Variante
Ômicron contamina 100 pessoas a cada 3 segundos no mundo
Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba reforça que é preciso manter os cuidados sanitários para prevenção
Apesar de mais transmissível, estudos têm sugerido que a variante Ômicron é, de fato, menos agressiva que as anteriores, entre outros fatores, por ter uma capacidade menor de invadir o epitélio pulmonar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Ômicron contamina 100 pessoas a cada três segundos no mundo. A nova variante do SARS-CoV-2 foi identificada na África do Sul no fim do ano passado.
A Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba reforça que é preciso que as pessoas continuem usando máscara, álcool em gel e mantendo o distanciamento social. “A conscientização da população sobre as medidas preventivas de combate à Covid-19 é fundamental”, orientou.
Médicos da linha de frente de combate ao coronavírus fizeram um balanço de dois meses da Ômicron no Brasil. Conforme os especialistas, a nova variante tem maior afinidade com as células das vias aéreas superiores, o que representa um poder de disseminação que tem sido comparado ao do sarampo, que é considerado um dos patógenos mais contagiosos já descritos.
Na semana passada, segundo pesquisadores do Imperial College London (Reino Unido), a taxa de transmissão do SARS-CoV-2 no Brasil chegou a 1,78: o maior índice desde julho de 2020. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas estão transmitindo o vírus para outras 178. O grupo britânico não calculava o índice para o Brasil desde dezembro de 2021, devido ao apagão de dados no Ministério da Saúde.
Para os médicos, o fato de o número de internações e mortes por Covid-19 não estar crescendo na mesma proporção deve-se mais à imunidade prévia da população, seja pela vacinação ou por infecções anteriores, do que às características intrínsecas do vírus.
Conforme o médico Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nos indivíduos não vacinados a doença não é tão leve, podendo causar óbitos e lesões importantes.
Esta também é a opinião de Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês. “É uma variante muito parecida com as anteriores. A questão é que no Brasil a gente tem a felicidade de ter uma população com uma boa cobertura vacinal. O único paciente que precisei entubar nesta onda, até o momento, não era imunizado. E ele desenvolveu uma pneumonia por SARS-CoV-2 com trombose de microcirculação clássica. Na grande maioria dos atendidos a doença teve um curso bom e considero a vacina a grande responsável”, disse. Já o infectologista Esper Kallás disse que nos locais em que a cobertura vacinal é mais baixa o número de hospitalizados por Covid-19 tem aumentado de forma significativa.
Na primeira onda da pandemia, em 2020, a perda de olfato e paladar era considerada um dos principais indícios de infecção pelo coronavírus. A pneumologista Elnara Negri disse que esse sintoma já não tem sido observado e, por outro lado, a dor de garganta passou a ser algo bem mais recorrente. “Febre e tosse ainda são comuns. Alguns pacientes também apresentam diarreia”, relata.
A pediatra Ana Escobar relata algo parecido entre as crianças, a maioria ainda não vacinada. O coordenador das UTIs pediátricas e neonatais do Instituto da Criança, Werther Brunow de Carvalho, afirma que o percentual de crianças que desenvolve a síndrome é menor com a Ômicron, mas pode acontecer. “E por isso não há dúvida de que devemos vacinar”, orientou. (Ana Cláudia Martins)