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Legislativo

Cinemas de Sorocaba podem ganhar sessões adaptadas para autistas

Projeto de lei foi aprovado, em primeira discussão, na Câmara Municipal

03 de Agosto de 2022 às 14:57
Wilma Antunes [email protected]
Sessões adaptadas terão luzes levemente acesas.
Sessões adaptadas terão luzes levemente acesas. (Crédito: Reprodução/Sessão Azul)

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) poderão assistir filmes em salas de cinemas adaptadas. Um projeto de lei que torna obrigatória a sessão inclusiva foi aprovado na terça-feira (2), em primeira discussão, na Câmara de Sorocaba.

A iniciativa, de autoria do vereador Péricles Régis (Podemos), torna obrigatória a realização de ao menos uma sessão especial por mês para cada cinema. A diferença de uma sala comum para uma sala adaptada é a iluminação, volume do som e flexibilização para entrada e saída durante a exibição do filme.

De acordo com o documento, as sessões inclusivas não poderão exibir publicidades comerciais ou informes. Além disso, o volume do som do filme deve ser reduzido, bem como as luzes precisam permanecer levemente acesas. A entrada e saída da família na sala de cinema ainda será autorizada durante toda a exibição.

Embora as salas sejam adaptadas para pacientes autistas, o público que não tem o transtorno também poderá acompanhar as sessões. A questão foi levantada por membros do Legislativo sorocabano, que destacaram a importância de ações inclusivas em eventos da cidade. “Que isso se torne uma constate. Existem pessoas que não conseguem ficar com a sala fechada porque tem transtornos de pânico ou claustrofobia”, disse uma vereadora.

O alto volume dos filmes, segundo parlamentares, também incomoda algumas pessoas que são mais sensíveis a ruídos. Desta forma, iniciativa também contemplaria parte da população que não se sente confortáveis nesses ambientes. “Não vai atender só pessoas autistas. O volume é muito alto e realmente chega a incomodar”, destacou outro vereador.

Ainda conforme o projeto, as sessões deverão ser identificadas com o símbolo mundial do espectro autista (fita do quebra-cabeça) afixado na entrada da sala de exibição. Se o projeto for aprovado em segunda discussão e regulamentado pelo Executivo, os cinemas que descumprirem a lei serão, inicialmente, advertidos.

Após a primeira notificação, poderá ser aplicada multa no valor de 100 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesp), ou seja, R$ 3.197 mil. O valor ainda será dobrado a cada reincidência. A proposta tem parecer favorável e foi parabenizada por outros parlamentares, sensíveis à causa dos autistas e às ações inclusivas.

Mãe de autista

Aos fundos do plenário, Tagliane Gonçalves, de 38 anos, estava de braços abertos, estendendo uma bandeira com o símbolo mundial do autismo de uma mão a outra. Ela é mãe do Pietro, de 8 anos, que tem TEA nível 1 -- aqueles que têm capacidade de realizar atividades diárias, manter uma conversa normalmente, ler e escrever, além de outras atividades.

O filho de Tagliane, em muitas ocasiões, não conseguiu ficar na sala de cinema até o fim da sessão. A possibilidade de ter uma sala adaptada às necessidades de Pietro deixou a mãe extasiada. “A gente quer a inclusão de autistas na cultura. Tem mães que nunca levaram seus filhos ao cinema porque, dependendo do grau do autismo, a criança não consegue ficar. Estamos lutando por ainda mais direitos para nossos filhos”, afirmou.

Ela também contou que existem outras questões a serem revistas pelo Poder Público. Entre elas estão a adequação de visitas a museus e vagas de estacionamento reservadas à população com TEA. “O Pietro usa o cordão de identificação, mas não é todo mundo que quer ficar com o acessório. Até a gente sair do carro e explicar que se trata de uma pessoa autista, gera muito constrangimento e até mesmo discussão”, argumentou. (Wilma Antunes)

Tagliane Gonçalves luta pela inclusão de pessoas com autismo.  - Wilma Antunes
Tagliane Gonçalves luta pela inclusão de pessoas com autismo. (crédito: Wilma Antunes)