Os moradores do Jardim do Sol, na zona leste de Sorocaba, estão sofrendo com a falta de segurança. O principal foco de reclamações é a rua Dorothy de Oliveira. A população relata que o problema aumentou há pelo dois anos e meio, depois do início de obras de condomínios de prédios na região. O fluxo de pessoas cresceu e os veículos passaram a circular em alta velocidade. Ao mesmo tempo, furtos a residências se tornaram mais frequentes.

Altair Thomé, de 56 anos, mora no bairro há 34. O marmorista conta que ali era uma região de chácaras, bastante tranquila. Hoje, está assustado com a insegurança no local. Há cerca de dois meses, a sua residência foi invadida. Ele saiu para pagar uma conta às 14h30 e quando voltou, já haviam entrado pelo portão e levado uma televisão. “O que queremos é um pouco mais de segurança. Aqui acontece roubo, invasão de domicílio. Os caras entram no nosso quintal, pensam que é quintal da casa deles”, declara o marmorista.

Para tentar se prevenir de alguma forma, Thomé trocou o cadeado convencional do portão e fez uma espécie de proteção de ferro para impedir mais uma invasão. Porém, a preocupação ainda é grande, pois em menos de um mês e meio, pelo menos outras duas casas da mesma rua foram furtadas. “Temos um grupo do bairro no WhatsApp e disseram que uma pessoa não conseguiu arrombar a porta de uma vizinha e subiu no telhado para entrar pelo forro. Então a coisa está chegando no limite. Está quase impossível viver dessa maneira aqui”, conta.

Thomé chegou a abrir um boletim de ocorrência sobre o caso e disse que quando é acionada, a Polícia Militar comparece ao local. Porém, foi informado pela PM que faltam equipes para realizar um patrulhamento diário no bairro. Além dos furtos, também há um ponto de tráfico de drogas próximo à sua residência. “Hoje não conseguimos ter sossego, não conseguimos sair de casa”, declara.

Alta velocidade

Outro problema que deixa os moradores preocupados é a falta de lombada e sinalização de trânsito na rua. Eles contam que muitos veículos passam no local em alta de velocidade. Thomé relembra que uma vizinha quase foi atropelada por um carro que trafegava pela via a aproximadamente 100 quilômetros por hora. A mulher chegou a cair na calçada, mas não foi atingida pelo veículo. O sentimento é de medo e ele pede providências. “Está difícil aguentar as coisas aqui, muito movimento na rua e a velocidade está absurda. Ninguém faz nada. Pedi lombada para a Urbes e foi a mesma coisa que nada. Estamos esquecidos pelo poder público”, ressalta.

Já o aposentado Donizete Costa, de 65 anos, informou à reportagem que além desse problema, muitos motoristas estacionam os veículos de qualquer forma. Alguns ficam tortos na rua, pegando metade da via. Outros colocam os carros nas guias rebaixadas das residências, como ocorre na frente de sua casa. Costa acionou os agentes de trânsito várias vezes. Cansado da situação, decidiu agir por conta própria. Pintou a guia de amarelo, colocou barreiras de concreto e placas de proibido estacionar para impedir o transtorno. “Seria necessário um policiamento mais efetivo, isso é fundamental. Mas também é necessário a fiscalização do trânsito. Isso está sendo precário aqui, os agentes só aparecem quando acionamos. Diversos condutores de veículos fazem o que querem, estacionam o veículo de qualquer forma. Quando precisamos, acionamos os agentes de trânsito, mas nós moradores não podemos ficar a vida toda fazendo isso”, conclui Costa.

Sem registros

A Secretária de Segurança Pública do Estado informou que em consulta aos sistemas informatizados e aos boletins de ocorrência registrados pela Polícia Militar não localizou registros de crimes contra o patrimônio (furto e roubo) no Jardim do Sol. A PM ressaltou ainda que o planejamento operacional é atualizado periodicamente considerando a necessidade e característica de cada localidade. Deste modo, é fundamental o registro formal das ocorrências para que possa haver um planejamento assertivo da atuação da Polícia Militar. “A população sempre pode contribuir realizando denúncias pelos telefones 190 (Polícia Militar) e 181 (Disque Denúncia); também pode participar das reuniões dos Conselhos
Comunitários de Segurança (Conseg), e do Programa Vizinhança Solidária, os quais auxiliam na busca de melhores estratégias no combate à criminalidade e manutenção da ordem pública”, diz a Secretária.

Já a Guarda Civil Municipal (GCM) informou que realiza patrulhamento no local, porém não houve registros de solicitação quanto a essas ocorrências. “O patrulhamento ostensivo na cidade é feito pela Polícia Militar. A GCM intensificará suas ações preventivas na região do Jardim do Sol, como forma de inibir possíveis ocorrências”, declara em nota.

Sobre as reclamações de trânsito, a Prefeitura informou que em setembro de 2021 foi instalada uma lombada próximo ao número 400 da rua Dorothy de Oliveira. Já em relação a fiscalização, a Urbes diz que está ciente da situação e irá providenciar vistoria e avaliação quanto ao trânsito e sinalização no bairro, para definir melhorias. “No local citado, não há proibição de parada de veículos e, em caso de obstrução de garagem, o morador pode solicitar apoio, pelo WhatsApp: (15) 99183-0037, que um agente de trânsito é rapidamente destacado para ir ao local”, finaliza. (Vanessa Ferranti)