Sorocaba
Suspeito de espancar e matar esposa fez contato com sogra
Motivo da conversa foi evitar que a avó retirasse móveis do quarto da neta
O suspeito de espancar a sorocabana Anna Carolina Valença Oliveira, de 26 anos, Eliano de Lima Barbosa Filho, de 28 anos, contatou a mãe da vítima após o crime. É o que afirma Priscila Valença Reis, de 41 anos. Eliano agrediu a esposa no dia 5 deste mês, na Vila Santista, em São Paulo. Anna ficou cinco dias internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 10. Desde o dia do crime, ele está foragido. A família da jovem pede Justiça. A vítima era de Sorocaba, mas morava na capital paulista há 12 anos.
Segundo Priscila, sua neta, de 7 anos, irá morar com ela em Votorantim. Ela vai tentar trazer os móveis do quarto da menina para a sua casa. Disse que o agressor teria ficado sabendo disso. Na segunda-feira (14), ele enviou diversas mensagens pelo WhatsApp, para tentar impedi-la de retirar a mobília. "Ele mandou mensagem me ameaçando, falando que não era para tirar as coisas da casa dele e que não autorizava ela entrar na casa até que tudo seja resolvido".
O Cruzeiro do Sul teve acesso a trechos do diálogo, disponibilizados por Priscila. "Repito, não estou autorizando 'ngm' (ninguém) entrar em casa [sic]", escreveu Eliano, em letras maiúsculas. "Eu torno a dizer, eu Eliano não autorizo 'ngm' entrar na casa após todas as medidas e situações forem resolvidas, bom dia a todos! [sic)”, repetiu.
Priscila está revoltada e indignada com a situação. "Ele mata a minha filha e ainda quer tirar as coisas da minha neta. É um psicopata". Ainda conforme ela, Eliano aparenta não estar minimamente arrependido dos seus atos. "Ele está agindo como se nada tivesse acontecido".
A mãe de Anna também informa que, embora esteja foragido, ele já teria conseguido um advogado para defendê-lo. Conforme ela, o profissional teria até mesmo se apresentado à 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da capital paulista, responsável pelas investigações.
Agressões frequentes
De acordo com Priscila, o casal estava junto há 12 anos. Anna conheceu o suspeito durante uma viagem à praia. Após poucos meses de namoro, a jovem deixou a casa da família em Sorocaba e foi morar com ele em São Paulo. "No começo, era tudo muito bom. Eles eram muito felizes. Depois que a minha neta nasceu, começaram os problemas", relatou.
Segundo ela, inicialmente, o agressor passou a tratar Anna mal, de forma grosseira. Depois, vieram as agressões físicas, que se tornaram frequentes. "Ele já quebrou o nariz dela, o pulso. Ela já chegou na minha casa com os dois olhos roxos".
Conforme Priscila, a filha lhe contava sobre as agressões, tentava sair do relacionamento e lhe pedia ajuda para isso. Porém, quando terminava, era convencida por Eliano a reatar. “Ela vinha na minha casa e ficava um (ou) dois meses e voltava com ele, porque ele é bom de lábia”. Para persuadir a esposa, cita a mãe, ele a ameaçava e a manipulava. “Dizia que ia tomar a filha dela”.
Semana do crime
Conforme Priscila, na semana do crime, a filha foi agredida duas vezes. A primeira ocorreu em 3 de março, uma quinta-feira, dois dias antes do episódio que vitimou Anna. Já no sábado (5), conta a mãe, a filha foi violentamente agredida com socos no rosto e chutes no abdômen. Também foi jogada ao chão.
Ela teve perfuração no intestino grosso e hemorragia interna, com bastante perda de sangue. De acordo com a mãe, Anna sofria de síndrome de Crohn desde 2018 e fazia tratamento no Hospital das Clínicas, em São Paulo. A doença é uma inflamação intestinal crônica. Pode causar complicações e oferece risco de morte.
Para Priscila, os golpes na barriga podem ter agravado o quadro de saúde da filha. Ela acredita, inclusive, que Eliano chutou essa região corporal propositalmente. "Se, para uma mulher forte, com intestino 'normal', 'porrada' é difícil, imagina para uma menina com 50 quilos e síndrome de Crohn", comentou.
Filha e irmã presenciaram
Conforme Priscila, a filha e uma irmã dela, de 12 anos, estavam na residência do casal e presenciaram a agressão. Segundo ela, a vítima trancou as duas em um quarto, para protegê-las. A mãe disse que a outra filha está traumatizada. Já a neta, de acordo com a avó, ainda não sabe da morte da mãe.
Priscila acredita que ambas vão precisar de acompanhamento psicológico. “Tenho uma amiga que é psicóloga que vai me ajudar nesse processo com a minha filha e com a minha neta”. (Vinicius Camargo)