Wesley Henrique Paes da Silva, de 25 anos, trabalhou durante seis anos na linha de produção de uma empresa do ramo eletrônico em Sorocaba. Por se sentir desvalorizado e se interessar pela área de planejamento decidiu trocar de setor. O primeiro passo foi procurar um curso superior e algumas qualificações. Assim, ele fez uma graduação em engenharia de produção, além de cursos como excel e inglês. Hoje, o engenheiro está trabalhando em uma empresa de equipamentos automotivos. “Todas as mudanças que eu fiz valeram a pena. É necessário sair da zona de conforto. Na época de faculdade eu trabalhava e estudava porque queria me destacar”, disse.

Os cursos superiores e de qualificações são formas de se destacar no mercado de trabalho, segundo os especialistas em recursos humanos (RH). A falta deles também pode prejudicar o candidato em uma seleção. De acordo com os profissionais de RH, por não encontrar uma pessoa com qualificação suficiente para atuar em determinados setores, algumas vagas não são preenchidas, como as de mecânico de manutenção, instalador de toldos, além das áreas financeiras e técnicas, entre outras, assim, sobram oportunidades.

Atualmente o mercado de trabalho em Sorocaba está aquecido. Segundo o diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, mesmo com os eventos críticos ocorridos em todo o mundo, como a pandemia de Covid-19, guerra na Ucrânia e crise na Argentina, Sorocaba e região vêm se destacando na geração de empregos no último ano. “Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a riqueza e crescimento da cidade, foi de 9,7% em Sorocaba. O do Brasil foi de 4,6%. Quando você fala de crescimento do PIB é porque a economia está se movimentando e com a economia se movimentando, tem geração de emprego”, explicou.

Um exemplo disso é o Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) de Sorocaba. De acordo com o diretor Bruno Santana, o órgão está com diversas vagas disponíveis, mas além do fator “falta de qualificação”, muitas vezes, as vagas ofertadas sobram, porque os candidatos que têm experiência estão escolhendo criteriosamente onde desejam trabalhar. “Hoje o trabalhador tem bastante oferta e consegue escolher. Há dificuldade de se encontrar profissional para a vaga de motorista de caminhão, por exemplo.

Essa dificuldade de encontrar profissionais também está presente nas empresas de recrutamento. Laura Maciel, da consultoria de RH Qualitas Humanus, de Sorocaba, explica que muitas vezes as pessoas vão em busca de emprego sem um direcionamento e se candidatam para vagas que não tem o perfil delas. Outro fator que também vem ocorrendo nos últimos tempos é que muitos candidatos estão abrindo mão das vagas temporárias à espera de uma oportunidade fixa. “Esse é um equívoco muito grande porque a contratação temporária é uma porta que se abre”, disse Laura.

E essa grande demanda de vagas se estende também para os estágios. Pâmela Lima Gaburro, da consultoria de Recursos Humanos PGR Advisor, de Sorocaba, relata que está cada vez mais difícil recrutar jovens para as vagas, principalmente no segundo semestre do ano. “Está quase impossível fechar uma vaga de estágio. O pessoal está focado em entregar os projetos. Então, é difícil captar estagiários que queiram assumir mais essa responsabilidade, além do estudo”, analisou.

Investir no currículo

Laura explicou que para conseguir uma boa oportunidade, é necessário investir no currículos. É preciso informar quais são as suas experiências e objetivos, além de deixar o currículo sempre com os dados pessoais atualizados. Pâmela disse que também é preciso estar ativo nas redes sociais voltadas para o trabalho, como o LinkedIn, e interagir com os profissionais de recursos humanos.

Além de todos esse exemplos, a qualificação ainda é fundamental. O diretor do PAT orienta os candidatos a procurarem por cursos, inclusive, muitos são disponibilizados pela Universidade do Trabalhador (Uniten). Mas quem não tem tanta experiência, também pode conseguir uma vaga. “Estamos em um momento que tem muitas vagas de primeiro emprego, assim como vagas de estágio”, finaliza. (Vanessa Ferranti)