Sorocaba
Enquanto esperam a confirmação da chegada do Assaí, comerciantes contabilizam prejuízos e lamentam a situação
Clientes sumiram e algumas lojas já precisaram fechar. Porém, outras resistem
O faturamento dos lojistas da galeria comercial e da praça de alimentação do prédio onde funcionava o hipermercado Extra Santa Rosália, em Sorocaba, caiu drasticamente. Comerciantes informam que o encerramento das atividades do estabelecimento derrubou o movimento no local. Assim, devido à falta de público, os lucros de empresários ouvidos pelo Cruzeiro do Sul tiveram redução de 60% a 95%. Além disso, em alguns casos, lojistas terão até de entregar os seus boxes. A reportagem esteve no local, ontem (23), à tarde, e constatou a pouca movimentação. O Extra Santa Rosália fechou no dia 12 de janeiro deste ano. Segundo comerciantes, especula-se a instalação de uma unidade da rede Assaí Atacadista no prédio. Enquanto isso, os lojistas fazem de tudo para conseguir manter os seus negócios.
Mayara Marra, de 27 anos, é proprietária de uma loja de roupas, calçados e acessórios. Ela abriu o espaço há seis meses, mas está na galeria há 12 anos. Antes, tinha dois quiosques. Segundo Mayara, o movimento no seu estabelecimento caiu entre 90% a 95%.
Além do prejuízo, ela vive outra agonia, pois afirma que terá de entregar o seu box ao Assaí. Conforme a empresária, em novembro de 2021, o GPA enviou aos empreendedores um documento anunciando o fechamento da unidade com pedido para deixar a galeria até 31 de dezembro. Em dezembro, o grupo teria revisto a decisão de reaver os espaços. Porém, há duas semanas, ela contou ter sido novamente notificada, desta vez, pelo Assaí, para a sair até 10 de abril. “Eles disseram que o meu box vai ser usado em um projeto de banheiro do mercado”, disse.
Agora, Mayara tenta negociar com o GPA a sua permanência no local. Conforme ela, o grupo não lhe passa informações diretamente, nem disponibiliza canal de comunicação. “Só falaram que temos que esperar o Assaí entrar, para tentarmos uma nova negociação”, disse. De acordo com a comerciante, também não se sabe, por exemplo, quanto tempo a estrutura do hipermercado ficará em reforma, nem quando o atacadista será aberto.
Diante desses impasses, enquanto ainda pode, ela tenta recuperar os clientes. Para tanto, passou a investir em divulgação nas redes sociais, aprimorou o site da loja e faz promoções. Mas, queria mesmo é manter o estabelecimento aberto. “Dá vontade de chorar só de falar dessa situação, porque, para montar essa loja, foi um investimento alto”, desabafou
Já Glauco Bianchini, dono de um restaurante no local há três anos, achou que nada poderia superar o impacto da pandemia nas vendas, até ser divulgado o comunicado de encerramento do Extra. Segundo ele, durante a crise sanitária, o seu lucro já havia caído entre 30% a 40%. Agora, baixou ainda mais, de 60% a 80%. “Bem no período em que a pandemia deu uma trégua, quando achamos que íamos começar a respirar, que o movimento ia começar a voltar, foi anunciado o fechamento do Extra, mais uma pancada na gente”, lamentou.
Para ele, o GPA falhou ao não comunicar adequadamente à população sobre a continuação das atividades da galeria. “O Extra só falou que fechou e o Assaí ainda não falou que está vindo. Então, a impressão que dá é que as pessoas acreditam que tudo está fechado aqui, que já não existe mais nada aqui dentro”.
Segundo Bianchini, depois do fim do hipermercado, vários estabelecimentos fecharam. Para não entrar nessa lista e continuar entre os 18 locais ainda em funcionamento, o empresário tem adotado diversas medidas. Dispensou um funcionário e não abre mais aos domingos, quando o fluxo de pessoas é naturalmente menor. Igualmente colocou uma faixa do lado externo do prédio, para chamar a atenção das pessoas, e ampliou a divulgação nas mídias sociais. Mesmo assim, o futuro é incerto. “Não posso comprometer a minha empresa”, disse. “Está muito difícil continuar aberto, não só para mim, mas para todos os lojistas. Está todo mundo preocupado”, enfatizou.
O que diz o GPA
Ao Cruzeiro do Sul, o GPA esclareceu que, independentemente do encerramento das atividades do Extra Hiper, sempre prezou e continuará prezando pelo relacionamento com seus parceiros lojistas, tem atendido a todos e trabalhado para minimizar os impactos das conversões às operações desses parceiros.
As propostas apresentadas a eles levam em consideração as características contratuais e as eventuais intervenções que poderão acontecer nos espaços com o novo empreendimento. Cada um dos projetos foi estudado e avaliado e o objetivo é manter o máximo possível de lojistas nos estabelecimentos negociados com o Assaí. No caso específico da unidade Santa Rosália, os lojistas que não tinham mais contrato vigente com o GPA tiveram a relação encerrada, mas a maioria será mantida no empreendimento e poderá funcionar normalmente durante a conversão. Estão sendo realizadas visitas periódicas e o GPA mantém contato contínuo com os lojistas. Ainda, reforça que a central de atendimento oficial para os parceiros é o (11) 3050-9020.
Informou, ainda que, neste momento e durante o período de transição com o Assaí, as negociações serão realizadas pelo GPA, empresa responsável pela gestão das galerias das unidades de hipermercados, individualmente com cada lojista. Nos próximos meses, o GPA fará a cessão desses contratos para o Assaí.
Após a abertura do Assaí, a expectativa é que os lojistas que permanecerem tenham um aumento de fluxo significativo, de pelo menos duas vezes mais quando comparado ao que era registrado anteriormente.
Vale reforçar ainda que não há definição quanto as unidades a serem convertidas em Assaí. As negociações entre Assaí e GPA contam com etapas a serem concluídas. O fechamento completo da transação deve ocorrer nos próximos meses, quando a lista de lojas envolvidas será divulgada.
Adicionalmente, as companhias informam que a unidade Santa Rosália, em Sorocaba, mesmo fechada, conta com serviço ativo de zeladoria -- o que inclui, entre outras atividades, contratação de empresas especializadas em jardinagem, segurança, controle de pragas e limpeza -- realizando tais atividades regularmente e que, havendo a confirmação de qualquer necessidade adicional, as contratadas são imediatamente acionadas para manutenção e/ou reparos.