Tendência de queda
Inadimplência no comércio recua 21,3% em Sorocaba neste ano
Em média, cada CPF negativado possui duas contas em atraso há 2 anos; faixa etária mais atingida é a de 31 a 40 anos
A inadimplência em Sorocaba segue tendência de queda. O mês de março apontou 40.811 CPFs negativados, quase 1% menor que o registrado em fevereiro. No ano, a queda foi de 21,36%. A faixa etária que mais aparece no banco de dados é a de 31 a 40 anos. Em média, cada CPF negativado possui duas contas em atraso há 2 anos. Em relação à quantidade de registros ficou em 60.036, representando uma baixa de 20,96% em comparação com 2021.O valor total da dívida somou R$ 44,6 milhões. Os dados foram divulgados pela Associação Comercial de Sorocaba (Acso).
Para o presidente da Acso, Hygor Duarte não podemos romantizar a queda da inadimplência. “A pandemia trouxe uma reeducação financeira. As pessoas tiveram que aprender a viver com menos e muitos perderam o emprego. Ou eu me reeduco financeiramente, ou não sobrevivo”, disse.
De acordo com o economista Marcos Canhada, a queda na inadimplência está relacionada à retomada da economia, mas ressalta a dificuldade das famílias de planejar suas finanças de acordo com a renda disponível. “Há necessidade de desenvolver programas de educação financeira com maior intensidade, em todos os níveis da população, para que a sociedade possa se adequar melhor à gestão dos recursos disponíveis e assim consumir de forma planejada, minimizando a inadimplência que é extremamente dolorosa para sociedade brasileira”.
Gastos necessários
O jornalista Lucas Monteiro, de 25 anos, faz parte da parcela que ainda não conseguiu limpar o nome. Ele possuía uma dívida de R$ 3.500 reais, adquiridas em dois bancos. Foi no segundo semestre de 2020 -- primeiros meses da pandemia, que a dívida foi criada, quando Lucas precisou arcar com os gastos do apartamento que morava com a ex-namorada. Em 2021, quando mudou de apartamento, a segunda dívida apareceu. Hoje, com alguns ajustes, ele diz ter conseguido melhorar um pouco a situação financeira. Agora, restam R$ 1.700 reais em dívidas a pagar para que o jovem volte a ter crédito. “Não consigo abrir contas em outros bancos digitais, por exemplo, por conta desta dívida. No meu círculo de amigos, sou o único que ainda não tem o famoso Pix, porque não possuo mais conta em banco”.
Para ele, nem todas as instituições financeiras facilitam as negociações “Com o segundo banco, houve diversas tentativas de negociação. Eles são uma fintech, aqueles bancos digitais sem agência e são muito irredutíveis nos acordos. Não são parcelas que facilitariam na quitação e nunca há um desconto genuíno nelas”, explica.
Bola de neve
Já Bryan Wander, de 23 anos, tem uma empresa de marketing digital e possui uma dívida em torno de R$ 8.000, causada pela falta de pagamento do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O jovem conta que cursou Design com bolsa de 100%, mas após o término do curso, não ficou atento às parcelas no valor de R$ 800. Com 10 parcelas acumuladas em atraso, a dívida de Bryan tornou-se uma ‘bola de neve’. “Todo mês cai mais uma parcela de R$ 800”,conta.
A dívida do Fies foi a primeira adquirida pelo empresário, que vai buscar uma negociação no próximo mês. Devido ao CPF negativado, ele não consegue ter um cartão com limite alto e precisa do nome dos pais para, por exemplo, assinar um contrato. “Fui alugar um apartamento e tive que colocar os nomes dos meus pais no contrato, porque com o meu nome eles não aprovariam”. Após quitar as dívidas, o plano do jovem empresário é redobrar a atenção em relação às contas. “Agora, pretendo ficar mais atento as contas que eu tenho em débito, para que não aconteça de novo, principalmente com o Fies, que é um valor alto”, comenta. (Virgínia Kleinhappel Valio)