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Vida longa

Aos 90 anos, Dona Josefina esbanja disposição e simpatia

Para começar o seu dia, às 6h30, ela não dispensa a leitura do Cruzeiro do Sul

18 de Agosto de 2022 às 00:01
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Em seu recanto preferido, Josefina recebeu a reportagem com os filhos Roberto e Renato e a nora Nirvana Ela é assinante do Cruzeiro do Sul há mais de 30 anos
Em seu recanto preferido, Josefina recebeu a reportagem com os filhos Roberto e Renato e a nora Nirvana Ela é assinante do Cruzeiro do Sul há mais de 30 anos (Crédito: CEZAR RIBEIRO (16/8/2022))

O dia de Josefina Zamur Escamez só começa quando ela senta na varanda da sua casa, no Parque Ouro Fino, por volta das 6h30 e lê o jornal Cruzeiro do Sul. O local da casa escolhido para a leitura é o seu preferido. Ali, Dona Josefina -- que ontem (17) completou 90 anos -- nos esperava com sorriso no rosto e esbanjando saúde, ao lado de dois de seus três filhos. É na varanda da casa que a ela passa a maior parte do dia, sentindo a brisa do vento e contemplando a paisagem.

Aliás, bastam alguns minutos de conversa para entender sua longevidade. Só faltou mesmo uma taça de vinho na mão, que ela tem o hábito de tomar todos os dias. Inclusive, é à pequena dose diária de vinho que Dona Josefina atribui, de maneira descontraída, sua saúde de décadas. “Todo dia bebo uma taça de vinho. Eu gosto de vinho suave, e até falo para o meu filho que cheguei aos 90 anos graças ao vinho”, disse.

Dona Josefina é assinante do Cruzeiro do Sul há mais de 30 anos. Mesmo com a televisão e rádio, ela gosta de se manter informada pelo jornal impresso. “Para mim, o jornal é direto, eu gosto!”, disse. Na varanda, acompanhada de um café preto, Josefina lê as notícias de Sorocaba, do País e do mundo que são publicadas diariamente no Cruzeiro do Sul. As regionais são suas preferidas. Além do jornal impresso, ela sempre gostou muito de livros, principalmente os de romance. Também assiste novelas e filmes de todos os tipos.

Ela é assinante do Cruzeiro do Sul há mais de 30 anos - CEZAR RIBEIRO (16/8/2022)
Ela é assinante do Cruzeiro do Sul há mais de 30 anos (crédito: CEZAR RIBEIRO (16/8/2022))

Aos 90 anos, Dona Josefina faz questão de ir ao supermercado sozinha. “Os meninos (filhos) trazem comida para mim. Mas eu gosto de ir sozinha ao mercado. Além de sair um pouco de casa, eu posso ver um produto diferente e comprar, por exemplo”. Para o passeio ao mercado, ela tira da garagem seu “xodó”, um Gol 2008. “Meu carro é manual, nunca viajei com ele. Tem fila para comprar, porque trato ele a pão de ló. Até mandei polir esses dias!”, contou.

Durante a conversa sobre os momentos que recorda com emoção, Dona Josefina destaca os vividos ao lado do marido, falecido há 14 anos. “Tenho lindas recordações de quando ia dançar com meu marido no Baile da Saudade. Era uma delícia. Íamos muito lá. Teve um ano que recebi o título de Mãe do Ano”. Ela relembra também as viagens para Mongaguá com a família. À época, ela ia para a praia de trem, do qual tinha passe livre devido ao marido ser ferroviário, ou na Kombi da família.

Dona Josefina conheceu uma Mongaguá desconhecida para muitos de nós. A praia não tinha iluminação ou ruas. Lá, para ter acesso à praia, a família passava com a carro na areia. Já fizeram bate volta e também já ficaram por mais de 10 dias. “Nós íamos na praia, na maior parte das vezes, nos dias de feira. Comprávamos palmito, peixe, camarão e outras coisas”.

Além da costura, presente em sua vida por 40 anos, cozinhar também é uma de suas paixões, principalmente aos domingos, para reunir a família. Com pai sírio, mãe italiana e marido espanhol, Dona Josefina aprendeu a cozinhar as mais variadas comidas para agradar a todos, de charuto à tortilla. Aliás, a comida de Dona Josefina é tão boa que hoje é reproduzida pelos seus filhos: Renato, 68 anos; Roberto, 63 anos e Reinaldo, 53 anos.

Quando um de seus filhos, Roberto, foi embora para o Mato Grosso, a saudade da comida da mãe bateu em sua porta. “Eu não sabia cozinhar, então ela me mandava carta com as receitas. Naquela época não tinha celular e eu passei a cozinhar lá. Porém, ficar igual à comida da mãe, é difícil”, disse Roberto sorrindo. O primogênito, Renato, perguntou à Dona Josefina se a comida dos filhos era boa. A resposta foi gratificante: “Tá boa, tá boa! Ele (Renato) fez uma feijoada domingo, vou te contar viu, uma delícia que estava! Todo mundo comeu e ainda levou um pote para casa”, contou.

Assim como toda mãe, Dona Josefina adora distribuir comida entre os filhos, o principal é a paçoca e os queijos que compra de um vendedor do bairro. “Compro parmesão, bolacha, doce e dou para os meus filhos”. Encerramos nosso bate-papo e Dona Josefina nos presenteou com a paçoca que tanto elogiou. Um presente que adoça a vida e nos mostra o verdadeiro significado de humildade. (Virginia Kleinhappel Valio)

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