Os acumulados de chuva em janeiro de 2022 ultrapassaram a média do mês no Estado de São Paulo, o que contribuiu para elevar o volume útil da represa de Itupararanga, que é responsável pelo abastecimento de 85% de Sorocaba, e outras cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Segundo a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), responsável pela gestão do reservatório, ontem o volume útil da represa de Itupararanga estava em 41,17%. Com isso, a Prefeitura de Sorocaba deverá anunciar -- na semana que vem -- o fim do racionamento de água na cidade, que está previsto até o próximo dia 25 deste mês.

Apesar de cair para 18%, em dezembro, na pior seca dos últimos 96 anos, o reservatório mostra sinal de recuperação por conta das chuvas das últimas semanas. Desde o último dia 17 de janeiro, os moradores de Sorocaba enfrentam o racionamento de água para colaborar com a recuperação do nível da represa. A Prefeitura de Sorocaba já anunciou uma entrevista coletiva sobre a questão para o próximo dia 17 de fevereiro, quando a gestão municipal fará a atualização sobre o plano de racionamento de água na cidade e a situação hídrica.

Para o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, biólogo e professor André Cordeiro Alves do Santos, a Prefeitura de Sorocaba deveria manter o racionamento de água na cidade pelo menos até o final deste mês.

André reforça que as chuvas vieram e houve uma recuperação do volume de água do reservatório, mas o ideal é que a represa atinja pelo menos 50% de sua capacidade até o fim de fevereiro. Isso se continuar chovendo durante esse mês. “As chuvas foram importantes para a recuperação parcial do manancial e chegaram próximo a média histórica, mas não a ultrapassaram. Em março também chove, porém a previsão não é de chuva acima da média histórica. A intenção é que até março as chuvas e as demais medidas que foram tomadas para recuperar o reservatório sejam suficientes para que o nível chegue um pouco acima dos 50% e isso se mantenha pelo menos até outubro deste ano, quando novamente começa a chover”.

A preocupação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê é com o período seco, principalmente nos meses do outono e inverno, quando praticamente não chove. O Comitê destacou ainda as ações que foram feitas em conjunto com a empresa gestora da represa para reduzir a vazão de água do reservatório. “As ações tomadas pela Prefeitura de Sorocaba e pelo Serviço Autônomo de Água a Esgoto (Saae) do município, como o racionamento e consequente redução da captação de água do reservatório, entre outras ações, também contribuíram para ajudar a recuperar a quantidade de água da represa de Itupararanga”, afirmou André.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os acumulados de chuva em janeiro de 2022 ultrapassaram a média do mês no Estado de São Paulo. “O fato está diretamente relacionado com as chuvas intensas e volumosas ocorridas pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é um dos principais sistemas meteorológicos responsáveis pela reposição hídrica em parte do Brasil no período chuvoso e, tem como característica, a persistência de uma faixa de nuvens que fica, praticamente estacionada, provocando muita chuva sobre as mesmas áreas por, pelo menos, 4 dias consecutivos”, informou o Inmet.

Recuperação da represa

A reportagem do Cruzeiro do Sul voltou ao mesmo ponto na represa de Itupararanga, na estrada entre Votorantim e Piedade, para verificar o quanto as chuvas ajudaram na elevação do nível de água do reservatório.

No dia 14 de dezembro do ano passado, a equipe de reportagem esteve no Píer São Francisco, e o cenário na represa era bem pior. Segundo o responsável pelo local, Marcos Faccini Rocha, o nível da água estava tão baixo, que impedia a prática de esportes náuticos no local. “As chuvas ajudaram a recuperar o nível da represa e chove praticamente todo dia por aqui, principalmente à noite. Do dia 17 de janeiro até domingo (6) aqui no local o nível da represa subiu 1,76 metros”, comemorou.

Apesar da recuperação do reservatório, Marcos acredita que o racionamento de água em Sorocaba deve continuar, até que o nível do reservatório esteja ainda maior”.

A CBA informa que desde dezembro de 2021, o nível do reservatório já subiu cerca de 3 metros. “O racionamento de água adotado na região e o volume de precipitações têm sido importantes para a recuperação do reservatório. As chuvas de janeiro tiveram um volume próximo ao esperado (91% do volume médio), enquanto as precipitações de fevereiro estão acima da média esperada para o período. De qualquer forma, é importante aguardar até o final do mês de fevereiro para se ter uma real noção do comportamento das chuvas na região. A Empresa esclarece que seguirá acompanhando e colaborando com o enfrentamento e mitigação dos efeitos da estiagem na região”, ressaltou a CBA. (Ana Cláudia Martins)