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Investigação policial

Site mostra reclamações contra a MSK Operações e Investimentos

‘Reclame Aqui’ apresentava queixas do esquema de pirâmide com criptomoedas

24 de Agosto de 2022 às 00:01
Vanessa Ferranti [email protected]
O não cumprimento do contrato por parte da MSK representa a maioria das reclamações
O não cumprimento do contrato por parte da MSK representa a maioria das reclamações (Crédito: REPRODUÇÃO / RECLAME AQUI)

A empresa especializada em assessoria de criptomoedas, MSK Operações e Investimentos, alvo da “Operação Seth” realizada na última quinta-feira (18), soma 192 reclamações no site Reclame Aqui. Os comentários da plataforma mostram queixas mais antigas, de nove meses, e outras mais recentes, feitas há apenas 25 dias. A maioria das publicações tem a mesma contestação: o não cumprimento do contrato. A reputação da empresa no ambiente virtual também é péssima, com nota de 2.1 (a máxima é 10). O site de reclamações não recomenda a empresa para usuários da plataforma.

Os comentários diversos refletem a indignação dos clientes da assessoria. Entre os registros, uma pessoa diz que fez uma aplicação de R$ 70 mil na empresa em 2020 e a partir de novembro de 2021 parou de receber o retorno financeiro. Outro usuário da plataforma conta que conhecia um dos funcionários da empresa MSK e este teria sugerido que fizesse o investimento. “Ele disse que a empresa era idônea e já tinha anos no mercado. Eu investi R$ 10 mil e nos três primeiros meses eu recebi acréscimo da empresa. Depois disseram que a razão social iria mudar e que iam devolver o dinheiro. Até hoje nada. Sumiram com meu dinheiro”, relatou.

Em uma postagem, um representante da MSK lamentou o episódio: “A empresa está passando por um problema jurídico junto a um funcionário. O inquérito foi aberto para que a Justiça tome as providências cabíveis. Tão logo essa situação se resolva, os fluxos voltarão a ser processados”, disse. O jornal Cruzeiro do Sul entrou em contato com a empresa investigada, mas não teve retorno.

Caso

A investigação da Polícia Civil de São Paulo contra o esquema de pirâmide financeira começou em março deste ano após um pedido do Ministério Público e do Procon. De acordo com a Polícia, vítimas de todo o Brasil procuraram o órgão de Proteção e Defesa do Consumidor para denunciar a empresa. Na ocasião, o Procon tentou fechar alguns acordos com a MSK, mas segundo a investigação, a empresa nunca cumpriu com as determinações.

O delegado coordenador da “Operação Seth”, José Mariano de Araújo Filho, conversou com o jornal Cruzeiro do Sul e explicou que a empresa existe há cerca de cinco anos, mas a sua ação no mercado de investimentos foi intensificava nos últimos três anos. Com escritórios espalhados por São Paulo e Rio de Janeiro, a assessoria trabalhava com gerentes que captavam os clientes, oferecendo aplicações financeiras em criptomoedas uma moeda digital. Para convencer as vítimas, a empresa prometia retorno financeiro com juros de 2 a 6% ao mês, dependendo do valor aplicado. Além disso, após o vencimento do contrato, a pessoa receberia de volta o valor principal investido com o juros que ela colocou na aplicação.

Ainda segundo o delegado, até o momento mais de 20 pessoas são investigadas e existem cerca de 4 mil vítimas espalhadas pelo Brasil. “Isso era uma pirâmide financeira, porque eles simplesmente suspenderam todos os pagamentos. Não devolveram o valor principal aplicado, não devolveram os juros que eles deveriam pagar e todo mundo perdeu o dinheiro que deveria ter recebido”, explicou.

O coordenador responsável pela investigação também alerta as pessoas sobre possíveis golpes de investimento financeiro. O delegado ressalta que é importante pesquisar informações sobre a empresa através do Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários, principalmente quando a corporação só existe no ambiente virtual. “Não tem milagre que faça uma aplicação ter grandes rendimentos mensais. A população precisa estar sempre alerta e entender que quando começam a oferecer juros de 2 a 5%, já é imediatamente um alerta de golpe”, enfatizou Araújo.

Operação Seth

A “Operação Seth” foi deflagrada na última quinta-feira (18) com cumprimentos de mandados de busca e apreensão nas cidades de Votorantim, São Paulo, Osasco, Itapevi, Cotia e Barueri. Policiais Civis estiveram em residências e empresas das pessoas envolvidas para apurar crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica, além de crimes contra a economia popular e o consumidor.

Durante a ação foram apreendidos documentos, computadores, celulares e veículos que serão usados como provas. Além disso, a Justiça também determinou o bloqueio de R$ 700 milhões em bens dos envolvidos.

Ainda segundo a Polícia Civil, a investigação continua e o próximo passo é fazer um mapeamento para identificar o destino do dinheiro que foi desviado das vítimas. Até o momento, ninguém foi preso. (Vanessa Ferranti)