Polícia
Casal suspeito de torturar sobrinhos em São Roque continua foragido
Os dois meninos, de 11 e 7 anos, e a menina, de 4 anos, foram resgatados pelo Conselho Tutelar no dia 9 de dezembro
O casal suspeito de torturar três crianças em São Roque ainda não foi localizado, de acordo com informações da Polícia Civil nesta sexta-feira (28). O caso foi registrado no dia 9 de dezembro de 2021. Os dois meninos, de 11 e 7 anos, e a menina, de 4 anos, foram resgatados pelo Conselho Tutelar.
A tia, de 41 anos, e o tio, de 32 anos, já tiveram prisão temporária decretada, mas, apesar da polícia continuar com as buscas diariamente, seguindo informações de denúncias anônimas, nenhum dos dois foi localizado.
Na data dos fatos, as crianças foram encaminhadas para a casa de acolhimento do município onde receberam todos os cuidados e suporte necessários. A reportagem não conseguiu informações se as crianças foram adotadas ou continuam no abrigo.
Relembre o caso
Tiro com arma de chumbinho, castigo dentro de geladeira e unha arrancada. Essas foram algumas das agressões que três crianças de São Roque relatam ter sofrido diariamente pelos tios. A ocorrência foi registrada no dia 9 de dezembro, mas foi divulgada à imprensa no dia 16 de dezembro. As vítimas, que têm entre 4 e 11 anos, foram resgatadas por uma equipe da polícia e pelo Conselho Tutelar da cidade.
As crianças já teriam sofrido violência doméstica por parte da mãe, o que motivou a retirada da guarda. Desde então, as crianças vivem com os tios e os dois primos adolescentes. Os suspeitos estão foragidos.
Conforme o Boletim de Ocorrência, as autoridades tomaram ciência do caso quando o irmão mais velho, de 11 anos, fugiu de madrugada para buscar comida. O menino encontrou um vigia da escola do seu bairro e contou que estava com fome e que se voltasse para casa, seu tio o mataria. A criança fugiu em seguida.
Após apurar o endereço da família, o Conselho Tutelar se deslocou até a casa e foi recebido pela tia das crianças, de 41 anos.
O depoimento da conselheira relata que a menina mais nova, de 4 anos, estava assustada e sempre olhando para o chão. Já o outro irmão, de 7 anos, e que possuí deficiência intelectual, apresentava uma lesão no rosto. Questionada sobre o ferimento, a tia alegou que "por ser especial" o menino caía e se machucava muito.
Ao verificar a reação do irmão mais velho, a conselheira o chamou para conversar fora da casa. Neste momento, o menino contou que o machucado se deu após o tio, de 32 anos, agredir o irmão com a fivela do cinto. A criança ainda implorou para que os retirassem da residência porque eram agredidos diariamente pelos tios e pelos primos adolescentes.
Os conselheiros retiraram, então, as crianças da casa e encaminharam para a sede do Conselho Tutelar, onde estas denunciaram mais agressões.
Aprisionados sem comida, água ou acesso ao banheiro
Os três contaram que, quando os tios e primos saíam, trancavam as duas crianças mais novas no quarto, sem comida, água ou acesso ao banheiro. O irmão mais velho também ficava nas mesmas condições, porém aprisionado na sala da residência.
Eles disseram ainda que, quando os parentes retornavam, caso tivessem urinado no local ou na roupa, eram agredidos com tapas, chutes no rosto, pedaço de pau, ferro e a fivela do cinto.
As crianças afirmaram que sofriam as agressões desde que se mudaram para a casa dos tios e que eram ameaçados de morte se gritassem, chorassem ou pedissem ajuda. Eles estariam trancados em casa, sem nunca sair, há um ano e meio.
Unha retirada
O menino de 11 anos informou que, em uma ocasião, o tio pisou propositalmente em seu dedo da mão, retirando a unha de lugar. Entretanto, o suspeito não teria permitido que a criança fosse levada ao hospital, utilizando um pregador de roupa para fixar o dedo.
Presa em geladeira
Já a irmã era, rotineiramente, trancada dentro da geladeira, onde passava muito tempo, de acordo com o B.O. Ela ainda seria agredida todos os dias. A menina, junto ao irmão de 7 anos, ainda passariam boa parte do tempo ajoelhados como forma de castigo.
Também como punição, o menino mais velho dormia no chão, com apenas uma coberta. Ele era obrigado a trabalhar fazendo sapatilhas e, quando demorava para concluir o serviço, apanhava e ficava, junto aos irmãos, mais de dois dias sem alimentação.
Tiro de chumbinho
Conforme os relatos das crianças para o Conselho Tutelar, o irmão mais velho já teria levado um tiro de uma arma de chumbinho do tio, perfurando a perna. Este, ainda teria proibido novamente de levar o menino ao hospital. A criança diz ter visto o suspeito com uma arma de verdade, tendo feito um disparo no quintal da casa.
A avó materna e a tia saberiam das agressões. Isso porque, em outra oportunidade, os irmãos teriam pedido socorro, que lhe foi negado. Elas teriam dito que não poderiam fazer nada e que não iriam se envolver no problema.
A conselheira ainda afirmou à polícia que os ferimentos dos três foram analisados pelo Instituto Médico Legal (IML) e que todos estavam subnutridos e desidratados. Além disso, as lesões são compatíveis com as agressões denunciadas.
De acordo com a Prefeitura de São Roque, o Conselho Tutelar informou que acompanha o caso e que já vem tomando todas as medidas cabíveis. Disse, também, que as crianças foram encaminhadas para a casa de acolhimento do município onde recebem todos os cuidados e suporte necessários.
Os três foram levados a um abrigo no município e passaram por atendimento médico. O caso é investigado pela Polícia Civil de São Roque.