O Ministério Público abriu inquérito civil para investigar a situação sanitária e de infraestrutura do bairro Ipanema do Meio, na zona oeste de Sorocaba, às margens da rodovia Raposo Tavares. O procedimento, que é um desdobramento de uma denúncia do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), quando vereador, foi aberto em 18 de dezembro de 2021.

O procedimento afirma que o loteamento jardim Ipanema do Meio vem sofrendo problemas relativos à pavimentação asfáltica -- defeitos que surgiram após prazo de responsabilidade do loteador e que geram risco aos transeuntes -- e no saneamento básico, com deficiência em alguns setores do bairro, ameaçando e/ou lesando, em tese, direitos difusos previstos da Constituição.

Conforme informado no início do texto, o procedimento é um desdobramento de uma denúncia feita ao MP pelo então vereador Rodrigo Manga, em 2020. O MP abriu, então, após a denúncia, um Procedimento Preparatório de Inquérito Civil.

Recentemente, esse procedimento foi convertido em um inquérito civil, com maior peso de investigação. O promotor Jorge Alberto Marum, responsável pelo caso no MP, faz essa menção na abertura do procedimento. “...notadamente agora que o autor da representação se tornou Prefeito Municipal (...)”. O MP aguarda o posicionamento da Prefeitura de Sorocaba sobre os questionamentos em torno do caso.

O Cruzeiro do Sul foi ao bairro na quarta-feira (19), à tarde. O sentimentos dos moradores é um misto de revolta, abandono e desilusão. Pedro de Camargo, de 72 anos, nasceu no bairro e desde então é testemunha dos problemas que afligem o local. Ele paga cerca de R$ 400 de IPTU, mas isso, aparentemente, é em vão e não suficiente para que os problemas da rua dele, a Andre Rodrigues Cara, sejam resolvidos.

O aposentado conta, indignado, que teve que se juntar a um grupo de moradores para que fosse improvisado um tipo de escoamento do esgoto para que os detritos não ficassem na rua, a céu aberto. “Por causa disso, fiscais vêm aqui para multar a gente. Querem multar em R$ 5 mil. O Saae joga para a Prefeitura e a Prefeitura joga para o Saae. No fim das contas, ninguém resolve”, reclamou.

Ilza Aparecida da Silva, de 57 anos disse que já perdeu a esperança. “Nem procuro mais a Prefeitura”, disse. Sua casa não tem rede de esgoto. Há um poste em frente da residência, mas sem iluminação.

Questionada, a Prefeitura disse “que a gestão passada, infelizmente, não fez a obra necessária. A atual administração, agora, por meio de ação mitigadora e de recursos próprios, planeja iniciar as obras no próximo dia 31 de janeiro. Já foi realizada, inclusive, uma reunião com moradores da localidade, junto ao vereador Dylan Dantas, em outubro de 2021, e o Poder Público se comprometeu com a população em solucionar a questão”. (Marcel Scinocca)