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Preservação

Patrimônios imateriais preservam identidade sorocabana

14 de Agosto de 2022 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Tropeirismo foi o primeiro bem imaterial de Sorocaba
Tropeirismo foi o primeiro bem imaterial de Sorocaba (Crédito: ARQUIVO JORNAL CRUZEIRO DO SUL / PROJETO MEMÓRIA)

Apesar de o conceito de patrimônio cultural imaterial ter sido criado em 1988, junto à Constituição Federal, o primeiro registro declarado em Sorocaba foi em 2015, com o reconhecimento do Tropeirismo. Na lista de bens intangíveis constam outros dez patrimônios, que vão desde desfiles de samba a eventos religiosos.

Os patrimônios imateriais não precisam ser necessariamente físicos para existirem: têm relação direta às práticas e domínios da vida social, geralmente encontrados em locais que abrigam atividades culturais coletivas, como mercados, feiras e santuários. Também podem ser identificados em celebrações, costumes, tradições, formas de expressões cênicas, plásticas, musicais, lúdicas, entre outras. Se caracterizam pela transmissão entre gerações, além de serem recriados por comunidades e grupos.

O primeiro bem imaterial declarado em Sorocaba foi o Tropeirismo. A atividade teve início na cidade por volta dos anos 1750 e transformou a cidade. Como consequência desse evento, eram realizadas as famosas “Feiras de Muares” que, normalmente, tinham duração de dois meses.

Em 2017, o time de futebol sorocabano Esporte Clube São Bento foi considerado patrimônio imaterial. O “Bentão” -- apelido carinhoso dado pelos torcedores -- foi fundado em 14 de setembro de 1913. Depois de quatro décadas, em 1953, a equipe optou pela profissionalização do clube, que segue até os dias de hoje.

No mesmo ano, foi considerado bem intangível as feiras livres, que ocorrem em mais de 30 pontos de Sorocaba, de terça-feira a domingo, com diversas barracas, que comercializam pratos típicos, artesanatos, além de produtos como temperos, roupas e cosméticos.

Em 2018, o Mercado Municipal, conhecido como “Mercadão”, também entrou na lista de patrimônios imateriais. O empreendimento existe há mais de 80 anos, pois foi inaugurado em 1938, em linhas art-déco, estilo moderno para época.

Também em 2018, foi a vez do zoológico municipal Quinzinho de Barros. Atualmente, o ponto turístico fica na Vila Hortência, zona leste. Atualmente, é considerado um dos mais completos da América Latina. Em 1993 foi escolhido, por votação popular, como símbolo de Sorocaba.

Em 2019, a Feira da Barganha, ativa na cidade desde 1978, entrou para a lista. Está relacionada ao tropeirismo e ocorre sempre aos domingos, na Alameda do Horto, bairro Caguaçu.

No mesmo ano, foi considerada a Banda Regimental de Música do Comando de Policiamento do Interior (CPI-7). O conjunto foi criado em 1934, seus músicos atuam em solenidades militares, eventos cívicos, em projetos culturais e cívicos, além de se apresentar em casas de repouso e hospitais para realizar trabalhos de musicopterapia.

Em 2021, foi declarado o evento Marcha para Jesus, que reúne anualmente centenas de cristãos. Desde 1987, é realizado em todo o mundo, com atrações musicais. Neste ano, a celebração está marcada para o dia 7 de setembro, em Sorocaba.

Ainda em 2021, foram reconhecidos os desfiles das escolas de samba realizados durante o Carnaval no município. E, em 2022, a Faca Sorocaba, que também está relacionada ao tropeirismo, se tornou patrimônio imaterial. O objeto, desenvolvido entre os séculos XVIII e XIX, é conhecido em todo território nacional.

Por fim, o bem intangível mais recente da lista é o Gabinete de Leitura Sorocabano, aprovado pela Câmara Municipal na última quinta-feira (11). A entidade conta com mais de 150 anos de história e foi fundada ainda na época do império do Brasil. Atualmente, o gabinete é presidido por Laor Rodrigues, que também faz parte do Conselho Consultivo da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul (leia mais sobre o assunto, na reportagem ‘Gabinete de Leitura guarda séculos de história’). (Wilma Antunes)