Sorocaba
Ovos de Páscoa estão mais caros que filé-mignon
Presentear com bombons e barras de chocolate é uma alternativa
A Páscoa deste ano parece estar um pouco mais salgada para os consumidores sorocabanos. Os preços dos ovos de chocolate expostos nas parreiras dos supermercados estão mais altos do que as mais nobres carnes bovinas nos frigoríficos. Para quem não abre mão dos ovos de Páscoa, os produtos artesanais, que podem ser confeccionados de acordo com o gosto do cliente, se mostram uma boa alternativa.
Quem passa pelos corredores dos supermercados da cidade sai assustado com o preço dos ovos da Páscoa. Os valores estampados nas etiquetas dos produtos são fruto da inflação. O açúcar teve aumento de 47,87% em 2021, tornando-se um dos itens mais inflacionados da lista de alimentação. Outros insumos utilizados na produção de chocolates, como leite e cacau, também não escaparam dos custos operacionais e com a distribuição no País.
O Cruzeiro do Sul esteve, na segunda-feira (28), em três supermercados de Sorocaba para comparar o preço dos ovos de Páscoa, sendo eles: Coop (unidade Árvore Grande), Paulistão (unidade Árvore Grande) e Correia (unidade Vila Haro). Em todos os estabelecimentos, o ovo de chocolate da Ferrero Rocher estava mais caro que as peças de carne consideradas mais nobres, como picanha e filé-mignon. Os ovos infantis ocupam o segundo lugar em termos de preço elevado, seguidos do tipo misto.
Na Coop, o quilo do filé-mignon e da picanha custavam R$49,90. Já o preço de um ovo Ferrero Rocher de 365 gramas estava R$ 99,90. A segunda opção mais cara é o ovo de 500 gramas da Lacta, metade Laka e metade Diamante Negro, que exibia o valor de R$ 89,90. Os ovos com temas infantis como Barbie, Batman e Mulher Maravilha estavam custando R$ 66,90. A opção mais em conta era um ovo pequeno, com 50 gramas, da Sonho do Cacau, por R$ 7,99. Considerando o preço do Ferrero Rocher em relação às carnes nobres, a diferança de valor entre os produtos passa de 100%.
O preço da carne estava mais elevado no Paulistão. Os ovos de Páscoa, entretanto, apresentavam o menor preço. No açougue do estabelecimento, o quilo do filé-mignon custava R$ 58,90, enquanto a picanha saía por R$ 69,90. Quem quiser comprar o Ferrero Rocher 365 gramas neste supermercado precisa desembolsar R$ 88,90. O valor saía um pouco mais em conta se a opção escolhida fosse o ovo de 500 gramas da Lacta, que custa R$ 79,95. Os ovos infantis tinham preço médio de R$ 65. O produto mais barato deste supermercado é um ovo de 40 gramas da marca Montevergine.
O Correia apresentava o segundo maior preço do Ferrero Rocher de 365 gramas: R$ 97,99. Os ovos infantis mantinham o preço médio dos outros estabelecimentos, com média de R$ 65. Um ovo de 170 gramas da Lacta saía por R$ 34,99. No açougue deste supermercado, o quilo da picanha saía por R$ 55,99 e o filé-mignon por R$ 79,99.
Embora os ovos de Páscoa tenham apresentado preços elevados em todos os supermercados visitados pela reportagem, os comércios encontraram uma saída para não perder as vendas: o investimento em itens que não pesam tanto no bolso do cliente. As dezenas de caixas de bombons e barras de chocolate empilhadas logo nas entradas dos estabelecimentos fazem companhia para as colombas e bolos de Páscoa, que chegaram para dar uma nova cara ao feriado deste ano.
Deixa que eu faço
Os valores exorbitantes dos ovos de Páscoa fizeram com que os consumidores repensassem onde gastar dinheiro. No fim das contas, as barras de chocolate e os ovos artesanais parecem ter conquistado um lugar especial na preferência do público. É o caso da confeiteira Maria Ines Ribeiro, 52 anos, que vai produzir seus próprios ovos de chocolate neste ano.
Para a confeiteira, os ovos artesanais são muito mais saborosos do que os industrializados. Além disso, ela se apega ao valor emocional de confeccionar os doces e presentear a família. “Hoje em dia, tudo está muito caro. Então, eu produzo os meus próprios ovos e presenteio minhas filhas, sobrinhos e afilhado. Não tem nada melhor do que a gente mesmo fazer”, afirmou.
A auxiliar de enfermagem Paula Bruneti, 35, resolveu economizar passando um tempo com a família. Ela conta que vai fazer os ovos de Páscoa em casa, com os filhos. “Em casa, vamos preparar os nossos próprios ovos de chocolate. Já fizemos isso uma vez e foi muito divertido. Dessa vez, também envolve a questão da economia, não estamos podendo”, brincou. (Wilma Antunes)