Sorocaba
Onda de assaltos e furtos na zona oeste preocupa
Comerciantes e moradores relatam que casos ocorrem quase diariamente; veja os vídeos

Por meio de um grupo de aplicativo de mensagens, chamado Vizinhança Solidária, moradores e comerciantes da zona oeste de Sorocaba enviam quase que diariamente flagrantes ocorridos em imóveis e lojas da região. Alguns casos são na avenida General Carneiro. Vários deles são gravados por câmeras de segurança, que registram desde assalto a mão armada em estabelecimentos comerciais, invasão de casas que estão fechadas, para locação ou venda, além de furtos frequentes em uma loja de doces.
A Associação Comercial de Sorocaba (Acso) chegou a realizar na segunda-feira (12) uma reunião, na sede da entidade, para tratar especificamente dessas ocorrências na região. Para o presidente da Acso, Hygor Duarte, faltou uma participação mais expressiva no encontro. “Como entidade estamos fazendo nossa parte e unindo forças para ter voz perante o poder público na busca de soluções. A questão da segurança pública não é só de responsabilidade da Polícia Militar, por exemplo, pois ela atua mais na prevenção, e quando o crime já ocorreu ela não tem mais como atuar”, salientou. Segundo o representante da Acso foi debatido a necessidade de aumentar o atual efetivo da PM na cidade.
Proximidade da delegacia e da sede da PM
Na própria General Carneiro fica a sede da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba e a poucos quarteirões fica a sede do Comando de Policiamento do Interior (CPI-7), onde também funciona o 14º Batalhão de Ações Especiais de Policia (BAEP), inaugurado em dezembro de 2020 pelo governo estadual. Mas essa proximidade das principais instituições da segurança pública não impede as ações dos bandidos na região.
Os moradores e lojistas citam ainda a presença de diversos usuários de drogas, que praticam furtos no comércio da zona oeste e também invadem casas e imóveis desocupados, que estão com placas para locação ou venda. Segundo eles, os usuários de drogas ficam em uma espécie de ‘mini’ cracolândia no Jardim Zulmira, também próximo a sede do CPI-7.
Para os comerciantes e moradores da região, outro problema diz respeito a fiscalização dos locais que funcionam como ferro-velho na cidade. Já que nesses locais objetos furtados são revendidos com facilidade. A dona de uma loja na General Carneiro, que preferiu não se identificar, conta ainda que uma casa que estava fechada após um inquilino sair, também na zona oeste, foi totalmente depredada após vários furtos. “Levaram cerca de 80 cadeiras que estavam no imóvel, mesmo a casa tendo sido praticamente toda fechada. Levaram praticamente tudo o que tinha lá e que podia ser vendido no ferro-velho e até paredes foram danificadas”, reclama e completa: “quando eles não entram para furtar dentro da loja, ficam atormentando os clientes pedindo dinheiro o tempo inteiro. É a mesma situação praticamente todos os dias”.
Outra comerciante afirma que os lojistas e moradores estão deixando de registrar boletim de ocorrência. “Você perde praticamente o dia todo para registrar a ocorrência na delegacia e nada acontece. Aí você pensa se vale a pena ou não fazer o boletim de ocorrência”, lamenta.
Questionada a respeito, a Secretaria da Segurança Pública do Estado informa que a pasta está atenta aos índices de criminalidade de cada região e tem adotado ações específicas, por meio das Delegacias de Investigações Sobre Entorpecentes (DISEs), para o combate ao tráfico de drogas, e unidades territoriais da Polícia Civil e Militar para o combate aos crimes patrimoniais, como roubos e furtos.
A Prefeitura de Sorocaba informou que “a Guarda Civil Municipal (GCM), também realiza, diariamente, com equipes atuantes 24 horas por dia, o patrulhamento preventivo aos espaços e próprios públicos, com vistas à segurança do patrimônio e, principalmente, da população. Todas as regiões da cidade recebem o patrulhamento, inclusive a região mencionada pela reportagem”. A nota ainda garante que são realizadas abordagens sociais “nos locais em que há pessoas em situação de rua e também em todos aqueles locais em que munícipes relatam haver a presença de pessoas nessas condições e que as fiscalizações em estabelecimentos de ferro-velho continuam acontecendo continuamente, todas as semanas, pelo setor de Fiscalização da Prefeitura, com o suporte da GCM”.
Assaltos em plena luz do dia
Assaltos e furtos, em plena luz do dia, foram flagrados por câmeras de segurança de lojas e de residências da avenida General Carneiro e adjacências. Na manhã do último dia 31 de agosto, por volta das 10h30, um homem entra em uma loja e finge estar falando ao celular e segue andando pelo corredor do estabelecimento. Discretamente ele pega um produto e esconde dentro da blusa, mas o furto foi registrado pela câmera. Ao tentar sair da loja, ele foi abordado.
No dia 2 de setembro, também pela manhã, por volta das 11h30, dois casos de assaltos a mão armada foram registrados pelas câmeras nas proximidades, desta vez, o alvo foi uma loja de veículos usados. Dois homens estavam sentados na loja quando foram abordados por um homem armado, que estava com capacete, e anunciou o assalto. Os homens foram rendidos e o bandido os revistou em busca de celular e dinheiro.
Na sequência, um terceiro homem entra na loja e também é rendido e revistado pelo assaltante. Depois, o criminoso sai do estabelecimento e é aguardado por outro homem em uma moto na rua. Neste momento, outro motociclista, que havia acabado de estacionar no local, foi abordado pela dupla e teve os pertences roubados.
Na mesma região, também há registros de imagens de imóveis que estão fechados, para venda ou locação, que são constantemente invadidos, geralmente, por usuários de drogas. Eles tiram as telhas do lugar e pelos buracos entram nos imóveis. Na cena, um homem de boné sai de uma casa passando por um vão na porta.
Todos os casos foram compartilhados pelos próprios moradores e comerciantes da zona oeste de Sorocaba e também da avenida General Carneiro, no grupo Vizinhança Solidária. Eles relatam que as cenas se repetem constantemente.
A SSP informa que nos sete primeiros meses deste ano, o 3º DP da cidade, responsável pela área citada na reportagem, prendeu 182 pessoas. “Além disso, houve queda de 4,54% nos números de furtos em comparação com o mesmo período de 2019, ano anterior à pandemia. A pasta reforça a importância do registro do boletim de ocorrência que pode ser realizado também pela Delegacia Eletrônica: www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br. Todos os casos registrados são investigados. A notificação é essencial para orientar o policiamento nas ruas e possibilitar investigações para a detenção dos autores”, orienta a secretaria. (Ana Claudia Martins)
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