O projeto de lei que estabelece a revisão do Plano Diretor de Turismo para os exercícios de 2022 a 2024 foi aprovado, em primeira e segunda discussão, pela Câmara Municipal de Sorocaba, na tarde desta terça-feira (5). A iniciativa, de autoria do Executivo, foi discutida durante sessão extraordinária e gerou debates sobre potenciais pontos turísticos na cidade. Além disso, a elaboração sem consulta ao Legislativo também foi assunto no plenário.

O vereador Luís Santos (Republicanos) citou, como ponto turístico a ser explorado, um relógio movido a água, que fica no prédio Palacete Scarpa, no Centro. Ele disse que, apesar de a manutenção do relógio ter sido solicitada, não havia técnico habilitado no País para realizar os serviços. Ítalo Moreira (PSC), por sua vez, destacou a importância dos mosteiros da cidade.

“Baltazar Fernandes está enterrado no Mosteiro São Bento, no Centro. A história de Sorocaba é rica. O segundo templo construído no país, dedicado a São Judas Tadeu, é em Sorocaba. Temos que explorar esses pontos”, apontou Moreira.

Os parlamentares Fausto Peres (Republicanos), Dylan Dantas (PSC) e João Donizeti (PSDB) também se manifestaram a favor do projeto. Para eles, o Plano Diretor fomentará ainda mais o setor de turismo e, consequentemente, a receita do município.

Embora a vereadora Iara Bernardi (PT) não tenha votado contra a proposta, ela aproveitou o momento para criticar a “falta de profundidade” do Plano Diretor. Para ela, a administração municipal deveria ter consultado o Legislativo e também ter feito uma audiência pública antes da elaboração do projeto.

“Não tem atrativo turístico. A Casa do Turista não tem funcionário para atender a população. A Ufscar tem o melhor curso de turismo do Brasil e sequer foi consultada. Merecia ter mais aprofundamento, ter feito audiência pública, no mínimo”, ressaltou. A falta de consultas públicas sobre o tema também foi criticada por Fernanda Garcia (Psol).

Luís Santos respondeu a fala da colega dizendo que o excesso de audiências atrasaria os projetos. Ele ainda cutucou a vereadora por conta do comentário: “Andam dizendo por aí que a Iara faz reunião para marcar a reunião. É o que dizem”.

O Cruzeiro do Sul questionou a Prefeitura de Sorocaba sobre a realização de audiência pública e aguarda respostas. 

Projeto

O Plano Diretor de Turismo de Sorocaba foi elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, com base no Inventário Turístico municipal, que contém informações sobre as principais características da cidade, como seus aspectos históricos e culturais, dados e índices sobre seu desenvolvimento, entre outros. O plano foi validado tecnicamente pelo turismólogo Fernando Marques da Silva Filho, filiado à Associação Brasileira de Turismólogos.

Na realização do inventário turístico que antecedeu a elaboração do plano foram aplicadas 369 pesquisas, entre 1° de junho e 17 de agosto de 2021, na rede hoteleira, na Feira de Artesanato, no Zoológico Municipal e na Rodoviária de Sorocaba.

A pesquisa levantou dados como origem e tempo de permanência dos turistas na cidade, gastos efetivados no comércio e grau de satisfação com os serviços oferecidos. Para os turistas pesquisados, Sorocaba possui boa infraestrutura e bons serviços de apoio, como restaurantes, meios de hospedagem e comércio, mas precisam ser melhorados os estacionamentos, a segurança e os sanitários públicos.

Além da pesquisa sobre demanda turística, o plano também faz um diagnóstico turístico e traça prognósticos, programas e projetos para o setor.

Workshop

Ao contrário do que foi apontado por Iara Bernardi, a Prefeitura de Sorocaba informou ao Cruzeiro do Sul que a Sedettur realizou, ainda em novembro de 2021, um workshop de “Construção Coletiva para Ações de Desenvolvimento do Turismo em Sorocaba”, aberto ao público. A divulgação, conforme nota enviada à reportagem, teria sido feita por meio do site e dos canais oficiais da municipalidade.

“O objetivo foi justamente ouvir as sugestões da população sorocabana e de profissionais e empresários da área interessados. O intuito foi justamente ampliar a discussão pelo fato de, na primeira edição do Plano Diretor do Turismo, elaborado em 2017, não ter sido realizada audiência pública, algo que, de fato, a legislação não obriga. No entanto, desta vez, mesmo em meio à pandemia, fez-se questão de que o processo fosse aberto à participação coletiva”, respondeu.

Além do workshop, a administração municipal também destacou que uma reunião com membros do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) foi realizada em dezembro de 2021. A Casa do Turista conta, atualmente, com cinco funcionários e dois estagiários, segundo o Executivo. (Wilma Antunes)