Sorocaba
Associação Bethel comemora 100 anos
Atualmente, são 30 crianças atendidas em Sorocaba
Acolhimento, carinho e cuidado. Essas três palavras definem o trabalho realizado pela Associação Bethel Casas Lares que completou em março de 2022 um século de atividades. Atualmente, com oito unidades espalhadas pelo Brasil, a associação atua na assistência de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Em Sorocaba, a unidade existe há 80 anos, mas essa história começou muito antes, em 1922, em Campinas. Recém chegado para trabalhar na cidade, o reverendo Tonel de Campos Mota ficou impactado com a quantidade de crianças e idosos abandonados nas ruas do município e fundou a entidade na Fazenda Quilombo. Nesta época, a associação funcionava como asilo e orfanato. “Ele trabalhou para fundar esse orfanato em março de 1922. Fez adaptações na fazenda, e a primeira criança internada foi em novembro do mesmo ano”, conta Ana Lúcia Gardenal Beranger, coordenadora da Bethel Casas Lares.
Já em 1942, a associação recebeu um terreno em Sorocaba doado pela Igreja Presbiteriana Independente. Assim, a associação foi transferida para a Chácara dos Meninos. Denominada como “Orphanato Bethel”, o local passou a atender meninos órfãos da igreja. Mais tarde, mudanças acontecem. Atendendo as determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, a entidade implanta o sistema de Casas Lares.
Sorocaba
Atualmente, em Sorocaba as Casas Lares estão localizadas no Jardim Itanguá e mantém convênio com a Prefeitura. A associação atende 30 crianças e conta com uma equipe especializada com assistente social, psicóloga, coordenadora, pedagoga, mães sociais e cuidadoras auxiliares. Além disso, também há uma equipe noturna acordada para que as crianças sejam atendidas durante a noite. “É um trabalho fantástico, as crianças chegam na associação em uma situação muito complicada para elas. Antes, a própria família poderia internar a criança, quando era orfanato. Hoje é o poder público que decide em colocar ou não a criança na Casa Lar. O nosso papel é acolher, dar alimentação, verificar como está a saúde, para isso temos médicos voluntários. Também fazemos com que a criança tenha acesso à educação, e realizamos a integração dela na sociedade, com passeios e atividades, como se estivesse vivendo em uma família”, ressalta Dacir Rodrigues, diretor da Bethel Casas Lares.
Além do trabalho realizado em Sorocaba, a associação também oferece diversos serviços nas cidades de Presidente Prudente (SP), Tupã (SP), São Paulo (SP), Botucatu (SP), Campinas (SP), Natal (RN) e Palmas (TO). Beranger conta que quando chegou para trabalhar na Casa Lar, em 2005, no setor administrativo havia apenas um computador. Aos poucos, a associação foi se desenvolvendo e a coordenadora pôde acompanhar tudo de perto. “O segredo é sempre andar de acordo com a legislação. Como aconteceu em 1990, com o ECA, precisamos nos reinventar e usar a metodologia da casa lar. O segredo é sempre ir se adequando e melhorando o atendimento, daquela forma já não daria mais para ser. E a diretoria tem esse olhar de ir modificando, inovando e atendendo as demandas das criança”, declara.
Assistência
Além de dar assistência às crianças e aos adolescentes que vivem na Casa Lar, a entidade também realiza outro tipo de trabalho, procurando um familiar que possa abrigá-las. “A ideia é trazer de volta o vínculo familiar. Quando ela sai do meio familiar, existe uma quebra dela com a sociedade. A criança fica totalmente vulnerável, fica com receio, se sente rejeitada e marginalizada pela sociedade. Há momentos de alegria nas casas, então a criança vai anotando os momentos que aconteceram para refletir o que aconteceu. Ela não teve só momentos difíceis, mas também de realização”, explica o diretor Rodrigues.
Após 100 anos de existência, muitas coisas mudaram. A associação cresceu e não parou de se reinventar. Para a coordenadora, o que houve desde a sua criação até os dias de hoje foi uma grande evolução. “É muito legal completar 100 anos, estamos felizes, comemorando. Eu percebo bastante melhorias. Esses atendimentos psicológicos antigamente não existiam. Hoje, o atendimento é cada vez mais humanizado e integral. Hoje, além de atender a criança, nós também atendemos a família, os pais, mães. Os profissionais também atendem as famílias para se entenderem e resolverem as questões”, finaliza. (Jéssica Nascimento e Vanessa Ferranti)
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