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Pacientes de hemodiálise pedem mais enfermeiros

Transporte de pacientes também é uma queixa de quem precisa ir mais de uma vez ao hospital ao longo da semana

15 de Janeiro de 2022 às 02:06
Setor de hemodiálise fica no Hospital Leonor Mendes de Barros
Setor de hemodiálise fica no Hospital Leonor Mendes de Barros (Crédito: VINÍCIUS CAMARGO / ARQUIVO (15/5/2020))

O setor de hemodiálise do Hospital Leonor Mendes de Barros, em Sorocaba, enfrenta atrasos no atendimento. A afirmação é de pacientes que realizam o tratamento na unidade de saúde. Segundo eles, há demora excessiva. Um problema é a falta do ácido cítrico para desinfeção dos equipamentos, de acordo com a administração do Centro Hospitalar de Sorocaba (CHS). Outro tipo de ácido, o paracético, vem sendo usado, mas é necessário mais tempo para a limpeza das máquinas.

O radialista Martins da Silva, de 53 anos, faz hemodiálise no Leonor há dois anos. No hospital, o tratamento é oferecido em três turnos. Conforme Silva, por turno, são atendidas, em média, 30 pessoas, divididas em oito salas. Ele ainda detalha que a quantidade de pacientes em cada uma delas varia de três a oito.

De acordo com o radialista, o total de enfermeiros por sala, independentemente do número de atendidos, é padronizado. Desta forma, às vezes, a quantia é insuficiente para suprir a demanda. “São dois enfermeiros, para oito pacientes. Os poucos enfermeiros que estão lá são bem capacitados e atenciosos, mas o quadro de profissionais é muito precário. Está muito difícil”, observa.

Segundo Silva, a falta de funcionários atrasa os atendimentos nas trocas de turno. Também se leva mais tempo para concluir a limpeza de todos os aparelhos. “Às vezes, entramos às 17h, e elas (máquinas) vão ser ligadas 17h30, 18h45”, diz. Conforme o paciente, o déficit se dá devido à transferência de profissionais do hospital para a clínica Lund.

A unidade, anexa ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), começou a atender pacientes do hospital em 2021. Além disso, outros trabalhadores do setor teriam pedido demissão. “Teve a saída dos profissionais, mas não teve reposição”, afirma o radialista.

Em tratamento há dois anos, a aposentada Maria de Fátima Aparecida Silva de Gioacomo, 61 anos, confirma o cenário. De acordo com ela, o principal motivo é o número de enfermeiros afastados em razão de doenças. Maria ainda comenta que, por conta da redução no quadro, quem permanece no setor está sobrecarregado.

“A gente percebe que é meio corrido para eles (enfermeiros). Eu percebo que, às vezes, eles estão desgastados, cansados, estressados. Tem enfermeiro que precisa tirar folga, mas não consegue”, relata.
Sobre o quadro de funcionários, Sérgio Quintaes, superintendente da OSS Seconci -- gestora do CHS -- argumenta que é cumprida a legislação relativa à equipe.

“Atualmente, contamos com uma escala de 25 técnicos de enfermagem e seis enfermeiros, atendendo à legislação vigente”, especifica o médico nefrologista. Conforme Quintaes, quando preciso, é feito processo de contratação para reposição das vagas. Em casos de afastamento, ele também garante serem feitas as substituições.

“Nenhum paciente da hemodiálise está deixando de ser atendido. A missão do CHS é salvar vidas e, assim, estamos comprometidos com nosso melhor em pessoal e tecnologia”, diz Maristela Honda, presidente do Seconci-SP.
A Secretaria de Estado da Saúde, por sua vez, diz haver funcionários suficientes para atender à demanda. Em nota, a pasta informa serem atendidos 200 pacientes por mês na unidade de saúde. Além disso, há possibilidade de transferência de pacientes.

“Para maior conforto e segurança dos pacientes que atualmente realizam hemodiálise no CHS, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Sorocaba trabalha na readequação dos fluxos e redirecionamento destes usuários a serviços de referências mais próximos de suas residências”, afirma a secretaria.

Segundo o governo, as mudanças ocorrerão de forma gradual e serão pactuadas com os municípios da região e serviços participantes. Em relação ao produto para limpeza dos equipamentos de hemodiálise, a administração do CHS informa que o ácido cítrico voltará a ser usado assim que for normalizado o fornecimento.


Transporte também provoca reclamação

Os dois pacientes, Martins da Silva e Maria de Fátima, utilizam o transporte fornecido pela Prefeitura para pacientes de hemodiálise. O serviço contempla outras três unidades de saúde da cidade. Em todas elas, o horário do tratamento no último turno é padronizado das 16h às 20h.

Assim, como continuam a chegar no horário regular, os atendidos no Hospital Leonor Mendes de Barros precisam aguardar longos períodos. “Espero 1h30, quase 2h para entrar”, diz Maria. “A van nos pega às 14h (em casa) e ficamos das 15h às 17h, duas horas esperando, para sermos dialisados, além das duas horas andando com a van, entregando os pacientes em outros hospitais”, corrobora Martins.

Já no retorno, de acordo com Maria, os afetados são os pacientes das outras unidades. Eles são pegos pela van logo após sair. Porém, têm de aguardar cerca de 30 minutos, em frente ao Leonor, os atendidos nesse hospitais acabarem os tratamentos.“É isso o que mais está nos prejudicando lá, mais do que a falta de enfermeiros”, pontua ela.

Em nota, a Prefeitura afirma que a situação foi gerada devido à mudança de horário no Leonor. “Para que nenhum paciente fosse prejudicado com essa alteração, um novo ajuste nas linhas de hemodiálise foi programada para evitar qualquer tipo de atraso na sessão de hemodiálise”, justifica o Executivo.

A administração municipal ainda prometeu entrar em contato com o hospital, para verificar a possibilidade de volta ao horário anterior. “Em paralelo, a Prefeitura de Sorocaba está trabalhando em uma nova contratação municipal, para ampliar o transporte de pacientes na cidade”, adianta. (Vinicius Camargo)