Desde as 7 horas da manhã desta terça-feira (13), várias pessoas aguardavam a chegada do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Muitos eram motociclistas, que iriam acompanhar a motociata pelas ruas da cidade. Um forte esquema de segurança foi montado, com a participação da Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Militar (PM), Polícia Federal e Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo os organizadores, 60 mil pessoas participaram das manifestações de apoio ao candidato. A PM não divulgou estimativa do público.

Por volta das 9h30, o helicóptero com o presidente pousou no Aeroporto de Sorocaba, no Jardim Ana Maria, na zona norte da cidade.

Autoridades, como o prefeito Rodrigo Manga e deputados, que também concorrem nas eleições de outubro, estavam presentes e aguardavam a chegada da comitiva no saguão.

Próximo das 10 horas, Bolsonaro se dirigiu para o pátio, onde os apoiadores o aguardavam. No caminho, ele parou para falar com algumas pessoas. “Tenho viajado o Brasil todo desde o primeiro dia do meu mandato, uma recepção enorme, o povo reconhece o que fizemos, os problemas que enfrentamos. Parei agora num posto de combustíveis lá em São Paulo, o preço lá em baixo, com isso a inflação vai lá para baixo. Vamos ter o terceiro mês, se Deus quiser, com deflação. Compare o Brasil com o mundo, a Europa vai passar fome. O Brasil é uma potência em alimentos”, disse Bolsonaro.

Sobre as eleições, reforçou que existe um trabalho em conjunto com o TSE. “Só tenho a dizer que quero eleições limpas, só isso. Tem uma reunião do ministro de Defesa com Alexandre de Moraes, já que eles nos convidaram para participar, e termos um processo com lisura”, afirmou.

Durante todo o tempo, apoiadores gritavam palavras de ordem e pediam para tirar fotos com Bolsonaro. Populares entregaram para ele uma fotografia emoldurada. Ele conversou com algumas pessoas, enquanto caminhava em direção a moto. No meio do caminho, foi carregado. Em vários momentos, ficou evidente a preocupação da equipe de segurança, que tentava a todo custo fazer um isolamento, quase impossível, entre ele e os populares.

Minutos depois, Bolsonaro ‘puxou’ a motociata em direção a praça Coronel Fernando Prestes, no Centro. Durante todo percurso, Bolsonaro não usou capacete, equipamento obrigatório a motociclistas. As ruas no entorno estavam congestionadas e com lentidão devido ao movimento intenso registrado de forma atípica numa terça-feira. Na praça já havia um grande número de pessoas esperando a comitiva.

Comício na praça

As pessoas começaram a chegar cedo, antes das 9h, na praça central, para acompanhar o comício do candidato à reeleição. A segurança estava reforçada, com viaturas da Polícia Militar nas ruas próximas, e esquema de segurança montado. Antes de entrar no espaço reservado para o comício, as pessoas eram revistadas.

Com bandeiras de candidatos, bandeiras do Brasil e camisetas verde e amarelo, o público lotou a praça para acompanhar o comício. Uma chuva fina chegou a cair, mas logo parou e o sol apareceu, entre nuvens. Enquanto o público esperava por Bolsonaro, que chegaria acompanhado dos também candidatos Marcos Pontes (PL - Senado) e Tarcísio de Freitas (Republicanos - Governo do Estado), um locutor animava as pessoas, com músicas a favor do presidente e críticas ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

“Vitória no 1º turno”

Jair Bolsonaro chegou de motocicleta à praça às 11h, após percorrer as principais ruas e avenidas da cidade, na chamada motociata, seguido de centenas de apoiadores motorizados. Após descer da motocicleta, cumprimentou várias pessoas e, em seguida, subiu no caminhão trio elétrico, onde foi ovacionado pelo público presente aos grito de “mito”.

Antes de iniciar o discurso, Bolsonaro recebeu uma placa como forma de homenagem pela sua passagem por Sorocaba, que foi um presente do prefeito da cidade, Rodrigo Manga (Republicanos). Lembranças iguais também foram entregues para os candidatos Marcos Pontes e Tarcísio de Freitas, que também discursaram rapidamente no local. “Bolsonaro, pela ocasião da sua visita na cidade de Sorocaba, haverá um divisor de águas nesses dias”, disse Manga.

O prefeito, Pontes e Tarcísio discursaram e o último a falar foi o presidente, por mais de 10 minutos. Além de pedir votos aos candidatos apoiados por ele, Bolsonaro pediu sua vitória no primeiro turno e disse que Sorocaba “é um pedaço desse grande paraíso”, que é o Brasil “que eu chamo de terra prometida”. “O que nós pedimos para vocês, de forma muito humilde, e se for da vontade de vocês, sairmos vitoriosos no primeiro turno”, disse o presidente e candidato à reeleição.

“Mito” analisa governo

Ainda sob gritos de “mito”, Bolsonaro também falou sobre os problemas que enfrentou como presidente ao longo de seu mandato, a questão da pandemia da Covid-19, e fez críticas ao ex-presidente Lula e ao ex-governador de São Paulo, João Dória (PSDB). “Nenhum presidente passou por aquilo que nós juntos passamos no Brasil. Nenhum país passou dois anos parado por causa de uma pandemia, uma crise hídrica sem precedentes, e uma guerra lá fora. O mundo teve a sua economia desajustada. O Brasil é uma exceção neste quadro mundial", destacou Bolsonaro.

E ele continuou: "Temos um presidente que tem uma excelente política externa, e que foi lá fora negociar fertilizantes para o nosso agronegócio, para nossa segurança alimentar. E para a segurança alimentar de mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo. Esse é um pequeno retrato do nosso Brasil, um país fantástico. Ninguém tem o que nós temos: terras agricultáveis, água potável, biodiversidade, riquezas minerais, clima aprazível e belezas naturais. E um grande pedaço de terra que eu chamo de terra prometida, a nossa Sorocaba, um pedaço desse grande paraíso. Não tem preço desde quando eu assumi, rodar por todo esse Brasil e cada vez mais vê-lo pintado de verde e amarela”, destacou Bolsonaro.

Empurra-empurra

Após o discurso, que foi muito aplaudido em vários momentos pelo público, Bolsonaro se despediu acenando para as pessoas do alto do trio elétrico. Depois de alguns minutos, desceu e fez contato corpo a corpo com as pessoas na praça e tirou muitas fotos. Este foi o único momento de alguma tensão: muitas pessoas que aguardavam um contato pessoal, se aproximaram do presidente. A segurança conseguiu conter o empurra-empurra.

Em seguida, ao lado do candidato a senador Marcos Pontes, e do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Bolsonaro andou pela praça, cumprimentou simpatizantes e fez fotos com as pessoas. Em seguida, junto com o prefeito, seguiu para um restaurante, também no Centro, onde almoçou e ficou por cerca de 30 minutos.

Cerca de 200 pessoas estavam na porta do local, que também contou com uma esquema de segurança reforçado, com motos e viaturas da PM. Depois, todos os candidatos saíram em carro aberto em direção ao aeroporto.

Também pediram votos

Apoiados por Bolsonaro, os candidatos Marcos Pontes (PL), que disputa uma vaga para o Senado, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concorre para o governo de São Paulo, também aproveitaram o comício para pedir votos. Pontes falou sobre sua experiência como ministro de Ciência e Tecnologia. Já Tarcísio de Freitas disse que o estado de São Paulo é o mais importante do Brasil e que precisa de um governo aliado ao governo federal para crescer ainda mais.

“Esse Brasil tem tudo para crescer. Eu estou feliz porque eu vi um Brasil vencer a corrupção, que aquela turma lá de trás quer trazer de volta, mas nós não vamos deixar. Nós não vamos permitir”, disse Tarcísio.

Durante o discurso, Tarcísio elogiou o trabalho realizado por Jair Bolsonaro no combate à corrupção e à inflação. “Os preços estão caindo. Quem já viu gasolina aí abaixo de R$ 5? Quem já viu o etanol aí abaixo de R$ 3?”, enfatizou o ex-ministro da Infraestrutura diante da população.

Tarcísio também elencou algumas propostas para São Paulo. “Vamos trazer o emprego de volta para São Paulo, tornando o estado mais competitivo, aproveitando todo o potencial que nós temos. Um estado que vai ser líder no crédito de carbono, no hidrogênio verde”, assegurou.

Conservadorismo e família foram valores ressaltados

O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, falou durante o comício na praça sobre as ideias que defende. Entre essas, as mais destacadas foram o conservadorismo e a família. “Eu, diferente dos meus opositores, vou para outro lado, um lado mais importante, o lado do conservadorismo, o lado da família. Hoje o Brasil tem um governo que, apesar do estado ser laico, o presidente acredita em Deus.

O presidente respeita a vida desde a sua concepção, o presidente que não quer conversa com aborto. O presidente que não aceita liberar drogas no Brasil, o presidente que não quer ideologia de gênero nas escolas. É um presidente que respeita a propriedade privada, um presidente que reconhece o trabalho do homem e da mulher do campo pelo agronegócio. Presidente que tem diminuído impostos, e tem arrecadado mais”, destacou.

“Missão”

Bolsonaro lembrou do incidente da facada, na campanha de 2018, e “cutucou” o principal adversário na atual: “Eu agradeço a Deus pela minha segunda vida, agradeço a ele também a missão que ele me deu de me colocar na presidência da República. Temos um mal pela frente, o capeta pela frente, que quer impor o comunismo no nosso Brasil. Uma pessoa que foi liderança mundial em corrupção, uma pessoa que nada deixou de bom para o nosso país. Um ex-presidente que nunca respeitou a família brasileira”, disse Bolsonaro sem citar o nome do ex-presidente Lula.

“Tenho certeza que mais quatro anos, entregando lá na frente para outra pessoa da mesma liderança, nós faremos a diferença no cenário mundial. O Brasil é um país fantástico, e eu agradeço a Deus, pois nós devemos agradecer a Deus todo dia por termos nascido nesse espetáculo de terra maravilhosa. Nós não sairemos do Brasil, quem tem que sair do Brasil são aqueles que não querem a liberdade do seu povo. Aqueles que não aceitam o livre mercado, aqueles que querem nos colocar numa situação como se encontram outros países na América do Sul”, disse Bolsonaro.

“Sou caipira”

Jair Bolsonaro também fez críticas ao ex-governador de São Paulo, João Dória, por conta da pandemia. “São Paulo sofreu muito com o governador que tinha uma calcinha apertada e que não pensava nada mais além de ser presidente da República. Ele se elegeu usando meu nome e depois virou inimiguinho e ficou brigadinho com a gente, e hoje está jogado na vala, no esquecimento, na vala do ostracismo”, afirma Bolsonaro.

Finalizando o discurso, falou sobre sua origem e sobre seu mandato. “Eu, particularmente, sou caipira, lá do Vale do Ribeira, na cidade de Eldorado Paulista. Fui criado lá, viemos de um local humilde, de um lugar pobre, mas de uma época bem diferente de hoje, onde educação existia para valer. Chegamos à presidência, passando por uma facada, com a graça de Deus, sobrevivemos, formamos um ministério nunca visto na história do Brasil, visto a qualidade das pessoas que colocamos nos ministérios da Presidência da República. Demos resposta para tudo o que enfrentamos, a começar pelo momento difícil da pandemia, onde fizemos pelos mais humildes quando foram obrigados a ficar em casa, não por decisão do presidente da República, mas atendemos aos mais humildes com o auxílio emergencial”, ressaltou.

Fã quer foto

O comício na praça atraiu pessoas de vários bairros de Sorocaba, que lotaram o local à espera do presidente Bolsonaro. Muitas queriam tirar fotos com ele. Foi o que disseram as amigas Creusa Regina dos Santos, 65 anos, que mora no Itanguá 1, e a desempregada Valdice Ferreira Romão Barroso, 58 anos, moradora da Vila Barão.

Elas vieram porque gostam do presidente e estavam na expectativa de conseguir tirar fotos com ele. Elas disseram que amam Bolsonaro e acham que ele é o melhor entre os atuais candidatos à presidência da República para as Eleições 2022.

Já a farmacêutica Mariane Ramos, 36 anos, trouxe a avó, Tereza de Lima Ramachoti, 84 anos, para assistir o comício com Jair Bolsonaro na cidade. “O Bolsonaro vem mudando o País e resgatando valores que antes estavam perdidos. Mas, a gente gosta dele principalmente porque ele coloca Deus em primeiro lugar, afirmou Mariane.

Motociclistas foram apoiadores importantes

Com jaqueta de couro, sapatos fechados e bandeira do Brasil. Era assim que a maioria estava paramentado no aeroporto. Muitos já aguardavam no local desde o amanhecer. Alguns estavam bem próximos ao pelotão de saída, mas tinha aqueles que preferiam ficar mais afastados. Era o caso da Vivian Rolim, trabalhadora autônoma. A moradora de Sorocaba reservou a manhã para estar presente no evento político. Ela é integrante de um dos motoclubes da cidade e disse que, mesmo num dia de semana, viu pelo menos mais uns 150 integrantes. “Estou aqui por um futuro, pelo país”, disse.

Motociclistas vindos de outras cidades da região, como Boituva, Tatuí e Votorantim também faziam parte do público. Eles chegavam em grupo, a todo momento. Algumas famílias também estavam no local, assim como pais e filhos que iam participar juntos da motociata.

Também havia integrantes de clubes de tiro. Newton Públio, proprietário do Clube Black Beard, disse que havia chegado logo cedo e nem mesmo a chuva que caiu por volta das 8h30 fez ele desanimar: “Vim colaborar com o presidente e com as autoridades. Nosso intuito é fazer uma boa recepção, de uma forma respeitosa e esperar que tudo corra bem”, disse ao lado da mulher. Segundo ele, dos 6.500 inscritos no clube, pelo menos mil estavam no local e, é claro, muitos estavam com as suas motos.

Veio da Capital

Apenas alguns dos que iniciaram o trajeto do aeroporto permaneceram na praça, no Centro. O empresário Marcelo Bella era um dos que ficaram até o final dos discursos. Ele veio de São Paulo um dia antes e iria voltar nesta terça-feira (13) após o evento, ou seja, encarar uns 100 quilômetros de estrada para a volta. Mas para ele, valia a pena. “Eu acredito no nosso país por isso vale a pena estar aqui”, disse, ao completar: “Há uns anos atrás o sonho dos meus amigos empresários era morar fora do Brasil, hoje eu prefiro acreditar no nosso país”. (Ana Claudia Martins e Denise Rocha)