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Mercado imobiliário

Venda e locação de imóveis têm saldo positivo de 60% na RMS

Procura para fins residenciais priorizou casas e apartamentos usados, segundo dados do Creci

21 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Pesquisa utilizou informações de 57 imobiliárias de 12 cidades
Pesquisa utilizou informações de 57 imobiliárias de 12 cidades (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO JCS (19/7/2022))

As vendas e locações de imóveis residenciais usados tiveram saldo positivo de 60% em 12 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) no primeiro semestre deste ano. De janeiro a junho, as comercializações ficaram positivas em 63,93%, e as locações, em 59,76%. Os dados constam de pesquisa divulgada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP).

O estudo da entidade foi realizado com 57 imobiliárias e corretores de Cerquilho, Ibiúna, Itapetininga, Itu, Mairinque, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto de Pirapora, São Roque, Sorocaba, Tatuí e Votorantim. Na comparação entre junho e maio de 2022, as locações de casas e apartamentos caíram 62,66% na região. Já as vendas diminuíram 1,17%.

O ano começou negativo para o mercado imobiliário, com queda de 17,17% nas vendas em janeiro. Porém, em fevereiro, houve recuperação, e o porcentual subiu para 14,01%. A tendência de alta se manteve em março (63,07%) e abril (23,82%). Contudo, o decréscimo voltou em maio (-18,63%) e junho (-1,17%).

Por outro lado, as locações iniciaram 2022 favoráveis, com 65,09% de aumento em janeiro. Em fevereiro, a elevação já foi mais tímida, de 10,02%. Em março e abril, a conjuntura mudou, com reduções de 20,68% e 44,56%, respectivamente. Em maio, nova melhora expressiva de 112,55%, seguida por outra baixa de 62,66% em junho. No entanto, no acumulado semestral, o saldo é positivo tanto para vendas quanto para locações.

De acordo com o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto, parte do crescimento no mercado imobiliário se deve ao fato de as empresas terem adotado o home office. Ele destacou que algumas famílias que moravam em Campinas, São Paulo, Guarulhos ou Osasco procuraram sair dessas cidades. Isso porque o metro quadrado nessas áreas está altamente valorizados, diferente da região de Sorocaba, que tem o preço mais em conta.

“As pessoas que alugavam um imóvel com dois dormitórios nessas regiões, por exemplo, conseguiram alugar uma casa com três dormitórios aqui. Sorocaba também se caracteriza pelo grande número de condomínios horizontais. Muitos casais, principalmente com filhos, preferiram mudar. Assim, as crianças tiveram mais liberdades para brincar fora, melhorando, ainda, a qualidade de vida”, explicou.

Detalhamento

O levantamento do Creci ainda apresenta vários detalhes sobre as vendas e locações. Em junho, especificamente, 68,18% das comercializações foram de casas e 31,82%, de apartamentos. Os imóveis de médio padrão lideram (70%). Segundo o relatório, a maioria dos compradores (56,52%) optou por imóveis na faixa de preço de até R$ 200 mil. Em relação aos apartamentos, grande parte escolheu opções de até 50 metros quadrados (71,43%), com dois dormitórios (71,43%) e uma vaga de garagem (100%). Quanto às residências, os consumidores preferiram opções de 51 a 100 metros quadrados (56,25%), com dois quartos (93,75%) e uma vaga de garagem (43,75%).

Locações

Os novos inquilinos priorizaram a locação de casas (91,67%) a apartamentos (8,33%). Os locatários escolheram majoritariamente aluguéis de até R$ 1.500. A maioria alugou imóveis de médio padrão (54,55%). As residências mais procuradas foram as de 101 a 200 m² (36,36%), de até três dormitórios (54,55%) e duas vagas de garagem (63,64%). Já o tipo de apartamento mais buscado foi de até 50 m² (100%), com um dormitório (100%) e uma vaga de garagem (100%).

Momento de retomada

O economista e professor Marcos Antonio Canhada diz que o ramo imobiliário da região de Sorocaba vive momento de retomada. Segundo ele, com a melhora da pandemia de Covid-19, a economia, -- amplamente afetada pela crise sanitária -- começa a apresentar recuperação e crescimento. Assim, muitas pessoas afetadas pelo desemprego no período têm conseguido retornar ao mercado de trabalho e, consequentemente, a reaver suas rendas e poder de consumo. Tudo isso, fala Canhada, movimenta o mercado. “Quando a sociedade percebe que os movimentos econômicos começam a ser retomados, se sente mais segura em poder fazer ações de médio e longo prazo com as quais ela possa se comprometer, como compra e locação de imóveis”, pontua.

Conforme o especialista, o fim do home office em várias empresas -- em decorrência da regressão da pandemia -- é outro fator responsável por alavancar o setor. Ele cita que esse ponto favorece, principalmente, as locações. “Durante a pandemia, as pessoas que trabalhavam fora da sua cidade foram para suas casas e, muitas vezes, deixaram de locar imóveis. Nesse processo de retomada, em algumas empresas as pessoas retornarem às suas atividades (presenciais). Então, novamente, há essa necessidade de locação para quem volta a trabalhar fora da cidade de sua moradia tradicional”, explica.

Neste sentido, para Canhada, a instalação de novas empresas na RMS igualmente beneficia o setor. Isso porque, muitas vezes, há contratação de trabalhadores de outras localidades, e eles precisam comprar ou locar na região.

Imóveis usados têm vantagens

Proprietário de uma imobiliária de Sorocaba, Sérgio Jacinto viu na prática o crescimento nas duas modalidades Mas, segundo ele, as locações têm se sobressaído às vendas, sobretudo, por questões econômicas. As principais, informa, são o aumento da Selic -- taxa básica de juros da economia --, dos juros de financiamentos bancários e dos valores das próprias parcelas.

O corretor ainda comenta que muita gente tem preferido alugar ou comprar casas ou apartamentos imóveis em detrimento de novos justamente para economizar.“A valorização por conta da matéria-prima no valor dos imóveis novos acabou inibindo o mercado de compra e venda. Então, essas pessoas vêm para o mercado de usados”, afirma. Conforme ele, atualmente, o público desse mercado é formado, especialmente, por ex-proprietários de bens novos. “São casais, de classes C e D, que estão fazendo upgrade (melhoria, em tradução livre) ou que não conseguiriam pagar as parcelas em função dos aumentos do IGPM (Índice Geral de Preços ao Mercado), conhecido como “inflação do aluguel”, (valores) do condomínio, IPTU, prestações, água, luz”, detalha.

Fácil

Para o empresário, a procura crescente está igualmente relacionada à facilidade de aquisição ou locação de imóveis usados. Nesse caso, enumera ele, é possível negociar com o proprietário, oferecer outro bens como parte do pagamento e possibilidade de parcelamento diretamente com o dono. (Vinicius Camargo e Wilma Antunes)