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Economia

Alta dos combustíveis abre espaço a veículos elétricos

Modelos de duas rodas, como scooters e patinetes, são preferidos

26 de Junho de 2022 às 00:01
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Economia frente aos combustíveis é um dos principais atrativos na escolha pela mobilidade elétrica
Economia frente aos combustíveis é um dos principais atrativos na escolha pela mobilidade elétrica (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/6/2022))

A Petrobras, recentemente, anunciou novos reajustes nos preços dos combustíveis. Os constantes aumentos realizados pela distribuidora fizeram com que os veículos elétricos de duas rodas chamassem a atenção dos brasileiros, como as scooters e patinetes.

O porteiro Valmir Ribeiro, de 58 anos, investiu em uma scooter elétrica há sete meses. A escolha veio não somente pela economia de combustível, mas também de outros itens que acompanham o veículo de quatro rodas, como licenciamento, IPVA e seguro. “A relação em termos de economia, é muito significativa. Não gasto nem R$ 30 de energia. Em duas horas, ela tem carga total e rende 50 km. No caso da minha scooter, são três modos de velocidade, sendo a máxima 75 km/h”, explica.

Valmir conta que sua scooter não faz barulho algum e que a utiliza para ir ao trabalho, no qual gasta 7 km. “Em um ano e meio, já recuperei os R$ 14 mil investidos nela. Quando fiquei sem carro por 45 dias, antes de adquirir uma scooter, gastei R$ 600 de Uber para ir trabalhar. De combustível, estava gastando em torno de R$ 600 a R$ 700 por mês. Hoje, não gasto nem R$ 30 de energia. É muito vantajoso”.

O diretor da empresa CBH Mobilidade Elétrica, Cassio Henrique Bovo, explica que o investimento gira em torno de R$ 10 mil a R$ 30 mil e o retorno acontece de acordo com o uso. “Aqui, a mais em conta é R$ 10.900, a Vespa R$ 22.900,00”. O modelo mais caro que ele possui na loja está para chegar, é uma moto italiana, de R$ 35 mil.

Segundo o empresário, existem variações de potências de motor, capacidade de bateria e geografia. Uma bateria dura, em média, 1.000 ciclos. Se o veículo for carregado todo dia, serão três anos de bateria. “Não é que esses 1.000 ciclos acontecerão. Tenho clientes que já estão com 1.500 ciclos. Isso vai depender do cuidado da pessoa, de não deixar, por exemplo, zerar a bateria”. Nas revisões, é realizada a limpeza e ajuste do freio. Os itens de desgaste são a pastilha e o pneu.

Para ele, não existe um perfil de comprador. “É uma questão de aplicabilidade. Tem pessoa que compra pra obter uma economia a médio e longo prazo, tem quem olhe pela sustentabilidade, e tem a pessoa que compra por hobby, para andar em um condomínio, por exemplo. O ser humano está olhando pro meio ambiente e pro aquecimento global, além da economia financeira. O elétrico não exige muita manutenção, o barulho é limpo e não há poluição sonora”.

Investimento para passeio

Cássio Bovo diz que investimento vai de R$ 10 mil a R$ 30 mil. - FÁBIO ROGÉRIO (14/6/2022)
Cássio Bovo diz que investimento vai de R$ 10 mil a R$ 30 mil. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/6/2022))

Quem também investiu em uma scooter elétrica foi o autônomo Ricardo Moraes, de 47 anos. Ele resolveu comprar uma scooter após ficar oito meses sem carro. “Comprei com garupa para levar meu filho na escola, que é perto de casa, fiquei com ela por dois anos. Mês passado, investi R$ 15.900 em uma scooter nova. Foi um ótimo investimento para usar esse veículo como esporte. Não uso como uma moto normal, porque são muito perigosas para andar no trânsito comum”, avalia.

Ricardo conta que percebeu a economia, pois com seu carro, gastava quase R$ 2 mil apenas em combustível, sem contar outras despesas. “Tenho que ter um carro, pois viajo muito, e para sair com a família precisa ser de carro”. Ele conta também que tirou CNH de motocicleta e que considera fácil pilotar uma scooter. “É fácil, mas tem que ser bem mais esperto, porque ela não tem som de moto, é preciso redobrar a atenção para andar em trânsito”.

A scooter que Ricardo investiu tem, segundo ele, uma autonomia acima de 40 km e atinge a velocidade máxima de 80 km/h. “Se eu carregar todos os dias, a conta de energia aumentará em média R$ 30”. Entre as vantagens, para ele, destacam-se o gasto de poder se locomover à lugares próximos, como padaria e farmácias, com agilidade e rapidez.

Regulamentação e regras

Não existe distinção de habilitação para motos e scooters. A exceção é a nova categoria de habilitação batizada de ACC (autorização para conduzir ciclomotores), destinada a condutores de ciclomotores com até 50 cm³.

Na ciclovia existe o limite de velocidade de 25 km/h para itens elétricos, porém, a velocidade depende do modelo. “As bicicletas, por exemplo, atingem mais de 25 km/h. Essa regulamentação não está batendo com o que existe. É um item novo, mas pegaram resoluções antigas e tentaram adaptar para o elétrico, sem embasamento técnico. Ela está limitando uma bicicleta elétrica de andar na ciclovia, mas sem argumento técnico. É cabível e isso é sinal que estão enxergando este mercado, que está em expansão. Por meio da associação, estamos entrando com algumas defesas, para que essas resoluções sejam bem elaboradas e tenham aplicabilidade”, afirma Bovo.

A implantação de novas regras surge devido ao mal uso dos veículos elétricos de duas rodas, “Como não tem placa, as pessoas andam na contramão, por exemplo. Isso acarretou em um olhar diferente para o produto. Agora estão trazendo os veículos de duas rodas regulamentados, que podem ser emplacados. Já o uso do capacete, sempre foi obrigatório. O respeito pelas leis de trânsito deve existir, independente do veículo”.

Mercado em expansão

Veículos podem ou não ser emplacadados, mas uso de capacete é sempre obrigatório. - FÁBIO ROGÉRIO (14/6/2022)
Veículos podem ou não ser emplacadados, mas uso de capacete é sempre obrigatório. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/6/2022))

O mercado está crescendo muito. Enquanto Estados Unidos e Europa investem cada vez mais em veículos elétricos, no Brasil, temos apenas 3% do mercado elétrico explorado. Para o empresário, não é somente a alta dos combustíveis que está fazendo o mundo voltar os olhos à mobilidade elétrica. “Exemplo disto é o Elon Musk. O combustível não é caro somente aqui no Brasil, ele é caro no mundo todo. O elétrico não emite monóxido de carbono, ele reduz o espaço físico dentro do trânsito. É uma energia renovável, com baixa manutenção e muita tecnologia. Não tem barulho e é uma energia limpa. No Brasil ainda estamos caminhando, mas na Europa, em 2025, vai parar de ser fabricado carros à combustão e, em 2035, para de circular. Então olha a projeção que nos temos”, comenta o empresário.

Ele conta também que costuma sair com o filho aos finais de semana para passear de scooter e não tem gastos, “Eu paro pra almoçar, aproveito e carrego a bateria, que é o mesmo plugue de carregar um celular”.

Entenda algumas diferenças

Vale lembrar que scooters não são motos. Nelas, o condutor pilota sentado, enquanto na moto a posição é montada. O modo de condução também é diferente, sendo controlado pelas mãos e os freios funcionam da mesma forma que nas bicicletas, acionados nos manetes.

No caso dos modelos pequenos, de até 125 cm³, não é recomendado levar pessoas na garupa. As rodas também possuem menor diâmetro, em geral, de até 12 polegadas, por isso, é preciso atenção aos grandes buracos do asfalto. As scooters também possuem a vantagem de serem menos visadas para roubo, o que pode compensar no valor do seguro. (Virgínia Kleinhappel Valio)

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