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Sorocaba

Passageiros enfrentam superlotação e atrasos no transporte público

As reclamações envolvem diversas linhas, entre elas: Rodrigo, Nova Esperança, Ipatinga, Carandá, Vitória Régia, Campolim e Altos do Ipanema

19 de Março de 2022 às 11:43
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Passageiros reclamam de lotação e atraso
Passageiros reclamam de lotação e atraso (Crédito: Arquivo pessoal)

Chegar em casa e descansar após um dia longo de trabalho não é uma tarefa fácil para quem depende do transporte público municipal. Usuários têm enfrentado, diariamente, problemas como superlotação e atrasos dos ônibus. As reclamações envolvem diversas linhas, entre elas: Rodrigo, Nova Esperança, Ipatinga, Carandá, Vitória Régia, Campolim, Altos do Ipanema, Júlio de Mesquita, Aparecidinha, Cajuru e Éden.

A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul esteve nos terminais Santo Antônio e São Paulo no final da tarde de terça-feira (15) para conversar com os munícipes sobre os problemas do transporte público municipal.

Maria Aparecida da Silva é cadeirante e conta que dois ônibus da linha Nova Esperança chegaram ao terminal com a rampa de acesso quebrada. Ela estava há 20 minutos esperando pelo terceiro veículo, que chegou com o mesmo problema. Com o ônibus já lotado de passageiros, uma funcionária do terminal pediu que todos descessem para que outro veículo fosse acionado. A atitude da funcionária deixou as pessoas que estavam dentro do ônibus nervosas. Veja vídeo:

Em nota, a Urbes diz que o veículo apresentou falha no acionamento da rampa e foi substituído por outro e que o regulamento do transporte não permite a operação de veículo com falha em rampa, sendo o veículo, de imediato, retirado de circulação para manutenção. A Urbes informa ainda que todo o funcionamento das rampas é checado toda madrugada, antes do início da operação de cada ônibus.

A resposta contradiz o ocorrido no terminal, pois duas linhas anteriores saíram com passageiros para realizar o itinerário, apesar da falha.

Ainda na plataforma do Nova Esperança, outra munícipe, que não quis se identificar, relata o atraso da linha. “O ônibus não passou às 7h15, às 7h30, passou cheio e não parou e às 7h45, não passou. Ele chegou somente às 8h. Fiquei esperando desde as 7h”, conta.

Aline Santos Gonçalves utiliza a linha Ipatinga todos os dias e diz que o ônibus não vai até o ponto final.  “Por três dias seguidos ele não vai até o ponto final. E não foi avisado. Eles param em frente ao condomínio Vivendas do Lago, mas não vão até o ponto final em George Oeterer. Quando avisam, é em cima da hora”. Na linha Vitória Régia, usuários reclamam que os ônibus chegam atrasados, e devido a isto, três horários chegam ao mesmo tempo (17h10, 17h20 e 17h50), todos lotados. Com isso, motoristas não param no ponto de ônibus.

Elisa Pinto reclama da linha do Jardim Rodrigo, “Hoje ele passou reto do ponto. Aguardei por 10 minutos e o outro também chegou lotado. Na sexta-feira (11) estava chovendo dentro do ônibus. Às vezes espero mais de meia hora para poder entrar no começo da fila. O problema não é tanto ficar em pé, mas nós vamos esmagados, não tem onde sentar, não tem onde se segurar. Se fosse uma vez ou outra tudo bem, mas é todo dia”. A passageira registrou o momento de lotação, veja vídeo:

 

Ainda na terça (15), pessoas que esperavam pela linha do Parque Campolim relataram que os ônibus não estavam parando para os passageiros entre os horários das 17h e 18h. Segundo uma passageira, os ônibus estavam superlotados e a espera foi de 30 minutos para conseguir embarcar.

Na plataforma do Carandá, Daniela Cristina Andrade conta que utiliza a linha todos os dias nos horários das 7h e 18h. Ela diz que não há atraso, mas que os ônibus são pequenos e não suportam a demanda de passageiros para o horário. “Quando chega o ônibus grande, a fila já está imensa. Às vezes espero por outro, mas quando estou com pressa, embarco no ônibus lotado mesmo”. Para ela, é preciso colocar os ônibus articulados nos horários de pico ou veículos extras. De acordo com a passageira, os ônibus articulados são usados na linha do Carandá somente aos finais de semana, quando não há necessidade.

O que diz a Urbes

Em nota, a Urbes esclarece que a linha 65-Campolim opera nos horários de pico em intervalos de seis minutos, com oito veículos articulados e que não há determinação para deixar de atender pontos de parada. Diz, ainda, que a Urbes vai ampliar o monitoramento dessa linha para verificar se há necessidade de novos ajustes na programação, assim como notificar a empresa que opera o serviço, para que novamente certifique-se do seu funcionamento adequado.

Sobre a linha 66-Ipatinga, o órgão explica que o ponto final é a Estrada do Ipatinga, próximo ao Condomínio Vivendas do Lago. Essa linha, em horários específicos, atendendo à demanda dos moradores, chega ao bairro de George Oetterer, que fica no munícipio de Iperó. Ainda conforme a nota, a linha 180-Carandá opera no fim de semana com quatro veículos articulados e, em dias úteis, com quatro veículos articulados e mais três do tipo ‘Padron’, como reforço para atender à demanda.

Questionada sobre o que será feito para solucionar os problemas nas linhas mencionadas pela reportagem, a Urbes diz que o planejamento e análise são feitos constantemente, inclusive, por meio do monitoramento diário das linhas e horários, para promover alterações que melhorem constantemente a qualidade do serviço prestado. Sempre que necessário, conforme identificado aumento na demanda de passageiros, carros e horários extras são disponibilizados para garantir o pleno atendimento. E cita como exemplo a linha 55-Jardim Rodrigo, que desde fevereiro, opera com dois ônibus a mais, assim como a Vitória Régia. Nas demais linhas citadas, como a 303, que transita pela Zona Industrial, o aumento de trânsito em horário de pico, no fim de tarde, tem relação com o atraso dos ônibus.

A Urbes diz também que opera um total de 14 viagens extras nas linhas citadas pela reportagem e intensificará o monitoramento delas, a fim de promover novos ajustes de horários, caso sejam necessários. Outra medida já realizada nesse sentido foi solicitar a ampliação da frota às empresas concessionárias, o que permitirá mais um aumento no número de viagens em várias linhas, como essas mencionadas.

Em geral, os maiores fluxos são registrados nas linhas que atendem aos principais corredores do transporte público, no caso, as principais avenidas da cidade. Quanto ao movimento de passageiros, há registro maior de utilização nos períodos de pagamento/vale ou datas que antecedem e sucedem feriados.

A nota explica também que os atrasos registrados são pontuais e decorrentes, por exemplo, de eventos, como acidentes de trânsito ou defeitos mecânicos em veículos e que desde o início deste ano, todas as linhas do transporte coletivo são monitoradas diariamente e em período integral, pelas equipes das operadoras ConSor, City e BRT Sorocaba, além da Urbes – Trânsito e Transportes. Inicialmente, a intervenção operacional ocorre por meio da inserção de viagens adicionais (extras) e, mantendo-se a procura por parte dos passageiros, essas viagens adicionais permanecem definitivamente na programação da linha.

Número de ônibus e passageiros

Segundo informações divulgadas pela Urbes, o número de ônibus segue operando, desde o início de 2021, com o total da frota (100%), em horários normalizados e com viagens extras (carros e horários), sempre que necessário. O número total de passageiros transportados em janeiro de 2022 foi de 3.266.102; em 2021, 33.347.648; em 2020, 21.733.718 e, em 2019, 45.372.343.

Atualmente, são 371 ônibus em operação, sendo 31 articulados e 29 superarticulados, com capacidade de transporte para até 660.671 passageiros/dia útil, segundo a Urbes, quatro vezes acima da demanda, que é de 155 mil passageiros/dia útil, em média. São118 linhas operantes e 2.425.230 viagens.

Até o final de 2019, eram 389 ônibus, sendo apenas 18 articulados, com capacidade de transporte para até 586.953 passageiros/dia útil, acima da demanda (três vezes), que era de 163,6 mil passageiros/dia útil, em média. O número de linhas totalizava 107, com 2.692.038 viagens.

Ainda conforme a Urbes, em 2020, ano de início da pandemia, eram 300 veículos em operação, em 109 linhas e 1.794.961 viagens, “Ou seja, atualmente, a demanda é menor para uma capacidade de atendimento da frota bem maior, como forma de evitar aglomerações”. (Virgínia Kleinhappel Valio)

 

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