Câmeras de segurança de uma residência do Jardim São Guilherme registraram o momento em que uma criança de 3 anos, que foi entregue a uma desconhecida em uma creche municipal de Sorocaba, caminhava sozinha pela rua. Em um momento da imagem é possível ver a menina passando pela calçada, entre um carro e uma Kombi. Minutos depois, quando a criança está atrás do caminhão, uma mulher a encontra e tenta ajudar. Ela pega na mão da criança e desce até a feira à procura da mãe.

Em outro vídeo é possível ver essa senhora a caminho da escola com a menina. A família tentou registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, mas não conseguiu, pois a delegacia estava sem sistema na data. O procedimento foi agendado na Delegacia de Defesa da Mulher para a próxima segunda-feira (21).

O caso aconteceu na última sexta-feira (14) por volta das 11h. De acordo com o pai, Rodrigo R. S. Borges, uma professora substituta dava aula para a turma da filha, quando uma mulher, que não informou o nome, foi pegar a criança na creche. Ela disse para a profissional que era a “tia da van” e levou a menina. Minutos depois, a mãe da criança foi até a creche buscá-la. Enquanto pegava os outros filhos, de 9 meses e 2 anos, que também estão matriculados no CEI, a criança chegou chorando acompanhada da mulher que aparece no vídeo ajudando. A menina foi localizada na feira livre a 200 metros da unidade.

O pai explicou também que somente ele e a mãe têm autorização para buscar a criança na escola e agradeceu a pessoa que ajudou a criança. “Se não fosse essa mulher, talvez outra pessoa tivesse pego a nossa filha”, diz. Após o ocorrido, a diretora da escola registrou o que aconteceu no livro de ocorrências. “A diretora não soube o que dizer. Ela achou a situação muito grave. A professora era substituta, soltou os alunos na pressa e acabou cometendo esse erro. Poderia ter acontecido algo bem pior”, ressalta o pai.

Na tarde de segunda-feira (14), os pais da criança tentaram registrar um boletim de ocorrência na delegacia sobre o caso. O pai foi até o Plantão Policial da Zona Norte, mas foi informado que o local estaria sem sistema. Então, ele se dirigiu até a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), mas diz que também não foi possível fazer o registro, pois teria um número máximo de boletins que é realizado ao dia. O procedimento foi marcado para a próxima segunda-feira (21). Já na manhã da última segunda-feira (14), a família também foi até a Secretaria de Educação do Município, onde foi aberto um processo administrativo para apurar o que aconteceu.

A Prefeitura de Sorocaba informou que a família da criança foi atendida pelo plantão de supervisores. Os pais relataram o ocorrido e foram informados sobre as medidas adotadas pela unidade escolar. A Prefeitura disse também que no ato da matrícula uma ficha é preenchida com todas as informações sobre a criança, sendo também solicitado que a família indique as pessoas autorizadas a ter acesso à criança para levar, buscar e que possam atender eventuais casos de urgência.

A administração pública ainda informou que é comum o procedimento de checagem dos documentos dos responsáveis pelas crianças, principalmente neste período de início do ano letivo, momento em que as equipes e a família ainda estão construindo vínculos. A pasta ressaltou também que a Secretaria da Educação já adotou todas as medidas cabíveis no âmbito administrativo. “Foi feita a abertura de processo administrativo, para a apuração dos fatos e convocada a direção, para prestar esclarecimentos. Neste momento, está sendo dado prosseguimento ao processo administrativo”, finalizou.

A reportagem também fez uma solicitação para a Polícia Civil, questionando a dificuldade em abrir o boletim de ocorrência. A Polícia informou que na segunda-feira (14) realmente houve problemas no sistema em algumas unidades policiais, não se tratando de fato isolado no Plantão da Zona Norte. Os sistemas foram normalizados no mesmo dia, horas depois da interrupção.

Já em relação ao atendimento prestado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba, a Polícia esclareceu que o agendamento é opção dada à pessoa que procura a unidade. “Por se tratar de unidade policial com grande número de atendimentos, a parte/vítima, pode optar por agendar ou aguardar o registro do fato imediatamente (respeitando a ordem de atendimento do dia). A DDM conta com plantão de atendimento ao público ininterrupto e funciona sete dias na semana, vinte e quatro horas por dia e não há casos em que a Especializada se exima de atender, ainda que não se trate de fato relativo à atribuição especializada da Delegacia”, informa a nota. (Da Redação)