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Infrações

Emissão de multas de trânsito aumenta 16% em Sorocaba

Autuações por excesso de velocidade lideram o ranking

19 de Junho de 2022 às 00:34
Vinicius Camargo [email protected]
Parar em local/horário proibido gerou 2.472 multas até agora, em 2022
Parar em local/horário proibido gerou 2.472 multas até agora, em 2022 (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (13/6/2022) )

O número de multas de trânsito aumentou 16% em Sorocaba no primeiro quadrimestre deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2019. De janeiro a maio de 2022, foram 67.098 registros, ante 57.797, em 2019. Nos dois, as autuações por excesso de velocidade lideram o ranking de infrações mais frequentes. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Mobilidade (Semob), a pedido do Cruzeiro do Sul. A comparação foi feita com 2019 pois, devido à pandemia de Covid-19, os dados de 2020 e 2021 ficaram represados.

Neste ano, o mês com mais multas aplicadas foi janeiro, com 22.012. Na sequência, fevereiro, com 16.980, março, 16.245 e abril, 11.861. Em 2019, houve mais autuações em abril (14.157). O segundo mês com mais ocorrências foi janeiro (16.228), seguido por fevereiro (13.807) e março (13.605). No comparativo entre cada mês de 2019 e 2022, os registros cresceram 35% em janeiro; quase 23% (22,98%) em fevereiro; e 19% em março. Por outro lado, em relação a abril, caíram 16%.

Neste ano, transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% ocupa o primeiro lugar, com 33.881 casos. Depois, aparecem avançar o sinal vermelho, com 5.844, e trafegar acima da velocidade permitida em mais de 20% até 50%, com 5.171. Na quarta posição, está não usar cinto de segurança (4.757) e dirigir manuseando celular (1.949).

Em 2022, a maior velocidade registrada foi de 146 quilômetros por hora, na avenida Dom Aguirre, próximo à rua Ana Monteiro Carvalho. Na vida, o limite é de 70 km/h. Ou seja, o automóvel que cometeu a infração circulava acima do dobro do permitido. Já em 2019, transitar em velocidade superior ao permitido em até 20% também liderava (22.642). As três seguintes são não uso do cinto de segurança (3.797); velocidade superior à permitida em mais de 20% até 50% (3.572); e estacionar em desacordo com a sinalização (2.347). Por fim, parar em local/horário proibido (2.472).

Como nota-se, apenas dois tipos de multas se repetem no ranking, nos dois anos, inclusive, nas mesmas posições. Na comparação, transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% aumentou 49% de 2019 para 2022. Circular acima da velocidade permitida em mais de 20% até 50% subiu 44%.

A Semob diz não ter o levantamento de multas aplicas por região da cidade e também a quantidade de multas de trânsito questionadas e o total de anulações no primeiros quatros meses de 2022.


Renda gerada


Sobre a destinação dos recursos arrecadados com as multas, a Semob informou que “a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito como define a legislação”. O valor gerado pelas multas não foi informado.

 

‘Poder de fiscalização é menor do que o número de infratores’

O número de multas em Sorocaba, apesar de expressivo, é baixo diante do total de infrações cometidas na cidade. A avaliação é do advogado Renato Campestrini, especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária. Segundo ele, diariamente, muitos motoristas cometem diversas infrações no município. Porém, nem todas são registradas, pois falta fiscalização por parte do Poder Público. “O poder de fiscalização é muito menor do que o número de veículos infratores que se observa nas vias públicas”, disse.

De acordo com o especialista, o controle inadequado influencia nos grandes índices de infrações. Mas, na verdade, a falta de consciências dos motoristas é a principal causa do problema, embora ambas questões estejam diretamente relacionadas. Campestrini considera que muita gente não respeita a legislação por conta da sensação de impunidade.

Conforme ele, muitas vezes, a pessoa comete a infração e, como não é penalizada, em razão da fiscalização deficitária, tende a repeti-la. O advogado aponta, inclusive, que o próprio Código de Trânsito Brasileiro (CTB) dificulta, em alguns casos, a responsabilização do infrator. Cita como exemplo as ocorrência de excesso de velocidade.

Em 2020, a resolução do CTB sobre as regras para a instalação de radares mudou. Antes, o código ordenava de avisos sobre presença dos equipamentos entre 100 e 300 metros de distância deles. Agora, as placas devem estar nos postes onde ficam os dispositivos.

Com isso, afirma Campestrini, o motorista pode alegar, por exemplo, não ter visto o informe, para evitar ser autuado. “A legislação está muito mais favorável apara aquele que transita em desacordo com a norma do que aquele que respeita a norma”, disse.


Excesso de velocidade


Campestrini considera todas as infrações graves, mas aponta justamente o excesso de velocidade como a mais séria. Segundo ele, essa irregularidade é a que mais oferecem risco ao condutor e às outras pessoas. “A cada 1% de aumento na velocidade média, aumenta em 4% o risco de se envolver em um acidente grave e 3% de se envolver em um acidente fatal. Esses são dados da Organização Mundial de Saúde, a OMS”, informou.

Além disso, lembra Campestrini, transitar acima da velocidade permitida em mais de 50% é uma infração gravíssima. O valor da multa é de R$ 880,41, e o condutor pode até perder o direito de dirigir durante dois a oito meses.


Mudança


O especialista aponta que a mudança desse cenário depende, primeiramente, da conscientização das pessoas. “Independentemente de ser fiscalizado ou não, o ideal é que o condutor, ou mesmo o pedestre, tenham a consciência de que cabe a cada um zelar pela própria e (pelas vidas) dos demais no trânsito. O trânsito é um espaço compartilhado. Então, a minha ação reflete no outro condutor”, disse.

Campestrini lembrou a importância do ensino sobre educação no trânsito nas escolas, conforme prevê o CTB, para tornar os futuros motoristas mais responsáveis, além do desenvolvimento de ações para reforçar as orientações aos condutores.

Poder público diz que faz ações educativas

A Secretaria de Mobilidade Urbana e a Urbes -- Trânsito e Transporte, empresa que administra o setor em Sorocaba, afirmam que realizam ações educativas e de conscientização no trânsito, com blitze de conscientização, abordagens específicas, teatros, mímicas, entrega de materiais informativos, fiscalização e melhorias nas vias, tendo como públicos-alvo motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.

O poder público afirmou que o foco de todas as ações é a promoção da segurança no trânsito e combate a acidentes. “Em 2021, mais de 90 mil pessoas foram impactadas nessas ações”, informam. Neste mês, por exemplo, há 42 projetos programados. Eles ocorrerão em pontos estratégicos da cidade, escolas, empresas e entidades. (Vinicius Camargo) (Reportagem corrigida em 20/06/2022)