpe e as vítimas abriram boletins de ocorrência para denunciar o caso.
Loja tinha funcionários
Uma jovem, de 22 anos, que preferiu não se identificar contou ao jornal Cruzeiro do Sul que trabalhou durante três meses para Emanuele e acompanhou o drama de diversos clientes. De acordo com a funcionária, a mulher dizia que tinha uma sócia nos Estados Unidos que era responsável por comprar e enviar os produtos do Exterior para o Brasil. O transporte, segundo Emanuele, era feito de navio. Além dos celulares, a dona da loja vendia roupas, bolsas, televisão e outros aparelhos eletrônicos, porém essas mercadorias não chegavam no escritório. “Ela falava que as mercadorias eram deixadas no Porto do Rio de Janeiro. Assim que chegavam no Rio, ela dizia que a Receita Federal pegava os produtos para fazer homologação e tudo ficava retido até que todos os aparelhos eletrônicos fossem homologados”, informou.
Ainda segundo a funcionária, quando muitos clientes se queixavam do atraso das compras, a mulher saía e rapidamente voltava com alguns celulares. “Ela pedia para ligarmos para os clientes e eles iam retirar os produtos no escritório. Nesse tempo, ela pedia para tirarmos fotos e gravarmos vídeos para postar nas redes sociais. Depois fazíamos as entregas para os clientes. Nesse período que trabalhei lá, vi 20 produtos serem entregues”, declara.
A jovem informou também que a mulher forjava mensagens de textos como se fosse uma transportadora dizendo que haveria atraso na entrega. Assim, os clientes e funcionários não desconfiariam dos golpes. “Ela tirava foto dessas mensagens e mandava para todos os clientes. A gente acreditava que o caminhão ia chegar carregado de coisas. Ela também fraudou um documento com número de importação e valores, dizendo que tudo estava chegando, mas sempre que chegava a data, dava algum problema”.
Investigações
Após as denúncias, a mulher foi identificada pela polícia e prestou depoimento no 8º distrito policial. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Acácio Leite, ela confessou o crime e deve responder por estelionato. O próximo passo é ouvir as vítimas, contabilizar o valor adquirido pela dona da loja e encaminhar o processo para a área criminal.
O delegado orienta as vítimas a registrarem boletim de ocorrência on-line. Essas pessoas serão intimadas para prestar depoimento e apresentar as provas. Leite recomenda também que as vítimas se juntem e abram um processo na área cível para tentar recuperar o dinheiro perdido. A mulher já respondeu em outra ocasião pelo crime de estelionato.
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