O Aeroclube de Sorocaba completa nesta quinta-feira (5) 80 anos de existência. A entidade foi criada a partir da campanha ‘Deem Asas para o Brasil’, em 1942. Atualmente, o Aeroclube de Sorocaba coleciona inúmeras conquistas -- com a formação de mais de 2500 pilotos formados na cidade --, mas também desafios -- que envolvem a batalha judicial pelo hangar disponibilizado pela prefeitura à época de sua fundação.

A história desse instituto começa com a doação de um terreno de 1.000.000 m² pelo casal Adolfo Frederico e Elza Schleifer. O primeiro hangar, como conta o ex-presidente do Aeroclube, Telmo Pereira Cardoso, foi construído onde está localizado o Aeroporto de Sorocaba atualmente. A escola de pilotagem começou ainda em 1942.

De lá para cá, a entidade formou grandes nomes da aviação, como Alberto Bertelli, que conseguiu grande projeção no Brasil como piloto de acrobacia aérea. Profissionais ligados à aviação militar e comercial também iniciaram a carreira no local, entre eles o ex-presidente do Superior Tribunal Militar de Brasília, ministro e tenente brigadeiro Cherubim Rosa Filho.

Durante a gestão de Cardoso, entre 1991 e 1996, o Aeroclube ainda alegrou a população sorocabana com as festas aviatórias. “Nós fizemos essa festa seis anos seguidos, no aniversário do Aeroclube -- 5 de maio -- ou da cidade -- dia 15 de agosto --. A gente chamava a Esquadrilha da Fumaça, paraquedistas, balonistas”, lembrou o ex-diretor.

Sobre a importância da entidade, Cardoso explicou que uma escola de pilotagem tem muito a oferecer a uma cidade. “É uma escola de pilotagem e é um aerodesporto. Com oficina homologada, um mecânico, com auxiliar, instrutores de voo, gera emprego, conhecimento e desenvolvimento”, afirmou.

De acordo com o atual presidente, Milton Andreoli, atualmente o Aeroclube está localizado em um hangar concedido pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), oferecendo atividades de ensino da aviação e aluguel de vagas no hangar. “Nós temos aviões que fazem voos com os alunos e uma parte da renda vem para o Aeroclube”, esclareceu sobre a fonte de renda da entidade.

As expectativas para o futuro, conforme Andreoli, incluem a permanência no hangar do Daesp e aprimorar os cursos. “Temos cursos de piloto privado agora. O aprimoramento consistiria em colocar os cursos mais avançados, como piloto comercial, piloto por instrumentos e de multimotores”, projetou.

Questionado sobre a relevância do Aeroclube nesses 80 anos, o atual presidente afirmou que a história da entidade “fala por si só”. “Nós formamos pilotos que hoje estão voando em companhias aéreas do mundo inteiro. O sorocabano tem orgulho de dizer que aqui tem uma escola de aviação. Se ele quiser aprender a voar, aqui ele tem como. A cidade não pode perder o aeroclube, porque leva o reconhecimento da nossa cidade para o Brasil inteiro”, disse.

Desafios

Desde 2018, o Aeroclube vem passando por momentos de turbulência. À época, a Prefeitura de Sorocaba havia determinado a desocupação das instalações do Aeroclube por conta do vencimento do Termo de Concessão de Direito Real de Uso de Área Pública. Desde então, o destino da entidade é incerto.

O prédio ocupado atualmente pelo Aeroclube foi cedido ao Daesp pela União, por meio do Ministério da Aeronáutica e o Governo do Estado de São Paulo, em 31 de dezembro de 1980. Acontece que o hangar tem uma nova gestão, a concessionária Voa São Paulo e, com o contrato prestes a vencer -- em junho -- o Aeroclube tenta negociar a renovação. “O principal desafio seria conseguir um novo local para permanecer e renovar o contrato vigente”, contou o atual presidente, Andreoli.

Para o ex-presidente, Cardoso, “o Aeroclube não terá saída se a Prefeitura de Sorocaba não regularizar áreas. [O Aeroclube] Não terá futuro sem um lugar para permanecer”.

Em resposta, a municipalidade declarou que “reconhece o grandioso valor histórico do Aeroclube. Por isso mesmo, tem se colocado à disposição da atual diretoria da entidade para tudo o que, legalmente, estiver ao seu alcance”. (Kally Momesso)