A votação para cassação do vereador de Votorantim Murilo Piatti (PSDB), que estava prevista para ontem (8), foi adiada após o parlamentar protocolar um pedido de licença não remunerada por 90 dias. Segundo a Câmara, quem assume a cadeira a partir de hoje (9) é Robson Vasco (PSBD), conhecido como Robson da Farmácia.

Piatti havia reassumido função na Casa Legislativa no dia 17 de maio após passar 60 dias com o mandato suspenso. A penalidade foi aplicada depois de uma apuração de gastos em uma viagem a São Paulo, realizada em 26 de agosto de 2021. Embora o vereador tenha retornado ao trabalho e apresentado novos projetos de lei durante as sessões ordinárias, uma segunda comissão apurava a viagem de seu ex-assessor, que estava na Europa durante expediente, em fevereiro deste ano.

Desta forma, o parlamentar, que está em seu primeiro mandato, já teve duas Comissões de Ética e Decoro Parlamentar abertas contra ele. A primeira investigou o pedido de reembolso de R$ 302,17, para pagar almoço em um restaurante japonês na Alameda Lorena, área nobre da capital paulista. O ticket médio para alimentação de membros da Câmara é de R$ 30 por dia. Além disso, houve pagamento de R$ 27,47 para gorjeta, o que é proibido por regulamentação.

Já a segunda apurava a viagem do ex-assessor Davi Leandro de Souza, que trabalhava com o vereador. O então funcionário postou fotos em Lisboa (Portugal) nas redes sociais quando, em tese, deveria estar prestando serviços na cidade. Na época, o gabinete de Piatti afirmou que houve um mal-entendido no caso envolvendo o então assessor.

A Comissão entregou o relatório final no dia 24 de abril, sugerindo a cassação do mandato do vereador. A sessão de julgamento de Murilo Piatti estava marcada para ontem, na Câmara. Porém, na noite de terça-feira (7), o presidente da Casa Legislativa, José Cláudio Pereira (PT), o Zelão, recebeu o pedido de licença não remunerada de 90 dias protocolado por Murilo. A solicitação foi acatada e a sessão, suspensa. Conforme informado pela Câmara, não há previsão de votação para a cassação do parlamentar.

A licença de Piatti começou a valer ontem e vai até o dia 5 de setembro. Murilo baseou o pedido conforme definição do Regimento Interno, que afirma que o vereador poderá obter licença “para tratar de interesse particular, por prazo determinado, nunca inferior a 30 dias, não podendo reassumir o exercício do mandato antes do término da licença”.

Em nota, o vereador afastado afirmou que a medida foi necessária “para que possa seguir em frente e continuar trabalhando pela população em um futuro próximo”. A Câmara não informou quando a votação vai acontecer. (Wilma Antunes)