Ronald Pereira da Silva, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) até a sexta-feira (14), afirmou que sua saída da autarquia tem motivos administrativos e não técnicos. As declarações foram dadas ontem (17), em entrevista à rádio Cruzeiro FM 92,3 , durante o Jornal da Cruzeiro. A fala rebate nota da Prefeitura de Sorocaba, dada no dia da exoneração. O ex-diretor também negou que sua saída tem relação com o racionamento de água na cidade e com os processos em que ele é investigado na Justiça, o caso conhecido como “marido de aluguel”.

“A gente chegou a uma conclusão que as diretrizes não seriam aquelas que a gente imaginava. Como ele disse, uma mudança técnica que ele gostaria de fazer. Na minha visão, um pouco mais administrativa, mas a gente respeita isso”, afirmou. O termo foi repetido mais de uma vez durante a entrevista. Em nota, a Prefeitura de Sorocaba afirmou que a troca foi “técnica para dar mais celeridade aos serviços de atendimento à população”.

“As formas que a gente não chegou em um comum acordo, de como fazer essa gestão no Saae, principalmente para o futuro. Aí que veio essa decisão, que veio mais dele, com certeza. A gente teve uma conversa serena, sóbria”, comenta sobre a reunião com o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). Conforme o ex-diretor, a reunião de sexta-feira foi agendada um dia antes. Ronald também afirmou que faria uma espécie de transição de cargo com o novo diretor.

Ele ressaltou em vários momentos que a saída foi tranquila. “Gostaria de deixar bem claro que essa minha saída do Saae foi feita de forma tranquila e serena, com harmonia e com consenso com o prefeito Rodrigo Manga. Nós tivemos uma reunião na última sexta-feira, na qual o prefeito expôs algumas argumentações. Eu também consegui expor as minhas opiniões. A gente, de forma tranquila e consensual, chegou a um caminho que a minha saída seria a melhor solução para a cidade e para o Saae”.

Ronald ainda falou sobre uma reunião na data e confirmou que não pediu para sair. “As nossas visões sobre alguns dos aspectos e algumas definições para o futuro estavam sendo divergentes. Até então, existia uma possibilidade de consenso e de aparação de arestas, coisa que não aconteceu nessa conversa e a melhor decisão tomada, na nossa opinião, foi essa mesma. Eu não pedi para sair. Muito pelo contrário, gosto muito do Saae, tenho muito amigos na autarquia, muitas pessoas importantes na minha vida.”

Marido de aluguel e racionamento

Ronald Pereira negou que a ação do caso conhecido como “marido do aluguel”, que tramita na Justiça, que cita denúncia de uso de funcionário do Saae para fins particulares, que teriam sido praticados pela ex-prefeita Jaqueline Coutinho (MDB), em 2017, quando ele era diretor do Saae, tenha a ver com a exoneração.

“Nada com o processo. A gente responde esse processo com tranquilidade. É um processo um tanto político. A gente percebe isso”, comenta. Ele negou ainda que a saída tenha relação com racionamento de água, que começou na segunda-feira (17). “Não foi esse motivo da minha saída, realmente”, garante.

Ele ainda citou obras durante sua gestão, como a Estação de Tratamento de Água (ETA), do Vitória Régia. O ex-diretor ainda negou aceitar cargo abaixo de diretor do Saae. Sobre a autarquia, ele disse que não aceitaria novo convite, dizendo que já deu a sua cota de contribuição.

Ronald também falou sobre o futuro e deixou seu agradecimento. “A gente segue a vida, com muita tranquilidade. Só tenho gratidão ao prefeito Rodrigo Manga, torço muito por ele, por Sorocaba. Tentei fazer o melhor de mim e acho que consegui fazer muitas coisas. A vida segue e a gente tem certeza que vão surgir outras oportunidades”.

Ronald Pereira tem experiência na iniciativa privada, tendo atuado em três empresas petrolíferas. Ele ainda foi diretor de obras do Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee). Durante parte da primeira gestão do Saae, no governo de José Crespo (Democratas), acumulou o cargo de secretário de Recurso Hídricos da Prefeitura de Sorocaba. (Marcel Scinocca)