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Sorocaba

Câmara aprova projeto para salas de cinema adaptadas

Torna obrigatória a realização de ao menos uma sessão especial por mês em cada cinema

07 de Agosto de 2022 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Sessões adaptadas terão luzes levemente acesas.
Sessões adaptadas terão luzes levemente acesas. (Crédito: Reprodução/Sessão Azul)

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) poderão assistir filmes em salas de cinema adaptadas. Um projeto de lei que torna obrigatória a sessão inclusiva foi aprovado na quinta-feira (4), em segunda discussão, na Câmara de Sorocaba.

A iniciativa, do vereador Péricles Régis (Podemos), torna obrigatória a realização de ao menos uma sessão especial por mês em cada cinema. A diferença de uma sala comum para uma sala adaptada é a iluminação, volume do som e flexibilização para entrada e saída durante a exibição do filme.

Com isso as sessões inclusivas não poderão exibir publicidades comerciais ou informes e o volume do som deve ser reduzido, bem como as luzes precisam permanecer levemente acesas. A entrada e saída da família na sala de cinema ainda será autorizada durante toda a exibição.

Além, mesmo no caso das salas adaptadas para autistas, o público, que não tem o transtorno, também poderá acompanhar as sessões. A questão foi levantada por membros do Legislativo sorocabano, que destacaram a importância de ações inclusivas em eventos da cidade.

O alto volume dos filmes, segundo parlamentares, também incomoda algumas pessoas que são mais sensíveis a ruídos. Desta forma, iniciativa também contemplaria parte da população que não se sente confortáveis nesses ambientes. “Não vai atender só pessoas autistas. O volume é muito alto e realmente chega a incomodar”, destacou outro vereador.

Ainda conforme o projeto, as sessões deverão ser identificadas com o símbolo mundial do espectro autista - fita do quebra-cabeça - afixado na entrada da sala de exibição.

Se o projeto for regulamentado pelo executivo, os cinemas que descumprirem a lei serão, inicialmente, advertidos. Após a primeira notificação, poderá ser aplicada multa no valor de 100 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesp), ou seja, R$ 3.197 mil. O valor ainda será dobrado a cada reincidência. A proposta teve parecer favorável e foi parabenizada por outros parlamentares, sensíveis à causa dos autistas e às ações inclusivas.

Mãe de autista

Aos fundos do plenário, Tagliane Gonçalves, de 38 anos, estava de braços abertos, estendendo uma bandeira com o símbolo mundial do autismo de uma mão a outra. Ela é mãe do Pietro, de 8 anos, que tem TEA nível 1 -- aqueles que têm capacidade de realizar atividades diárias, manter uma conversa normalmente, ler e escrever, além de outras atividades.

Ela conta que o filho, em muitas ocasiões, não conseguiu ficar na sala de cinema até o fim da sessão. A possibilidade de ter uma sala adaptada às necessidades de Pietro deixou a mãe contente. “A gente quer a inclusão de autistas na cultura. Tem mães que nunca levaram seus filhos ao cinema porque, dependendo do grau do autismo, a criança não consegue ficar. Estamos lutando por ainda mais direitos para nossos filhos”, afirmou.

Ela também contou que existem outras questões a serem revistas pelo Poder Público. Entre elas estão a adequação de visitas a museus e vagas de estacionamento reservadas à população com TEA. “O Pietro usa o cordão de identificação, mas não é todo mundo que quer ficar com o acessório. Até a gente sair do carro e explicar que se trata de uma pessoa autista, gera muito constrangimento e até mesmo discussão”, explicou. (Wilma Antunes)