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Denúncia

Adolescente diz ter sido abusada por cunhado e pastor

Ela pediu ajuda a uma irmã que mora em Santos e precisou se mudar de Sorocaba

28 de Maio de 2022 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Garota diz que é abusada desde os 11 anos.
Garota diz que é abusada desde os 11 anos. (Crédito: REPRODUÇÃO)

Uma adolescente de 16 anos precisou se mudar de Sorocaba, após denunciar abusos sexuais que teria sofrido do cunhado e de um pastor conhecido da família. A jovem pediu ajuda para a irmã, que mora em Santos, por mensagens de áudio no WhatsApp. Embora a violação ocorra há cerca de cinco anos, a situação só se tornou pública no dia 10 de maio, quando a menina desabafou, dizendo “não aguentar mais” e que estava com vontade de “largar tudo e desistir”.

D.C., 46 anos, irmã paterna da vítima, contou ao Cruzeiro do Sul que, assim que teve ciência do caso, acionou o Conselho Tutelar para que alguém avaliasse o que estava acontecendo na casa em que a adolescente morava. Inicialmente, a garota relatou apenas o abuso sofrido por parte do cunhado, marido de sua irmã materna. Ela disse que teria começado a ser violentada aos 13 anos, quando a irmã, esposa do primeiro suspeito, estaria no hospital para dar à luz.

A Polícia Militar também foi até a casa da jovem e, assim que a menina viu a viatura, teria começado a chorar. Ela confirmou à autoridade que sofreu os abusos do cunhado e do pastor. Então, na manhã do dia seguinte (11 de maio), D. veio a Sorocaba para buscar a vítima. De acordo com a irmã paterna, não houve resistência por parte da mãe -- qual ela se refere apenas como “genitora” -- quando a adolescente foi embora para Santos.

Já na casa da irmã paterna, a menina relatou outro abuso, este cometido por um pastor de uma igreja que a família frequentava. Os estupros teriam começado quando ela tinha apenas 11 anos e, segundo D., seria a própria mãe quem combinava os encontros. Indignada com a nova revelação, a irmã foi atrás da esposa do pastor para contar o que teria acontecido com a jovem. No entanto, a culpa recaiu sobre a vítima.

A reportagem teve acesso aos áudios enviados à D.. Em determinado momento, a mulher fala que a menina é “assanhadinha”. “Sempre achei suspeito, porque ela sempre estava atrás do pastor. Na verdade, ela é bem assanhadinha. Sempre notei, eu não sou boba. Por que isso nunca chegou até mim? Ninguém nunca falou nada, todo mundo quieto... Eles vivem atrás do pastor, qualquer coisinha correm atrás dele”, diz trecho do áudio.

D. ainda disse que o pastor dava cestas básicas e “bancava” a família. “Sinto raiva e ódio por causa dessa monstruosidade que o pastor e o próprio cunhado fizeram com a minha irmã. Quero justiça. Que outras pessoas não permitam que falsos profetas, que tem em cada esquina, usem a palavra de Deus para fazer o mal. Ele pode estar fazendo isso com outras meninas e nada foi feito. Já pode estar até fora do País, porque ele tem dinheiro. O pastor ligava no celular da genitora para marcar os encontros, se não era na igreja, era na casa dela”, desabafou.

Apesar de tanto o pastor quanto o cunhado terem violentado sexualmente a jovem, os dois homens não possuem ligação. D. ainda destaca que a irmã tem alguma deficiência oculta, que ainda não foi diagnosticada. “Só de ver, a gente sabe que ela é diferente. Ela não fala direito, até pelos áudios dá para perceber. Agora, vou correr atrás para identificar o que ela tem. Também temos que ver fonoaudiologista para investigar essa questão da fala”, completou.

O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos. A adolescente foi matriculada em uma escola na mesma cidade e, de acordo com D., está mais aliviada. A irmã pretende entrar com o pedido de guarda provisória de imediato, e depois, em definitivo. “Ela pode fazer 30 anos de terapia, mas as marcas sempre estarão lá. É uma situação muito triste”. finalizou. (Wilma Antunes)