Sorocaba
Aves dão espetáculo diário em parque públicos
Em Sorocaba, algumas "raridades" podem ser observadas com facilidade

O ambiente urbano é um espaço que guarda quase 20% de todas as espécies de aves do mundo. Há espécies que são relativamente comuns de serem encontradas nas cidades, outras nem tanto. Porém, todas que vivem nas cidades estão associadas a microambientes, recursos e condições únicos de um ecossistema heterogêneo, conforme especialista. Em Sorocaba, algumas “raridades” podem ser observadas nas praças e parques.
Uma das espécies mais comuns no ambiente urbano brasileiro é o bem-te-vi. Junto ao pardal, o bem-te-vi é uma das aves mais bem ajustadas às características das cidades e é bem polivalente no que se refere à capacidade de persistir no ambiente urbano por causa das suas características físicas e comportamentais, de acordo com o biólogo e doutorando em ecologia urbana Lucas Andrei Campos Silva. “Ele se alimenta de vários itens como frutos, insetos, mamíferos e anfíbios e encontra seu alimento em vários microambientes das cidades. Essa polivalência faz com que ele consiga explorar quase todos os ambientes urbanos”, explicou Lucas.
Em contrapartida, achar o urutau nas cidades é uma raridade, segundo o pesquisador. “Ele pode ser praticamente ‘invisível’ às pessoas que não conhecem o seu truque de camuflagem. É uma das aves brasileiras que mais perfeitamente se camufla no ambiente”. O urutau tem penas que se assemelham a um tronco de árvore, e essa característica somada ao fato dele ficar imóvel durante boa parte do dia, o torna um verdadeiro “fantasma” para muitas pessoas. Mas apesar da dificuldade em ser vista, essa ave pode ser localizada por olhos treinados a identificar essa espécie. Em Sorocaba, o urutau pode ser encontrado no Parque Chico Mendes.
Já o pato-do-mato-hibridizada é corriqueiro aos olhos dos sorocabanos. Essa espécie dócil é fácil de ser observada em parques como o Chico Mendes e Água Vermelha. Porém, o biólogo Lucas ressalta a existência de patos não hibridizados. “Os hibridizados possuem coloração branca espalhada pelo corpo, e os não-hibridizados são totalmente escuros”. Os escuros são raros de serem encontrados em Sorocaba. Eles são ariscos, se mantém distante de pessoas e ficam em áreas mais preservadas da cidade.
O garibaldi é uma espécie que está sempre associada a ambientes aquáticos como rios, córregos e lagoas e está se tornando cada vez mais conhecido entre os sorocabanos. Conforme o especialista, em certos parques da cidade, o garibaldi se apresenta como uma ave carismática e se mostra bem à vontade com o público visitante. “Em geral, pode ser encontrada cantando ou procurando alimento na vegetação aquática bem próxima das pessoas”, informou Lucas. O macho da espécie possui a coloração escura com manchas laranjas na cabeça e pescoço, e a fêmea possui coloração parda com marcas rajadas espalhadas pelo corpo. A espécie sempre constrói seu ninho na vegetação aquática e se alimenta de insetos e sementes.
A galinha-d’água ou anteriormente conhecida como frango-d’água é outra espécie que se ajusta bem as condições do ambiente urbano. É uma espécie que explora a vegetação a beira d’água a procura de sementes e insetos. Em Sorocaba, a galinha-d’água pode ser encontrada em diversos parques como o Chico Mendes e o Parque das Águas. “É um espécie que diferentemente dos patos, possui dedos bem longos os quais o ajudam a caminhar e a distribuir o seu peso na leve vegetação aquática. No Parque das Águas pode ser encontrada caminhando bem sossegado ao lado do público visitante”, disse Lucas.
A garça vaqueira é uma espécie comum de ver associada com os campos da cidade. Ela procura alimento como insetos, mamíferos e anfíbios em áreas abertas como áreas de campo e pastagem. Um dos locais mais fáceis de ver a espécie é no Parque das Águas. “Incrivelmente muitos indivíduos de garça-vaqueira saem das áreas de campo para irem dormir na ilha central que fica nesse parque. Todas as manhãs elas fazem um dos espetáculos mais lindos de se ver em Sorocaba, que é o de sair praticamente todas juntas para iniciarem mais uma ‘jornada de trabalho’”, relatou o biólogo. Ela se difere da garça-branca-grande (Ardea alba) e da garça-branca-pequena (Egretta thula) pela presença de bico amarelo, e de penas alaranjadas no peito e no alto da cabeça.
As cidades contam com estruturas de origem natural -- como árvores, grama, rios e lagos --, associadas com estruturas de origem humana -- como casas, prédios e ruas. Cada espécie utiliza em maior ou menor grau essas estruturas verdes e cinzas. “Cabe a nós, seres humanos, possibilitar que nossas cidades sejam mais amigáveis a essa biodiversidade, fornecendo-as estruturas verdes e cinzas adequadas para manter de forma equilibrada a biodiversidade e o desenvolvimento das cidades”, explicou Lucas. (Da Redação)
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