Sorocaba
Primeira semana de aula é marcada por queixas
Pais relatam problemas de estrutura em unidades municipais e estaduais. Prefeitura e Estado respondem

Mato alto, goteiras, falta de pintura e de iluminação estão entre as reclamações feitas por pais e professores de alunos das escolas municipais de Sorocaba. As escolas mencionadas ao jornal Cruzeiro do Sul são E.M. Profª Inês Rodrigues Cesarotti, E.M. Basílio da Costa Daemon, CEI 64 - Joana Simon Sola, CEI 20 - Victoria Sara Larus e CEI 45 - Diva Ferreira Cordeiro. Além das escolas municipais, a E.E. Bairro Altos do Ipanema, antiga Ada Valente Marangoni, no Carandá, também está entre as reclamações.
De acordo com Francine Gonçalves, de 33 anos, mãe de duas crianças, de 4 e 2 anos, que estudam na rede municipal de ensino, a CEI 64 - Joana Simon Sola estava com o mato alto ao redor da creche, oferecendo riscos de ataques de animais peçonhentos devido ao córrego próximo ao local. Ainda segundo a mãe, o serviço de roçagem foi à unidade escolar apenas no terceiro dia de aula.
Já na escola onde sua filha de 4 anos estuda, a CEI 20 - Victoria Sara Larus, as crianças não podem acessar o segundo andar do prédio. Ela conta que há calhas quebradas, por isso, a laje do andar alagou, causando curto circuito e deixando as salas do piso superior sem iluminação e sem ventilador.
Ela diz que a Prefeitura foi notificada sobre a situação e nada foi feito até então, deixando com que o ano letivo iniciasse com a estrutura nesta situação. “Os pais também entraram em contato com o prefeito, ouvidoria e nada. Nos primeiros dias, não houve aula, apenas atividades com os pais no pátio, já hoje (10), deram início às aulas dentro da sala de aula, sem ventilador, sem nada. O curto circuito coloca em risco as crianças e funcionários”.
No caso da E.M. Profª Inês Rodrigues Cesarotti, a denúncia foi feita por parte da vereadora Iara Bernardi (PT). Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver a estrutura precária em que se encontra a unidade de ensino. Salas de aulas e corredores alagados e com goteiras, sala de leitura sem iluminação e com as paredes mofadas, diversas áreas em curto-circuito, entre outros problemas.
O pai de um aluno da CEI 45 - Diva Ferreira Cordeiro, no Parque das Laranjeiras, que pediu para não ser identificado, enviou ao Cruzeiro do Sul imagens da escola durante a primeira semana de aula. Nas imagens, é possível ver que o mato alto tomou conta do parque da escola. O escorregador, inclusive, está inacessível devido à altura do mato. “Me deparei com um descaso no parquinho onde as crianças brincam, o mato tomou conta dos brinquedos. Os próprios funcionários encontraram escorpiões e vários pneus cheios de água e com focos de larvas de dengue. Eu e muitas mães estamos com medo de levar as nossas crianças com a escola nesta situação”, comenta.
Acessibilidade em falta
Na E.M “Basílio da Costa Daemon”, no Paineiras, além das paredes com umidades, mofo e pisos soltos, segundo Ivanilda Garcia, de 52 anos, há também a falta de acessibilidade aos cadeirantes.
Ela tem uma filha cadeirante, de 10 anos, e encontra dificuldades para entrar e sair com a filha da escola. ‘Não tem acessibilidade para entrar ou descer do carro, não tem guia rebaixada, não tem rampa de acesso, nem bebedouro adaptado, não tem nada. Já fiz solicitação para a Urbes, para a Prefeitura, mas nunca chegou uma resposta ou solução. A direção da escola é sempre muito atenciosa comigo, não depende deles, depende da prefeitura”.
Pegos de surpresa
Os responsáveis pelas crianças que estudam no CEI 89 - "Zilda Pereira Aguilera", na Vila Helena, foram surpreendidos na última segunda-feira (7) -- início do ano letivo -- com a informação de que as aulas passarão a ser meio período até o dia 18 de fevereiro, tempo em que a escola passará por reforma.
Segundo a administração municipal, os serviços de manutenção no CEI-89, que são mais abrangentes, foram licitados e a empresa responsável iniciará os trabalhos na próxima semana. A prefeitura foi questionada do por que a reforma não foi feita durante as férias escolares, mas não houve resposta.
O que diz a Sedu
Questionada sobre a estrutura das escolas municipais, a administração municipal, disse, em nota, que quando a atual gestão da Secretaria da Educação (Sedu) assumiu a pasta foi rapidamente elaborado um novo contrato emergencial, que possibilitou a conclusão dos reparos prioritários em todas as escolas da rede que precisavam e que foram feitas pinturas, reposições de parte das fiações elétricas, trocas de mobiliário, substituições de lousas, entre outros consertos e melhorias.
Mesmo indo contra os relatos dos pais, a nota diz que entre as unidades atendidas com as manutenções, foram contempladas todas as escolas citadas pela reportagem. Diz também que a Sedu possui contrato vigente, que permite a realização de serviços diversos de manutenção.
Todas as unidades de ensino da rede municipal estão em funcionamento e com aulas presenciais. A E.M. Professora Inês Rodrigues Cesarotti está finalizando serviço de reparo nas calhas. A E.M. Basílio da Costa Daemon receberá reparos na pintura da quadra esportiva e outras manutenções. O CEI-64 - Joana Simon Sola já recebeu os reparos necessários. O CEI-20 - Victoria Sara Larus está concluindo serviço de reparo nas calhas. O CEI-45 - Diva Ferreira Cordeiro recebeu os reparos necessários.
A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo), por sua vez, informa que os serviços de roçagens nas escolas são feitos de forma contínua e estariam concluídos até dia 10.
Escola estadual sem aula
A situação encontrada na E.E. Bairro Altos do Ipanema, no Carandá, é ainda pior. Uma mãe -- que preferiu não se identificar -- conta que a escola iniciou o ano letivo sem professor e inspetor de alunos. Além de não ter um quadro de funcionários, a escola não oferece merenda e se quer tem nome, por isso, não foi confeccionado o uniforme escolar para os alunos. A orientação dada aos pais é de que levassem os filhos embora. “Está feia a situação. Não tem material, não tem livro, não tem aula. A sala do sexto ano está tendo aula junto com o sétimo ano”, disse.
Além da falta de funcionários e materiais, há também a falta de segurança. Ela conta que o portão da escola está sempre aberto e que os alunos têm entrado com bebidas conhecida como “copão” na unidade de ensino. Alguns, inclusive, entram com drogas. “Não tem GCM, nem inspetor escolar. Além das drogas, não tem monitoramento nos banheiros e os meninos estão entrando no banheiro das meninas”, contou.
De acordo com a Dirigente Regional de Ensino, Rossenilda Gomes, a situação ocorrida na escola estadual do Carandá é atípica e não representa a realidade das escolas estaduais da cidade. “Essa é a nossa 80ª escola, e em nenhuma delas temos problemas de falta de aula ou professor. Nós gostaríamos que a escola fosse adotada pela comunidade. É uma escola que veio para ficar e que atende as demandas daquela localidade, a nossa proposta é uma educação de qualidade”.
Em relação aos pais serem aconselhados a levar os filhos embora, a dirigente explica que foi uma medida não autorizada e um erro administrativo. “Em momento algum nós dispensamos alunos. Foi uma fala indevida, que não representa a orientação da diretoria da escola. Ainda de acordo com a dirigente, a escola não está sem professores. “Dez professores foram contratados, um diretor e vice-diretor foram atribuídos e também dois agentes de organização”.
Ela explica que antes de ser cedida ao Estado, a escola se chamava Ada Valente Marangoni. “A partir do momento em que o prédio foi cedido ao Estado, passou a se chamar E.E. Bairro Altos do Ipanema. É um nome provisório em função da desvinculação da rede municipal para estadual”.
Segundo a dirigente, não existe obrigatoriedade de uniforme, mas reuniões de pais serão realizadas no decorrer da semana e a escola está em processo de construção da identidade. Por fim, garante que haverá investimento na infraestrutura da escola, por meio de recursos emergenciais. “Solicitei ronda escolar, melhoria da iluminação externa e interna e ampliamos o número de professores [...] estamos fazendo de tudo e de todas as formas para fazer a escola crescer”. disse.