A Justiça determinou a suspensão das atividades da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) da Guarda Civil Municipal de Sorocaba. A decisão foi tomada na manhã desta segunda-feira (22) após a prisão de mais dois guardas suspeitos de praticarem crimes de tortura no município. Ambos foram levados para a capital paulista. Além desses, outros sete agentes já haviam sido detidos durante as investigações e estão presos na penitenciária de Tremembé.

De acordo com o documento emitido hoje, todos os guardas civis municipais de Sorocaba em exercício terão que se afastar das atividades de patrulhamento ostensivo, passando a trabalhar apenas de forma administrativa interna. No documento consta também que a medida foi necessária devido aos fortes indícios de envolvimento dos integrantes da ROMU na prática dos crimes de tortura e outros delitos.

Além disso, a Justiça apresenta como justificativa o fato de existirem outros guardas, ainda não identificados, que estariam envolvidos na suposta associação criminosa. “São notórios o risco e a gravidade concreta das atividades de patrulhamento ostensivo realizadas pela Guarda Civil Municipal de Sorocaba às margens do ordenamento jurídico, muito embora o investimento em segurança pública seja uma necessidade crescente, em decorrência do aumento expressivo da violência urbana, por outro lado, isso não pode ser feito ao arrepio da lei, ainda que com a melhor das intenções, o que não ocorre”, declara o ofício.

Ainda segundo a decisão, a pausa das atividades será mantida pelo tempo necessário para o bom andamento das investigações e dos processos judiciais em curso. O jornal Cruzeiro do Sul entrou em contato com a Prefeitura de Sorocaba. A administração pública informou que o Município tomou conhecimento do pedido judicial e vai acatar o mesmo. Em paralelo, já estuda ingressar com recurso. A Prefeitura ressalta também que a Guarda Civil Municipal e o Município estão colaborando com tudo o que for possível nas investigações e tomando todas as medidas administrativas cabíveis.

‘Operação Pantera Negra'

As investigações começaram há cerca de 60 dias, após testemunhas denunciarem os atos dos agentes de segurança ao Ministério Público. A “Operação Pantera Negra" foi deflagrada em cinco de agosto e ao todo, nove guardas civis municipais de Sorocaba já foram presos somente este mês na cidade. As ações aconteceram na base da GCM e também nas residências dos suspeitos. Durante uma fase da operação, uma garrucha irregular foi apreendida com um dos agentes de segurança.

Segundo as investigações do MP, os GCMs batiam nas vítimas durante as revistas, em busca de armas e drogas. Em algumas situações, eles agrediam as pessoas com socos e até pedaços de madeira, inclusive, existe a denúncia de que uma vítima teria sido levada para um galpão na zona norte da cidade, onde foi espancada. Outros casos também são investigados. (Vanessa Ferranti)