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Sorocabana moradora de Petrópolis fala sobre tragédia na cidade

Thais Ribeiro Dias é estudante na Faculdade de Medicina de Petrópolis e se mudou há apenas 15 dias para o município

17 de Fevereiro de 2022 às 11:57
Vanessa Ferranti [email protected]
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Um dia após a tragédia, ruas estavam com muita lama (Crédito: Thais Ribeiro Dias)

A Sorocabana Thais Ribeiro Dias, de 23 anos, está morando há apenas 15 dias em Petrópolis e relatou ao jornal Cruzeiro do Sul os momentos de tensão que viveu após o temporal ocorrido na cidade na tarde da última terça-feira (15). Thais é estudante na Faculdade de Medicina de Petrópolis e estava no local quando a chuva começou. Ela conta que a princípio pensou que fosse apenas uma chuva de verão, mas quando o temporal passou, ela e os colegas perceberam que tratava-se de uma tragédia. “Quando saímos da sala de aula descobrimos todos os transtornos na cidade e ficamos ilhados na faculdade. A minha faculdade fica na avenida Barão do Rio Branco e ali passa um rio, esse rio transbordou, então não tinha como sair, tivemos que esperar a água baixar e mesmo assim, ficou com muita lama”, conta.

A aula da estudante terminou na terça-feira às 17h45. Thais e os colegas conseguiram sair da faculdade às 4h de quarta-feira. No caminho para a casa a jovem ficou assustada com o que viu. Um cenário de destruição. ”Em Sorocaba, eu nunca passei por nada disso e a primeira sensação que passa pela cabeça é ‘meu deus, o que vou fazer’, fica um sentimento de impotência, porque não tem o que fazer. Você vê tudo destruído, muita lama, muita água, ponte caída, os pontos turísticos afetados, é uma sensação horrível. Você vai andando na rua e pensa ‘hoje eu passei aqui de manhã, estava um dia lindo de sol e de repente, quando vai voltar para casa, a cidade completamente destruída”, ressalta.

Carros foram arrastados pela chuva - Thais Ribeiro Dias
Carros foram arrastados pela chuva (crédito: Thais Ribeiro Dias)

Thais conta ainda que conhece pessoas que tiveram grandes problemas por causa da chuva. A sua professora teve um familiar muito afetado e a mãe de uma amiga perdeu dois carros, mas ninguém ficou ferido. Além de todos esses estragos, a estudante também diz que pessoas se aproveitaram da situação para saquear lojas. “Quando a água estava abaixando e as pessoas tentaram ir embora para a casa houve assaltos nas ruas. Isso para mim foi um absurdo. 

Thais mora no Centro próximo a rua do Imperador, local muito afetado pelas chuvas. No dia seguinte, na quarta-feira (16), quando amanheceu era possível visualizar ainda mais os estragos causados pelo temporal. As ruas estavam com muita lama e vários veículos destruídos. “Todo o comércio estava limpando e jogando coisas foras. Estamos em estado de calamidade pública e as lojas estão fechadas. Na minha rua só tem um mercadinho aberto, mas hoje está tendo mais movimentos de carros. Também há movimento de helicópteros e sirenes”, narra a estudante.

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As fortes chuvas em Petrópolis caíram na última terça-feira (15), na região serrana fluminense. De acordo com informações divulgadas hoje (17) pela Defesa Civil estadual, pelo menos 104 pessoas morreram. A Polícia trabalha para agilizar o reconhecimento e a liberação de corpos.

Os bombeiros continuam as buscas, já que ainda há desaparecidos. Os trabalhos de resgate resultaram no salvamento de 24 pessoas até a noite de ontem (16). O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) preparou uma lista com os nomes de mais de 30 desaparecidos.

Mais de 20 pontos de deslizamento foram registrados em toda a cidade. Apenas no morro da Oficina, no Alto da Serra, um dos locais mais atingidos, dezenas de casas foram soterradas. Há ainda casos de pessoas que foram levadas pelas cheias nas ruas. Mais de 300 pessoas tiveram que deixar suas casas e estão acolhidas em abrigos ou casas de parentes e amigos.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que essa foi a pior chuva da região desde 1932. Outros desastres já ocorreram na serra fluminense. Em 1988, foram 134 mortos em Petrópolis. Em 2011, 918 pessoas morreram e outras dezenas desapareceram na região serrana, principalmente em Nova Friburgo e Teresópolis. (Com informações da Agência Brasil).

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