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Solidariedade

Venda de tampinhas possibilita realização de cirurgia

Procedimento foi possível graças a doação feita pela comunidade ao longo dos últimos cinco anos

11 de Setembro de 2022 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Andrezza está em recuperação e terá que fazer fisioterapia
Andrezza está em recuperação e terá que fazer fisioterapia (Crédito: ACERVO PESSOAL)

Enfim, Andrezza Moura Theodoro, de 35 anos, fez a cirurgia no quadril depois de esperar por anos. O procedimento foi realizado no dia 28 de agosto, no Hospital Evangélico, em Sorocaba, graças ao dinheiro arrecadado com a venda das tampinhas plásticas que a mãe dela conseguiu juntar numa campanha. Vera Lúcia Moura Theodoro pagou cerca de R$ 24 mil para a realização da cirurgia de sua filha.

Foram anos de espera, aguardando que o procedimento fosse realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Andrezza é cadeirante e sofre de paralisia cerebral desde o nascimento. Angustiada pela espera, a mãe começou a campanha de arrecadação de tampinhas de plástico duro sozinha, em 2018, sem grandes resultados. Dois anos depois, Vera decidiu procurar o jornal Cruzeiro do Sul e contar a situação da filha, que sofria com dores e enfrentava uma série de limitações em função das dificuldades de locomoção.

Para quem não lembra, uma reportagem sobre o assunto foi publicada em 13 de fevereiro de 2020 e despertou a solidariedade de muitos sorocabanos, empresas, órgãos públicos, de pessoas de outros estados e até de outros países. E mesmo com a pandemia da Covid-19, as pessoas continuaram fazendo as doações de tampinhas para Vera. Até que foi possível juntar o valor necessário para a realização da cirurgia.

“Não tenho nem como citar nomes porque foram muitas pessoas que ajudaram e colaboraram com a campanha. Só posso agradecer a todas as pessoas e ao jornal Cruzeiro do Sul porque sem a solidariedade das pessoas eu jamais teria como pagar pela cirurgia da minha filha. Ela foi operada, deu tudo certo e no dia seguinte já teve alta. Agora, ela precisa fazer pelo menos três sessões de fisioterapia por semana e ficará de repouso cerca de dois meses”, conta.

Vera disse ainda que pessoas de outros estados chegaram a enviar tampinhas pelos Correios, e que pessoas de órgãos públicos municipais e de empresas, e de entidades, como o Rotary Club, ajudaram arrecadando e doando muitas tampinhas plásticas para ela. “Em eventos na cidade também fomos autorizados pela Prefeitura de Sorocaba e por empresas a recolher tampinhas, e muitas pessoas de Sorocaba se envolveram e ajudaram. Recebia ligações de pessoas de outras cidades e até de outros países dispostas a ajudar. Sou muito grata por tamanha solidariedade, apesar da pandemia”, afirma.

Uma senhora, moradora da Vila Santana, e com 84 anos na ocasião, após ler reportagem do jornal, começou a juntar tampinhas para a campanha, além disso, guardou a edição que tinha o telefone de contato da Vera. Mas, quando ela foi ligar para entregar a doação, não achou. Então, decidiu ligar na redação e pediu o telefone para entrar em contato. “Essa senhora da Vila Santana juntava as tampinhas e depois me ligava; meu marido ia até a casa dela buscar”, lembra Vera.

Campanha continua

Apesar de ter conseguido realizar a cirurgia de Andrezza, Vera afirma que continua recebendo as doações das tampinhas plásticas porque precisa pagar as sessões de fisioterapia que a filha precisa fazer, após passar pelo procedimento cirúrgico. “São pelo menos três sessões por semana e não temos plano de saúde, por isso continuo com a campanha para pagar o tratamento de fisioterapia da Andrezza”, explica.

As tampas de plástico duro que podem ser doadas para a campanha são as seguintes: de embalagens de água, de refrigerante, de leite, de potes de maionese, de achocolatados em geral, de desodorante, de talco, de remédios, de tubos de creme dental, de shampoo, de água sanitária, de amaciante, de cremes em geral, de sabonete líquido, de perfumes, de vidros de azeite, de produtos de limpeza, de água de coco, de vinho, de latas de leite em pó, de sucos de garrafa, entre outras.

Vera conta que atualmente o quilo das tampinhas está cotado em R$ 1,80. “Um quilo dá em média 450 tampinhas e eu vendo para o ferro-velho”, afirma. As doações podem ser feitas direto para ela e os interessados devem ligar para o celular (15) 98143-6730. Outros pontos de arrecadação são a Clínica Movimento, no Campolim, na rua Primo Pereira, 190, e ainda no posto de combustível Cidade, na avenida Edward Fru-Fru Marciano da Silva, na zona norte de Sorocaba.

Tratamento para filho com autismo

Outra família de Sorocaba também busca recursos para o tratamento do filho de 3 anos, que foi diagnosticado com autismo. A mãe, Aghatta Rodrigues Marques afirma que o menino necessita de tratamento de fonoaudiologia, além de consultas com outros especialistas, mas ela encontra dificuldades para conseguir todos os procedimentos pelo SUS. A família não possui plano de saúde.

“Ontem, consegui a consulta para o meu filho com o neurologista no Hospital do Gpaci. Preciso do laudo médico atestando o diagnóstico para conseguir atendimento, por exemplo, em entidades que oferecem tratamento para pessoas autistas”, conta. Aghatta também precisou sair do trabalho para cuidar do filho, pois sem o tratamento adequado ele fica bastante agitado e chora bastante. “Ele ainda não fala e chora muito quando não estou com ele, então, fica difícil eu trabalhar e deixá-lo sem um atendimento especializado”, disse.

Para tentar arrecadar recursos e pagar por um tratamento especializado, Aghatta passou a vender doces também aos finais de semana, em locais públicos da cidade, como no Parque das Águas e em pontos de ônibus no Campolim, em frente ao shopping. Os doces também podem ser comprados por meio da página dela numa rede social (@queromais.conf). (Ana Claudia Martins)